Finanças

Por que o Pix por aproximação ainda não funciona no iPhone?

Desde que o Banco Central anunciou o Pix por aproximação, muita gente com Android já está pagando com um simples encostar do celular na maquininha, como acontece com cartões e carteiras digitais. Mas, se você tem um iPhone, provavelmente já percebeu que a novidade não funciona para você.

E a pergunta que fica é: por quê?

A resposta passa por três pontos principais: limitações técnicas do iOS, a política de taxas da Apple e regras do próprio Banco Central.

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O NFC do iPhone é controlado

O principal motivo é técnico: a Apple não permite que outros apps usem o chip NFC do iPhone para fazer pagamentos sem passar por uma API específica.

Isso significa que, mesmo que um banco ou carteira digital queira oferecer o Pix por aproximação, não consegue acessar a antena NFC do aparelho sem ter um acordo comercial com a Apple.

Já no Android, o sistema é mais aberto, e apps como o Google Pay conseguem funcionar normalmente com o Pix por aproximação.

Isso explica por que a novidade já está disponível nele e não no iOS.

Pix aproximacao iPhone

A Apple cobra taxa de quem quer usar o NFC

Em 2024, a Apple anunciou a liberação do uso do NFC para outros apps no Brasil.

Porém, essa liberação veio com uma condição: quem quiser usar o recurso tem que pagar uma taxa por transação, algo entre 0,12% e 0,17%.

Aí complica. O Pix foi criado para ser gratuito — tanto para o usuário quanto para os bancos.

Se tiver que pagar uma taxa à Apple para cada pagamento por aproximação, a conta não fecha para ninguém. Nem os bancos querem arcar com esse custo, nem o Banco Central permite que ele seja repassado ao usuário.

O Apple Pay não é registrado no Banco Central

E tem mais uma coisa: para uma carteira digital funcionar com o Pix por aproximação, ela precisa ser registrada como ITP (Iniciador de Transações de Pagamento) no Banco Central.

O Google Pay já tem esse registro. O Apple Pay, não.

Ou seja, mesmo que a Apple liberasse o NFC e abrisse mão da taxa, ainda seria preciso cumprir essa exigência do regulador brasileiro.

Cade está de olho

Essa situação toda já chamou a atenção do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que abriu uma investigação esta ano para entender se a Apple está atrapalhando a concorrência ao limitar o uso do NFC só ao Apple Pay.

transação de dois iPhones com o Apple Pay
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A Febraban (federação dos bancos) e a Zetta (associação de fintechs) também reclamaram. Eles querem que a Apple permita que outros apps possam usar o mesmo recurso, sem custo extra.

Na Europa, a pressão funcionou: por lá, a Apple já começou a abrir o NFC para concorrentes, depois de exigências da União Europeia.

E é possível que algo parecido aconteça no Brasil, dependendo dos próximos passos do Cade e do Banco Central.

E agora?

Se você usa iPhone, por enquanto vai ter que continuar fazendo Pix pelo QR Code ou pelo Copia e Cola. Funciona? Funciona. Mas convenhamos: pagar por aproximação é muito mais prático.

Muitos que defendem a Apple com mais afinco gostam de usar como argumento: “Quer usar um recurso que não tem no iPhone? Então compra um Android“. A questão aqui é que ninguém vai trocar de celular somente para fazer um Pix.

Porém, é inegável que hoje ele se tornou uma das formas de pagamento mais populares do país, trazendo praticidade e facilidade para todos. E o fato do smartphone que usamos não ser compatível é uma limitação que deixa bastante desconfortável os usuários de iPhone.

Afinal, é justamente por nos oferecer tanta eficiência é que escolhemos o celular da Apple, e saber que ele não oferece uma funcionalidade básica e útil só por questões de interesses econômicos é frustrante e decepcionante para qualquer um.

Este talvez seja o exemplo mais claro até agora de como certas limitações do iPhone ainda pesam no dia a dia — especialmente quando a concorrência não perde a chance de destacar isso.

Agora, fica a expectativa: será que algum dia a Apple vai liberar o uso do Pix sem cobrar comissão, ou só vai abrir o acesso ao NFC se for pressionada por órgãos reguladores?

Apple Pay
Leia também: ➜ Apple oficializa abertura do NFC do iPhone para apps de terceiros no Brasil e EUA

📌 Perguntas Frequentes (FAQ)

Como ativar o Pix por aproximação no iPhone?

Atualmente, não é possível usar o Pix por aproximação no iPhone. A tecnologia usada nesse tipo de pagamento (NFC com acesso direto ao sistema) não está aberta no iOS para apps de terceiros sem a intermediação da Apple. Portanto, mesmo que seu banco ofereça Pix por aproximação no Android, isso ainda não está disponível no iPhone.


Por que iPhones ainda não têm Pix por aproximação?

A Apple cobra uma taxa para que aplicativos usem o chip NFC dos iPhones. E o Banco Central determina que o Pix deve ser sempre gratuito para pessoas físicas, o que impede que seja cobrada essa taxa. Então a Apple não libera a função.


Quando o Pix por aproximação será compatível com o iPhone?

Ainda não há previsão oficial. A funcionalidade depende da abertura do NFC pela Apple, o que pode acontecer no futuro por questões legais ou regulatórias — principalmente na Europa, onde o tema está sendo investigado. Até lá, o jeito mais prático de usar o Pix no iPhone continua sendo via QR Code ou chave Pix.

3 Comentários

  1. Acredito que isso não vai resolver o problema para a Febraban, Zetta e o Banco Central. Em primeiro lugar, convenhamos: quem compra iPhone — um smartphone premium — geralmente tem dinheiro de sobra. Então, pagar uma taxa extra por transações por aproximação não é uma preocupação real para 99% dos usuários de iPhone. Isso incomoda apenas 1%, que, sejamos honestos, vai acabar voltando para o Apple Pay por causa da privacidade e segurança, que nenhum app de terceiros oferece (já presentes no Android, inclusive) consegue oferecer.

    Vale mesmo a pena mexer em um dos principais diferenciais do iOS em relação ao Android só para agradar meia dúzia de desenvolvedores tentando escapar da App Store e do Apple Pay com suas próprias plataformas? A Activision Blizzard, a EA e até a Microsoft tentaram fazer algo parecido com a Steam por anos — no fim das contas, todas tiveram que voltar para lá, aceitando pagar os 30% de taxas. A história mostra que tem coisas que simplesmente não adianta tentar forçar.

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