Opinião

Santander, que não terá o Apple Pay, tenta cativar usuários de iPhone com adesivo

O banco Santander começou neste final de semana a divulgar em horário nobre da televisão brasileira um comercial destacando o iPhone X. O vídeo promove um adesivo de pagamento por aproximação (NFC) como “inovação“.

Porém, um olhar mais atento à solução apenas demonstra uma tentativa de justificar o fato de que o banco não oferecerá o Apple Pay quando este chegar ao Brasil neste ano.


A solução, oferecida pelo Santander desde novembro, é um adesivo que é colado na parte de trás do telefone, permitindo que se realize pagamentos em máquinas de cartão apenas aproximando o aparelho.

Sim, é muito legal fazer pagamentos sem precisar ficar tirando o cartão da carteira, apenas aproximando o celular. É prático, rápido e dá um ar de “futuro”, apesar de ser uma tecnologia bastante presente no nosso dia-a-dia.

É esse o ponto forte do Apple Pay, sistema de pagamentos da maçã, que deverá chegar ao Brasil ainda no primeiro semestre de 2018. Mas o serviço da Apple não estará disponível para todos os bancos, devendo inicialmente se limitar aos cartões do Itaú.

O Santander agora está querendo chamar a atenção dos usuários da maçã, criando um comercial em que o iPhone X tem grande destaque. Confira:

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Obviamente o adesivo não é compatível somente com o iPhone X, podendo ser colado em qualquer superfície, até mesmo em uma xícara. O problema é que você provavelmente não leva uma xícara para todos os lugares que vai, e por isso o seu smartphone é o mais indicado para colar o tal adesivo. Por que então mostrar especificamente o iPhone X no comercial?

Justamente para tentar fazer com que o usuário pense que o adesivo é a mesma coisa que o Apple Pay, com a vantagem de “funcionar até quando acaba a bateria“…

Sabe outra coisa que funciona até quando acaba a bateria do seu celular? Seu cartão de crédito físico. Isso mesmo, o adesivo nada mais é do que uma cópia do seu cartão físico, com um chip NFC nele. Ou seja, se roubarem seu celular, levam junto o seu cartão (adesivado no aparelho), podendo realizar compras de até R$50 sem precisar digitar a senha. Portanto, o tempo que você levar para se dar conta que seu celular não está mais com você e ligar no banco para cancelá-lo, o seu prejuízo pode ser ainda maior.

É importante destacar bem esta diferença entre o Apple Pay e adesivos NFC. Com o Apple Pay, o pagamento só acontece com a autenticação da sua digital (ou com o seu rosto), sem precisar digitar senhas independente da quantia. Se outra pessoa tentar pagar com seu iPhone (ou Apple Watch), não conseguirá. A camada de segurança é muito maior do que um adesivo (ou pulseira) que funciona sem senha para compras de até R$50.

Insisto em repetir: a tecnologia de pagamento NFC é muito legal e facilita demais no dia-a-dia. Apesar do Santander reivindicar que está trazendo “uma inovação“, esta tecnologia já é usada há anos por bancos ao redor do mundo, chegando apenas agora no Brasil. Por que não ofereceram isso há mais tempo, antes do Apple Pay pensar em vir para cá? Se isso tivesse sido disponibilizado há dois ou três anos, seria realmente algo “inovador” e beneficiaria a todos. Porém, lançar isso somente agora dá a impressão de apenas estar correndo para não ficar para trás.

Diferente de outros países, no Brasil o cliente tem que pagar uma taxa extra para poder usar o adesivo e a pulseira NFC. Já o Apple Pay é integrado ao sistema, sem custos extras para o usuário.

O adesivo do Santander é uma ideia bem interessante e até serve como consolo aos clientes do banco que não terão o Apple Pay. Mas por mais que o comercial queira passar a ideia de que “é a mesma coisa”, é importante deixar claro que as duas propostas são bem diferentes em sua essência.

E não é usando um iPhone no comercial que se consegue disfarçar isso.

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