Um oxímetro no Apple Watch poderia ajudar a detectar infectados de COVID-19
Sensor já existe no hardware desde a primeira versão do relógio
Um oxímetro no Apple Watch não é algo tão difícil de implementar e neste artigo você vai entender por que.
No início de março, antes da OMS decretar estado de pandemia no mundo, nós comentamos aqui sobre alguns códigos internos de um suposto beta do iOS 14 que indicavam que a maçã estava planejando implementar a função de oximetria no Apple Watch.
Esta função é capaz de fazer a leitura da taxa de oxigênio no sangue. E isso é justamente um dos sintomas mais evidentes em casos de complicações de saúde causadas pelo novo coronavírus.
Como dissemos no artigo anterior, a oximetria de pulso é a maneira de medir quanto oxigênio seu sangue está transportando. Com esta função no relógio, poderíamos nós mesmos averiguar a nossa situação, além de receber alertas quando a taxa cai a níveis anormais.
O ideal é que nossa taxa de oxigênio no sangue não seja inferior a 90-95%. Caso contrário, algum problema está acontecendo.
Médicos de todo o país relatam que há muitos casos de pacientes suspeitos de infecção por coronavírus que chegam ao hospital com essa taxa entre 50% e 60%. Quando chega a este ponto, o caso já é bastante grave.
O vírus, em pessoas sintomáticas, pode atacar principalmente os pulmões, provocando uma pneumonia aguda. Então, controlar a taxa de oxigênio no sangue é uma das maneiras de perceber antecipadamente a ação do vírus, criando mais chances de salvar vidas.
E isso poderia ser feito facilmente com um oxímetro no Apple Watch.
Hardware já é compatível
Talvez alguns pensem que para implementar um oxímetro precisaria de um novo modelo de Watch, com hardware específico para este tipo de leitura.
Mas, para a surpresa de muitos, estes sensores já existem instalados desde a primeira geração do Apple Watch.
Leitores antigos do BDI talvez se lembrem quando comentamos isso aqui ainda em 2015, com o iFixIt desmontando a primeira geração de um Watch Sport. Naquele artigo, tínhamos destacado que já era possível a leitura de oxigênio, porém a Apple não havia habilitado.
“Ao analisar o monitor de freqüência cardíaca do Watch, conclui-se que é na verdade um pletismógrafo, que parece agir como um oxímetro de pulso, capaz de medir o seu nível de oxigênio no sangue. Mas a Apple não comentou nada disso, provavelmente por questões de regulamentação com a FDA, pois se ela vendesse o relógio como um medidor de saúde, teria que esperar mais pela aprovação da agência.”
Ou seja, a função sempre esteve ali, mas nunca foi habilitada pela empresa.
Na época, questionamos se isso não era ocasionado pela necessidade de aprovação por agencias reguladoras de saúde, como a ANVISA no Brasil. E aparentemente foi o que aconteceu.
De fato, a Apple optou por jogar suas fichas em uma outra função mais interessante: o ECG, que até hoje está presa em órgãos de alguns países que ainda não deram aprovação.
Este é um problema que o Blog do iPhone chamou a atenção antes mesmo do Watch ser anunciado. Em 2014, alertamos aqui que qualquer função de saúde que o novo relógio tivesse, poderia levar cerca de dois anos para ser aprovado em nosso país. E é exatamente o que está acontecendo com a atual função ECG, ainda não liberada pela ANVISA.
Incluir um oxímetro no Apple Watch exigiria novas aprovações dos órgãos reguladores de cada país. E a novela começaria toda outra vez.
Porém, o surgimento do COVID-19 talvez faça a Apple colocar em prática essa intenção de ativar a leitura das taxas de oxigênio diretamente pelo pulso. Isso porque transformaria o Apple Watch em uma grande ferramenta de identificação de condições de saúde relativas ao coronavírus, que é a grande preocupação atual.
Mas, como acontece com o ECG, não seria algo que nós, brasileiros, teríamos tão cedo funcionando no Brasil. A não ser por eventuais gambiarras que consigam contornar as limitações burocráticas.
Infelizmente, isso parece ser algo planejado apenas para o próximo iOS 14, que não deve ser lançado antes de setembro. Até lá, é bem provável (e torcemos muito) que a pandemia já tenha sido controlada em grande parte do mundo e a função seja menos vital do que é hoje.
Mesmo assim, será uma função bastante útil para termos ainda mais controle sobre nossa própria saúde.
Resta saber se será liberado para todos os modelos existentes de Watch ou somente algo exclusivo de uma nova geração, o que seria bastante questionável até mesmo por nós.