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Preocupações com vendas do iPhone levam a segundo rebaixamento da Apple

Em um cenário de incerteza crescente no setor tecnológico, a Apple enfrentou um segundo rebaixamento em sua avaliação de ações esta semana, uma situação que reflete as preocupações crescentes sobre as vendas de seu principal produto, o iPhone.

Segundo fontes da Bloomberg, a Piper Sandler & Co. reduziu a classificação da Apple de “overweight” (acima da média do mercado) para “neutral” (neutra).

O analista Harsh Kumar justifica sua decisão com base em um ambiente macroeconômico desafiador na China, que pode impactar negativamente a demanda por iPhones.

Ele expressou preocupação sobre os estoques de dispositivos móveis da empresa e observou que as taxas de crescimento nas vendas de unidades atingiram seu pico.

Essa mudança na avaliação segue um movimento semelhante feito pela Barclays Plc no início da semana.

Os analistas da Barclays, liderados por Tim Long, alteraram sua classificação para “underweight” (abaixo da média do mercado), adicionando mais pressão sobre as perspectivas de ações da Apple.

No que se refere ao desempenho financeiro, a receita do iPhone da Apple caiu cerca de $5 bilhões em 2023 em relação ao ano anterior. As vendas de outros produtos da empresa, como Macs, iPads e Apple Watch também diminuíram devido ao aumento da inflação e das taxas de juros nos Estados Unidos.

Historicamente, a Apple tem sido um dos gigantes da tecnologia com menos recomendações otimistas de compra na Wall Street.

Com os recentes rebaixamentos, a proporção de recomendações equivalentes à compra para a Apple atingiu seu ponto mais baixo em três anos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O desempenho financeiro da Apple também tem sido motivo de preocupação. A empresa foi a única entre as grandes do setor de tecnologia a registrar uma contração nas receitas nos últimos quatro trimestres.

As projeções de Wall Street para o crescimento de receita da Apple no ano fiscal de 2024 estão em torno de 3,6%, com uma expansão de lucro prevista em 7,9%.

Ações da Apple em queda

No mercado, as ações da Apple, que tiveram uma valorização de quase 50% no ano passado, apresentaram um declínio nos primeiros dias de 2024.

A empresa viu suas ações caírem 1,2% na quinta-feira, marcando a quarta sessão negativa consecutiva. Desde o início do ano, as ações da Apple caíram 5,5%, o que resultou em uma perda de valor de mercado de aproximadamente 164 bilhões de dólares.

Fonte: Yahoo! Finance

Em comparação com outras empresas de tecnologia, a Apple tem atraído um número significativamente menor de recomendações de compra.

Enquanto a Apple possui 33 recomendações de compra, empresas como Amazon.com Inc., Meta Platforms Inc. e Nvidia Corp. têm, respectivamente, 68, 66 e 59 avaliações otimistas.

Serviços em alta

Os analistas mais otimistas se concentram no crescente negócio de serviços da Apple, que aumentou de $78 bilhões em 2022 para $85 bilhões em 2023.

No trimestre mais recente, a receita de serviços cresceu quase 20% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A base de usuários enorme da Apple e a força de seus serviços são componentes cruciais das leituras mais otimistas sobre o futuro da empresa.

Imagem de yousafbhutta

Analistas da Wedbush, liderados por Dan Ives, avaliam o negócio de serviços da Apple em até $1,6 trilhão e preveem que a empresa de Cupertino se tornará a primeira a alcançar um valor de mercado de $4 trilhões até o final de 2024.

Observadores céticos, entretanto, veem riscos aumentados até mesmo no segmento mais promissor da Apple.

A Barclays observou que os serviços podem atrair mais escrutínio regulatório. Investigações sobre a App Store podem se intensificar, especialmente à medida que outros gigantes da tecnologia se preparam para uma onda de decisões antitruste significativas este ano.

O lucrativo acordo da Apple para usar o Google como mecanismo de busca padrão em seu navegador Safari, que se estima trazer bilhões de dólares para seu negócio de serviços, também pode estar sob ameaça. Os argumentos finais para o caso antitruste do Departamento de Justiça contra o gigante das buscas estão programados para o primeiro semestre.

Será que 2024 será um duro ano para a Apple?

7 Comentários

  1. Tomara que seja 2024 seja o inferno. Para todas as bigs. Só assim se mexem e criam produtos por preços razoáveis e voltados aos usuários finais.

    Obrigado UE! Dá até arrepio de pensar se não tivéssemos uma UE da vida para colocar as rédeas nessas bigs.

    1. Interessante ver que alguns pensem contra as empresas, quando deveriam estar forçando a competitividade, estão torcendo para as empresas quebrarem… vai longe com esse pensamento…

      1. Não se trata de ser contra ou à favor. Trata-se de equilíbrio. Empresas são compostas por… pessoas. Pessoas possuem características diversas. Embora a forma que eu coloquei dê a impressão de haver uma dicotomia, eu passo longe dela.

        A lógica aqui é simples: coloque um grupo de pessoas egoístas para comandar uma empresa que move mundos e teremos um monopólio bem-sucedido. Não há nada de errado tecnicamente em maximizar os lucros, porém, do ponto de vista humanista, é imoral.

        Por isso essa ideia de livre mercado sem regulação não existe. Um grupo privado de pessoas com grande poder nas mãos pode fazer um estrago enorme numa sociedade que preza pelo equilíbrio entre os três poderes numa democracia. Lembrando que a democracia atual na Europa e nos EUA nem de longe é perfeita, mas é a menos pior.

        É um assunto extremamente profundo que daria para ficarmos horas e horas debatendo aqui.

        1. Vamos falar em nível tupiniquim a lá Brasil. As empresas, em sua essência, não possuem obrigações sociais com seus clientes ou segmentos de mercado específicos. A razão principal de sua existência é a obtenção de lucro. Sem lucratividade, qualquer atividade comercial perde o seu propósito. Considerando a realidade econômica do Brasil, fica evidente que as falhas não residem unicamente nos aspectos negativos do capitalismo. Por exemplo, na compra de um carro, cerca de 60% do seu valor é composto por impostos. Surge, então, a questão: é justo desembolsar R$ 150.000,00 por um veículo dos quais R$ 60.000,00 são recolhidos para os cofres do nosso querido Governo? Além disso, há taxas anuais pagas ao governo para tentar usufruir deste bem: ipva, seguro obrigatório, licenciamento e o escambal. Eu ainda me vejo obrigado a ter um seguro particular do meu carro e fico revoltado com os valores cobrados atualmente. Em uma experiência pessoal recente, ao adquirir uma Starlink por R$ 2.000,00, acabei pagando R$ 3.196,01. A diferença de valro trata-se dos elevados impostos do nosso país. No Brasil, observa-se uma condição jurídica volátil demais para as corporações, uma burocracia excessiva e sem finalidades definidas para a gestão pública de recursos, e uma carga tributária extremamente elevada. Quando se trata do Brasil, a situação é mais complexa do que simplesmente atribuir a culpa ao capitalista.

          1. Ótima colocação sobre a situação brasileira. Aqui existem outros problemas que interferem na competitividade e lucratividade. Mas você não concorda comigo que continua sendo algo à parte?

            A sua própria afirmação esclarece o absurdo que eu quero dizer: grupos privados jurídicos (forma mais técnica de se referir à empresas) não terem obrigações morais e sociais. Eu acho isso um absurdo, pois colocar o interesse privado acima de uma sociedade é algo venenoso. Por almejar a lucratividade máxima, os interesses geram caminhos escusos que, infeliz e geralmente, são de má-fé.

            Veja que eu não sou contra ao capitalismo. Eu sou contra ao capitalismo selvagem, onde uma empresa tem a obrigação somente de agradar acionistas que nunca trabalharam na vida, que nunca sequer frequentaram a sociedade geral.

            É claro que estamos falando de grandes empresas. Não falo do bar na esquina. Nem chega a ser possível exigir uma obrigação social de uma MEI, etc.

            Com grandes poderes, há grandes responsabilidades. Por isso a UE tem papel importante nesse cenário.

          2. Como você corretamente observou: “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. E isso é verdadeiro tanto para grandes empresas quanto para os governos e entidades internacionais que definem as regras da economia. A União Europeia tem sido uma força influente neste contexto. Por meio de suas políticas e regulamentos, a UE parece ter o objetivo não apenas estimular a competição econômica, mas também garantir que as empresas atuem de forma ética e menos irresponsável. Isso envolve legislações que abrangem direitos dos trabalhadores, padrões ambientais, proteção ao consumidor e fomento da responsabilidade corporativa. Essas dicussões, mesmo que embrionárias, ainda são essenciais para entender o futuro do capitalismo e da economia mundial. Pessoalmente apenas acho que deixar “exclusivamente” a UE como uma espécie de xerife Global e moderadora universal de Big Techs talvez só não seja uma ideia lá muito madura e justa.

          3. É complicado mesmo ter só a UE como principal reguladora. Mas começa dessa forma né… só ver a própria Apple: ela que dita o rumo do mercado. Mas uma hora ou outra, as outras empresas acabam obtendo uma qualidade próxima capaz de ditar alguns rumos também, gerando, assim, uma inovação constante.

            Quero muito uma UA por exemplo. União das Américas, Por que não? E vamos que vamos…

            Infelizmente somos seres egoístas de nascença. E está tudo bem com isso, ninguém escolhe isso né kkkk… por isso dá-lhe educação à rodo, educação coletiva, blá blá…

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