A concorrência do Apple Watch não está conseguindo se reinventar
O Apple Watch não foi o primeiro relógio inteligente a chegar no mercado. Assim que começaram os primeiros boatos de que a maçã iria investir neste segmento, várias empresas como a Samsung e até o Google começaram a procurar soluções para lançar relógios antes da Apple. A Samsung chegou a lançar 6 modelos diferentes em 14 meses (nenhum vingou), enquanto que o Google começou a desenvolver um sistema operacional para smartwatches, o Android Wear. Aí a Apple lançou seu Watch e todos viram que as diferenças não eram tão gritantes, com a concorrência tendo na mão uma grande oportunidade de inovar e oferecer alternativas que fizessem a diferença.
Porém, isso não aconteceu. O mercado estagnou, a concorrência não apresentou nada de novo e algumas empresas começam a desistir de competir neste segmento.
Antes do lançamento oficial do Apple Watch, em abril de 2015, analisamos aqui a situação do mercado, que tinha dificuldades em impor esta nova categoria de produto para a grande massa. Usuários de smartphones não são necessariamente amantes de relógios, e a venda de um não está atrelada a outra, como muitos acreditaram.
Com a chegada do Apple Watch, a coisa não mudou muito, mas por algum motivo ele obteve mais aceitação do que todos os outros. Hoje ele conta, segundo o IDC, com 41,3% do mercado (um ano antes era 70%). O segundo lugar fica com a Garmin (20,5%), que faz dispositivos específicos para esportes e GPS, e a Samsung fica em terceiro, com longínquos 14,4%. O Moto 360, que sempre foi sensação para muitos, não passa de 3,4%.
Resultado: a Lenovo (que possui os direitos do Moto 360) anunciou que deixará de fabricar por enquanto qualquer produto relacionado a smartwatches. Disseram que podem, um dia, lançar uma nova versão, mas por enquanto a ideia é não investir mais neste mercado.
O Pebble era outra promessa que muitos acreditavam que teria futuro. Usando uma tela de e-ink (que faz a bateria durar 6 dias) e com preço mais acessível, um nicho dos usuários apostou nele como assistente de pulso para funções do celular. Porém, o mercado foi cruel com eles também e a empresa está sendo adquirida pela Fitbits por uma quantia bem abaixo do que merecia. Pelo que se conta, a especialista em pulseiras de acompanhamento esportivo irá absorver a marca Pebble, que deixará de existir. Ou seja, mais um concorrente que sai do mercado.
Antes de toda esta história começar, muitos discutiam (inclusive aqui nos comentários do blog) se valia tanto assim a pena a Apple ingressar neste mercado. Relógios de pulso foram perdendo adeptos durante os anos e a não ser que a maçã apresentasse algo realmente revolucionário, era difícil imaginar as pessoas se habituando a usarem novamente um relógio em seus braços.
A concorrência se apressou para sair na frente assim que os primeiros boatos começaram, esperando talvez que a tal revolução chegasse, bastando como sempre, copiar o que a Apple apresentasse. Mas aí a tal revolução não aconteceu, e o Watch da maçã era apenas mais do mesmo. Por falta de inovação da concorrência, o mercado de smartwatches não decolou.
E este é o problema de um mercado que fica sempre esperando o que a Apple irá fazer (e batemos nesta tecla aqui durante muito tempo): quando a Apple não revoluciona, nada evolui. Por mais que Tim Cook tenha orgulho do seu querido Apple Watch, não dá para dizer que o produto é uma criação do mesmo nível do iPod, do Mac e do próprio iPhone. Seu preço alto (principalmente no Brasil) para funções engraçadinhas, mas dispensáveis, não atrai a enorme parte dos usuários. E se a Apple, que é a Apple, não consegue fazer isso, o que dirá as outras marcas, que precisam matar um leão por dia para se manterem vivas na selva da concorrência.
Que fique claro, eu gosto muito do meu Apple Watch (de primeira geração, comprado no lançamento) e continuo usando-o diariamente. Mas sempre sonhei que ele me desse muito mais do que me dá hoje. E o dia que a Apple conseguir isso, aí talvez o mercado desta categoria mude e comece realmente a crescer.
Conteúdo original © Blog do iPhone