[opinião] E se o suposto “iPhone de plástico” fosse destinado apenas para a China?
Confesso que a primeira vez que ouvi falar no rumor do “iPhone de baixo custo“, alguns anos atrás, não encontrei muita lógica nele. Afinal, a Apple já vende há tempos os modelos antigos por um preço menor, sem abrir mão de sua qualidade, e não teria lógica abandonar uma fórmula que vende bem para diminuir suas margens de lucro em algo inferior. Aí, quando começaram a surgir os rumores de um aparelho feito de plástico, a história fez ainda menos sentido. A Apple precisaria diminuir sua qualidade para vender mais, se a cada trimestre ela bate recordes de vendas?
Mas aí, inspirado em um comentário feito por um de nossos leitores, caiu a ficha: este modelo talvez seja destinado exclusivamente para a China, um dos maiores mercados mundiais.
iPhone popular
Antes de tudo, é importante deixar claro a visão deste blog sobre um iPhone popular.
No Brasil, infelizmente, é comum vermos muitas pessoas darem grande valor ao status, mais do que à funcionalidade do aparelho. Para muitos, é mais importante ter um iPhone porque ele chama mais atenção, não porque ele tem o melhor sistema operacional do mercado ou uma grande opção de aplicativos que ajudam no dia-a-dia. Para estes, vale mais a impressão que causará ao colocar o aparelho sobre a mesa do bar do que a utilidade que ele proporciona.
Bem, o Blog do iPhone não é feito para este tipo de usuário, pois acreditamos que o ideal seria que todos tivessem acesso ao iPhone, por considerarmos que ele ainda é o melhor smartphone do mercado, em relação ao sistema operacional intuitivo e com mais recursos para usuários comuns. Quem tem oportunidade de viajar para outros países sabe o quão “banal” o iPhone se tornou, e o número de aparelhos que se vê na rua ou no metrô é enorme. Lá fora, o iPhone é usado pelo que ele oferece e não pelo status que ele proporciona.
No Brasil, isto não acontece por causa do preço absurdo. Aqui, as operadoras não dão reais subsídios como dão para outras marcas, o que faz com que apenas os que reservam uma boa quantidade de dinheiro (ou parcele em diversas vezes) consigam adquirir o aparelho. É uma triste realidade, infelizmente.
Nossa opinião é que seria maravilhoso se houvesse um iPhone por R$1.000 (que não fosse modelo ultrapassado) para que o aparelho ficasse acessível a um número muito maior de pessoas. Quanto mais gente usar o sistema, mais a comunidade cresce, com mais investimentos e aplicativos nacionais. Todos só teríamos a ganhar com um iPhone econômico.
iPhone de plástico
Voltando aos atuais boatos de iPhone econômico, as notícias que iam aparecendo continuavam não fazendo sentido para mim. Um modelo de baixo custo, no meu entender, significaria um aparelho que tivesse menos funções, para baratear a produção, como fizeram com o iPod touch de 16GB. Um iPhone sem câmera, com processador antigo, de plástico, poderia torná-lo mais acessível para quem não quer gastar tanto em um smartphone. Seria uma perda de funções e qualidade, mas teria certo sentido.
Mas os rumores atuais não vão para esta direção. As traseiras de plástico que estão sendo divulgadas mostram claramente uma tela de 4 polegadas, com câmera, microfone traseiro e flash, coisas que encarecem ainda mais o aparelho. A economia então seria no que? Como fazer para que um modelo destes não canibalizasse as vendas do modelo “top” de linha? Eu mesmo, se tiver a oportunidade, comprarei para mim o mais barato, desde que rode o iOS normalmente.
A resposta é a China.
Apple ♥ China
O presidente da Apple, Tim Cook, enfatizou diversas vezes, sem meias palavras, que a China é o futuro. Tim sempre gostou do país asiático e no momento que este artigo está sendo escrito, ele está lá fazendo uma visita oficial, fechando acordos com operadoras. Coincidência?
O tal iPhone de plástico, ou como sugerem algumas imagens, o iPhone 5C (C de China?), pode ser proposto exclusivamente para os chineses, o maior mercado mobile do mundo. Lá, sem os impostos abusivos do Brasil, a ganância das empresas e nem a mentalidade elitista do brasileiro, o aparelho poderia chegar por um preço ultra competitivo e realmente se tornar muito popular. E ser popular na China significa vender mais que países da Europa e até Estados Unidos.
Imagem criada em computador
Mas por que somente na China?
Justamente para não canibalizar as vendas do iPhone “normal” em outros mercados. Nos Estados Unidos o iPhone já vende muito bem e não teria razão para diminuir as margens de lucro oferecendo um aparelho de plástico mais barato. O objetivo é o consumidor chinês, que não se importa em comprar algo mais simples, desde que custe menos. E ao mesmo tempo expandiria o ecossistema da Apple no país, pois quem se torna consumidor do iPhone acaba com o tempo comprando iPads, iPods e Macs. Como estratégia comercial, seria algo bem astuto.
E por que não no Brasil?
Quando alguns sites internacionais começaram a citar que o modelo de plástico poderia ser destinado à países emergentes e incluíam o Brasil na lista, eu duvidei. Não que nosso país não seja próspero e emergente (e é), mas porque a ideia de um iPhone barato por aqui ainda me parece utópica demais. Seria fantástico, mas é difícil de acreditar.
E a própria postura da Apple não parece apontar para este sentido. A futura Apple Store do Rio de Janeiro será aberta em um shopping de luxo, com gerentes que já tenham experiência com este público. Os preços abusivos que se praticam em nosso país foi até matéria para alguns sites internacionais comentarem lá fora, mostrando como é muito mais difícil para nós, brasileiros, adquirirmos bons produtos do que para os estrangeiros. Ou seja, um iPhone de plástico, ao chegar em nosso país, dificilmente seria vendido por um preço baixo. Nem em sonho.
Conclusão
Um iPhone de plástico, mais barato, para ser vendido junto com o iPhone normal, nunca fez sentido para mim, pois a Apple ainda não está desesperada para baixar a qualidade dos produtos em busca de aumento nas vendas. Mas se ele for destinado apenas para o público chinês enquanto o resto do mundo continua com o mesmo aparelho padrão, faz muito mais sentido. E explicaria também a insistência de Tim Cook em negar que a Apple esteja pensando em propor um modelo mais econômico para todos.
Portanto, você que é brasileiro e sonha na chegada do iPhone econômico para poder ter o modelo de última geração… Eu não alimentaria tantas esperanças.
A resposta definitiva para todos estes questionamentos, saberemos em setembro.