A história do Motorola ROKR E1: o fracasso que fez nascer o iPhone
Descubra a história do Motorola ROKR E1, o primeiro celular com iTunes, que prometeu inovar, mas ficou marcado por limitações e decisões equivocadas.
Antes do iPhone revolucionar o mercado de celulares, houve um dispositivo que, embora não tenha feito tanto barulho, foi essencial nessa história: o Motorola ROKR E1.
Lançado em 2005 como resultado de uma parceria entre a Apple e a Motorola, ele é lembrado por alguns como o “pai do iPhone” ou o “primeiro Apple phone”.
Apesar de suas limitações, o ROKR E1 abriu caminho para o que viria a ser o primeiro smartphone da Apple.
Vamos relembrar essa história e entender por que o ROKR E1 foi tão importante, mesmo com seus tropeços.
O início de tudo: a visão de Steve Jobs
Em 2002, o iPod já era um sucesso absoluto, e Steve Jobs estava de olho em um novo desafio: o mercado de telefonia móvel.
Em sua conhecida visão a longo prazo nos negócios, ele percebeu que os celulares estavam agregando diversas funções além da capacidade de realizar ligações, como acessar a internet, tirar fotos, visualizar vídeos e até mesmo ouvir músicas no aparelho.
E isso, mais cedo ou mais tarde, ameaçaria o reinado do iPod. Então, a Apple precisaria entrar neste mercado, para não ficar para traz.
Em 2004, ela fez uma parceria com a Motorola e a operadora Cingular (hoje chamada de AT&T) para criar um celular que pudesse tocar músicas compradas no iTunes. E assim nasceu o ROKR E1.
O que o ROKR E1 oferecia?
Na teoria, o ROKR E1 parecia promissor. Ele foi o primeiro celular com suporte oficial ao iTunes, permitindo que os usuários sincronizassem músicas do computador para o aparelho.
Vale lembrar que, na época, a iTunes Store era a mais popular loja online de músicas, que ajudou no sucesso do iPod. Então, um celular que tinha integração com ela era algo que chamava bastante a atenção.
Mas suas características, mesmo para a época, eram um tanto limitadas:
- Integração com o iTunes: a principal novidade, mas com a restrição de apenas 100 músicas, mesmo que houvesse espaço de sobra no cartão de memória.
- Tela: uma resolução de 176×220 pixels, que deixava a desejar.
- Câmera VGA: simples, mas funcional.
- Conectividade e extras: suporte ao Bluetooth, toques polifônicos, envio de SMS e MMS, e até um sistema básico de email.
- Rhythm Lights: uma funcionalidade curiosa que fazia o celular piscar luzes coloridas no ritmo das músicas tocadas por perto. Divertido, mas gastava muita bateria.
Apesar de ser descrito por Jobs como “um iPod shuffle no seu telefone”, o ROKR E1 logo mostrou suas limitações. Além da capacidade de armazenamento frustrante, ele era lento e tinha um design considerado ultrapassado.
A apresentação do ROKR no palco da Apple evidenciou o desinteresse de Steve Jobs. Ele descreveu o aparelho como um “telefone bem legal”, mas a falta de entusiasmo era visível.
O lançamento foi ainda mais ofuscado pelo anúncio simultâneo do iPod Nano, um dispositivo revolucionário que roubou a atenção do público e dos críticos.
Um experimento que deu errado (ou certo?)
O ROKR E1 foi rapidamente rejeitado pelo mercado. Sua integração com o iTunes, que deveria ser o grande diferencial, foi ofuscada pelas críticas às limitações do aparelho.
Hacks para aumentar o número de músicas armazenadas começaram a surgir, mas isso só mostrou o quanto o dispositivo estava aquém das expectativas.
Mesmo assim, o ROKR E1 não foi um erro total. Ele deu à Apple algo que o dinheiro não compra: experiência.
Jobs percebeu que, para criar um produto realmente inovador, a Apple precisava ter controle total sobre o design, o software e o hardware. Essa lição se tornou a base do que viria a ser o iPhone.
Do ROKR E1 ao iPhone
Depois do ROKR E1, a Apple mudou de estratégia.
Enquanto a Motorola lançava o ROKR E2, sem integração com o iTunes, a Apple trabalhava em segredo no projeto que mudaria tudo.
No dia 9 de janeiro de 2007, o mundo conheceu o iPhone, que combinava telefone, iPod e navegador de internet em um único dispositivo.
Com seu design elegante, interface revolucionária e total controle da Apple sobre todos os aspectos do produto, o iPhone foi o oposto do ROKR E1 — e um sucesso absoluto.
Uma lembrança do passado
O Motorola ROKR E1 pode não ter sido um sucesso comercial ou um ícone de design, mas ele cumpriu seu papel na história.
Foi um experimento ousado que ajudou a moldar a visão de Steve Jobs sobre o mercado de telefonia móvel. Sem ele, o caminho para o iPhone poderia ter sido bem diferente.
Hoje, o ROKR E1 é um lembrete de que até os fracassos têm valor. Eles são uma parte essencial do processo de inovação, servindo como trampolins para algo maior.
E, nesse caso, o “algo maior” mudou o mundo.