É possível que a Apple tenha que mudar o seu sistema de segurança com o Touch ID
Com o iPhone 5s, lançado em 2013, a Apple apresentou ao mundo o Touch ID, um sensor de digitais bem moderno, capaz de identificar com precisão o dedo do proprietário do aparelho. E para implementar segurança, a Apple associou cada sensor ao chip do próprio aparelho, impedindo que ele seja trocado.
O problema é que, com o iOS 9, muita gente está tendo problemas sérios com isso, vendo seu iPhone ficar totalmente inutilizado. E muita gente já está indo à Justiça para tentar reverter esta situação.
A extrema segurança que a Apple tem com o Touch ID não é novidade. No início de 2014 ela publicou um documento (link) em que destacava claramente que cada sensor é diretamente associado apenas ao aparelho em que é colocado durante a fabricação. Na época, o Blog do iPhone foi bem claro: “É por isso que assistências técnicas não autorizadas pela Apple não conseguem reparar iPhones 5s com o botão frontal estragado ou um Touch ID com problemas, pois é preciso trocar o aparelho inteiro“.
A Apple muitas vezes é exagerada com segurança, mas a intenção é evitar que se troque fisicamente o sensor por outro alterado que aceite qualquer tipo de digital, tendo assim acesso aos dados do aparelho.
Até aí nada demais. Se o usuário quebrasse a tela e tivesse que trocar em uma loja não autorizada, o novo sensor deixaria de funcionar e o sistema passaria a pedir a senha normal para ser desbloqueado.
O problema
O grande problema é que isso mudou no iOS 9. Se você trocar o Touch ID do seu iPhone 6 ou 6s, o aparelho simplesmente deixa de funcionar e nem mesmo Tim Cook em pessoa poderá consertá-lo.
O já conhecido “Erro 53” causou bastante burburinho depois que o site The Guardian publicou um artigo contando a dificuldade que muitos proprietários de iPhone estavam tendo. Citou o caso de um fotógrafo jornalístico que estava cobrindo a crise dos refugiados na Europa Oriental e deixou seu iPhone cair no chão, se despedaçando todo. Ele precisava muito dele e, sem nenhuma Apple Store ou autorizada por perto, teve que fazer a reparação em uma loja não autorizada na Macedônia. O aparelho, que estava rodando o iOS 8, funcionou normalmente, até que apareceu um aviso do sistema pedindo para ele atualizar para o iOS 9. Ao fazê-lo, o iPhone parou de funcionar. Quando conectado ao iTunes, só aparecia o tal erro 53.
Há casos de usuários que tinham trocado o Touch ID do seu iPhone 6 no ano passado e conseguiam utilizar seus aparelhos normalmente, até a atualização do iOS 9, que bloqueou tudo e inutilizou o iPhone. Aparentemente, o problema só acontece com o iPhone 6 e 6s (além dos modelos Plus).
Isso fez muita gente que estava na mesma situação reclamar nos fóruns de discussão da empresa, afirmando que na Apple Store eles não trocam o aparelho e nem tem como consertá-lo. Um caos.
A consequência
Agora talvez a Apple tenha que tomar uma atitude. Uma ação coletiva está sendo instaurada nos Estados Unidos, contra a maçã, pelo fato do aparelho ficar inutilizado quando se troca o Touch ID. E no Reino Unido, a Apple também pode ser processada por ir contra o Criminal Damage Act, de 1971, que classifica como crime todo o ato de destruição intencional da propriedade alheia.
Isso pode obrigar a Apple a mudar sua política de segurança com o Touch ID e voltar a fazer como fazia antes do iOS 9: apenas o Touch ID é inutilizado, deixando o resto do sistema funcionar normalmente com a proteção da senha.
Nossa opinião
É louvável a ideia de que a Apple esteja preocupada com a segurança de nossos dados e faça o máximo para querer protegê-los. Mas talvez inutilizar totalmente o aparelho não seja nem de longe a melhor solução, pois isso acaba prejudicando muitos usuários legítimos que apenas optaram por reparar seu aparelho em outro lugar (e isso é um direito de todos). Seja por opção econômica ou porque não há assistência técnica oficial próximo da cidade (e no Brasil há muitos casos assim), decidir reparar o iPhone em uma assistência terceirizada é algo bem comum. É claro que escolhendo a assistência da Apple você tem certeza que os materiais são todos originais e o risco de problemas é mínimo. Mas deliberadamente inutilizar por completo o aparelho (e não apenas a função específica) é algo que vai contra os direitos básicos do consumidor.
Torcemos para que ela resolva isso da melhor maneira possível para seus usuários.
fonte: The Guardian