Como já comentamos aqui, a Realidade Aumentada (A.R. na abreviação em inglês) não é uma novidade de hoje.
Desde o lançamento do iPhone 3GS (o primeiro com giroscópio e bússola interna) que se fala disso, mas a coisa esfriou desde então e não tivemos muitos progressos entre os desenvolvedores.
Os concorrentes nos últimos tempos estão investindo bastante em Realidade Virtual.
A Microsoft estuda o Hololens, que impressionou a muitos. A Oculus Rift (comprada pelo Facebook) e Samsung também investem bastante nisso, com o uso de óculos especiais. Mas se a Apple só está entrando agora nisso, como pode já sair na frente?
A diferença é que, através do iOS, esta tecnologia é capaz de chegar muito mais rapidamente nas mãos das pessoas do que qualquer outra empresa está conseguindo.
Realidade Virtual para o resto de nós
Cansada de esperar pelos desenvolvedores, a Apple resolveu mostrar ela mesma como se faz.
Em junho de 2017, na WWDC, ela apresentou ao mundo o ARKit, um conjunto de ferramentas que facilita a criação de aplicativos que usem a Realidade Virtual e Aumentada, direto no iPhone e iPad.
E já pudemos ver alguns exemplos das possibilidades.
Isso faz com que cada iPhone e iPad compatível possa oferecer para os usuários uma experiência tangível de AR e VR. E isso já vai acontecer nas próximas semanas, assim que o iOS 11 for liberado.
Aí está a grande diferença. Enquanto outras empresas estudam formas de oferecer a Realidade Virtual apenas através de equipamentos externos (óculos, computadores), a Apple está levando tudo isso já para os nossos iPhones.
O assunto até virou motivo de piada na internet:
O Hololens, por exemplo, tem um potencial incrível, mas a Microsoft decidiu não desenvolvê-lo para dispositivos móveis, porque “não atrairia a atenção de usuários de Android e iOS”.
O hardware necessário para o Hololens não é tão acessível, o que a transforma em uma tecnologia voltada para um nicho. E foi justamente este buraco que a Apple quis preencher.
O Google é um que poderia ter dado um passo antes da Apple nesta direção e teve oportunidade há um ano, mas tropeçou no mesmo problema de sempre: a tecnologia precisa de sensores específicos, coisa que não depende deles e sim de cada fabricante do fragmentado mundo Android.
Não tem como desenvolver uma boa tecnologia de realidade virtual se cada fabricante adota um sensor diferente (ou em muitos casos nem adota).
A grande vantagem da Apple, segundo o especialista Matt Miesnieks, é o fato dela dominar completamente o hardware e conseguir assim calibrar a tecnologia AR exatamente como precisa.
Se por ventura precisar de algo mais avançado, basta ela decidir incluir no próximo iPhone e pronto, os usuários já têm acesso. Este tipo de coisa é quase impossível no Google, pois ele não domina o hardware.
Além disso, não é preciso comprar equipamento ou óculos para usar a tecnologia, tudo pode ser feito com o seu iPhone ou iPad.
Um exemplo prático de utilidade real foi dado por um desenvolvedor, que brincando com o ARKit criou um app capaz de localizar uma pessoa no meio de uma multidão. Confira:
Provavelmente haters irão esbravejar, dizendo que a Apple não inventou a realidade aumentada (e virtual) e que isso já se faz há anos.
E realmente, ela não inventou mesmo. Mas o fato é que, hoje, fins de agosto de 2017, nenhum, repito, nenhum smartphone oferece algo parecido ao vídeo acima aos seus usuários.
Nem Samsung, nem Google, nem LG, nem Xiaomi, ninguém. E daqui algumas semanas, milhares de usuários de iPhone poderão ter acesso a isso, com uma enxurrada de aplicativos que chegará à loja, usando o ARKit.
É por isso que a Apple, mesmo chegando “atrasada”, irá impressionar muito mais que outras empresas que estão há anos estudando isso.
Assim como nos bons tempos de Steve Jobs, ela está mostrando para todos como se faz da forma certa.