Quem comprou, comprou. Quem não comprou, não compra mais.
A Apple as vezes reprova aplicativos por razões aparentemente absurdas, mas quando é o desenvolvedor que desrespeita propositalmente as regras impostas por ela, aí não há nada a dizer.
O aplicativo C64, festejado como o primeiro emulador a conseguir entrar na App Store (tecnicamente o jogo Sonic também roda sob um emulador, mas ele não é apresentado como tal), acaba de ser expulso da loja virtual por incluir um Easter Egg (função escondida no sistema) que habilitava, de forma muito fácil, o insterpretador BASIC no programa. Isso caracteriza uma clara violação aos termos de licença do SDK (kit de desenvolvimento oficial), que proíbe emuladores que permitam rodar código arbitrário no iPhone OS.
O BASIC vinha declaradamente desativado no aplicativo, mas para ativá-lo bastava configurar nas preferências a função “Always show full keyboard” (mostrar sempre o teclado inteiro), começar um jogo, selecionar a aba EXTRA e clicar no botão RESET. A partir daí você tinha acesso ao interpretador completo do BASIC, podendo escrever você mesmo seus códigos. Nada de hacking, nada de jailbreak; tudo isso era disponível no aplicativo oficial.
Claro que a Apple não gosta muito que tirem ela para boba, e hoje mesmo o aplicativo foi retirado da loja virtual, sem nenhuma previsão para voltar.
Manomio, o desenvolvedor do aplicativo, declarou:
Nós concordamos com a Apple em remover o BASIC do aplicativo, mas acreditávamos que seria possível convencê-la mais tarde a mudar de idéia. Por isso, incluímos a função no emulador para ser ativada remotamente mais tarde, assim que tivéssemos a aprovação da Apple.
A Apple tem os motivos dela para não permitir que se rode códigos independentes no iPhone (ligados certamente à segurança do aparelho). Uma coisa é ser contra essas limitações, outra bem diferente é tentar enganar a equipe de aprovação com uma função escondida. Ao fazer isso, o desenvolvedor perdeu toda a razão e agora terá que amargar todo o processo de negociação novamente, depois de meses de trabalho para desenvolver o aplicativo.
Neste caso específico, foi o desenvolvedor que pisou na bola e colocou tudo a perder.