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Apple pede formalmente seu protótipo de volta ao site Gizmodo

Eis a confirmação que muitos queriam: a Apple quer seu protótipo de volta e pediu isso formalmente, através de um email endereçado a Brian Lam, diretor editorial da Gawer Media, gestora do Gizmodo. Isso já seria suficiente, segundo alguns, para comprovar a veracidade do aparelho.

Na carta, Bruce Sewell, vice-presidente sênior e Advogado-Chefe da Maçã, afirma que tomou conhecimento que o Gizmodo está atualmente em posse de um dispositivo que pertence à Apple e faz um pedido formal de restituição. Pede ainda para ser informado de um endereço onde possa recuperá-lo.

Dizem os comentários de bastidores que o email teria sido uma exigência do próprio Gizmodo. Alguns executivos da Apple teriam pedido informalmente o aparelho de volta, mas o site exigiu que isso fosse feito escrito, para poder alardear para o mundo inteiro que o protótipo que eles mostraram era verdadeiro.

Para a Apple, o dispositivo não foi perdido e sim declaradamente roubado, o que obriga, pelas leis da Califórnia, a ser restituído caso seja encontrado. O site de notícias se defende, dizendo que não sabia do roubo e que pagou US$ 5.000,00 por ele para comprovar se era realmente da Apple ou não. De qualquer forma, ele será restituído.

Aliás, a história oficial contada pelo site é meio estranha. O aparelho teria sido encontrado em uma cervejaria no dia 18 de março, supostamente esquecido por um funcionário da Apple. No aplicativo Facebook (que até o dia seguinte ainda funcionava) tinha registrado o nome de  Gray Powell, engenheiro de 27 anos especialista na implementação da baseband. O site até posta a imagem da página pessoal dele.

A pessoa que encontrou o protótipo teria perguntado no local se o aparelho pertencia a alguém dali. A princípio, ele achou que era um iPhone 3GS normal, pois a capa de proteção camuflava muito bem o aparelho.

Após aguardar várias horas pelo retorno do proprietário, e como ninguém se manifestou, ele o levou para casa. Somente no dia seguinte, quando percebeu que todo o conteúdo do aparelho tinha sido remotamente apagado, ele diz ter se dado conta que aquele era um dispositivo especial.

Diz ele ter tentado contactar várias vezes a Apple, mas foi ignorado em todas elas. Foi aí que decidiu, em vez de simplesmente entregá-lo em uma Apple Store e arriscar que algum funcionário o oferecesse no eBay, de vendê-lo ele mesmo para alguém que estivesse interessado na história.

Mas tudo isso parece muito mal contado. Se ele sabia o nome de quem tinha perdido e queria mesmo restituir o aparelho, porque não entrar em contato diretamente com Gray Powell? A própria página do Facebook que o Gizmodo ilustra em sua matéria, parece ser claramente um fake, pois foi criada ontem.

Afinal, o que se esconde atrás do furo tecnológico do ano?

Ontem muitos sites internacionais e jornalistas especializados criticaram o modo como o Gizmodo fez para conseguir a exclusividade, pagando 5.000 dólares pelo aparelho. Alguns chegaram até a chamar isto de “jornalismo do talão de cheques“. Com a história, o site do Giz chegou a ultrapassar os 2 milhões de visitas até as 14h de ontem.

Apesar de eu não achar tão anti-ético assim pagar para se conseguir uma exclusividade, o Gizmodo pode sofrer duras retaliações judiciárias. O AppleInsider destaca que, além de ter pago por um aparelho que foi oficialmente roubado (lá é considerado crime mesmo a pessoa não sabendo do roubo), o caso ainda fere uma outra lei californiana que protege o segredo industrial das empresas, chamada de Uniform Trade Secrets Act.

O 3.425.1 define a “apropriação indevida de segredos comerciais” como uma violação do código civil do Estado, ainda mais quando se publica as informações confidenciais com o objetivo de ganhar dinheiro e notoriedade. O Gizmodo, ao fazer isso, poderá responder por responsabilidade legal. Para quem entende inglês, sugiro a leitura do artigo completo do AppleInsider, que disseca todos os pontos.

Além disso, vários desenvolvedores estão criticando severamente o Gizmodo por ter exposto desnecessariamente o nome de Gray Powell, mas não o da pessoa que achou e vendeu o protótipo. O engenheiro da Apple acabou ficando com a imagem de profissional irresponsável e bêbado, enquanto que o real infrator (que vendeu caro um objeto que não lhe pertencia), foi acobertado pelo site.

A novela (uma das mais incríveis da era Jobs) parece estar longe de terminar…

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