Apple revela tecnologias de IA que podem mudar a forma como você usa a câmera e a Siri

Depth Pro e DART mostram que a Apple está pensando diferente na corrida da inteligência artificial — e essas mudanças podem impactar diretamente o iPhone, iPad e Vision Pro.

A Apple vem sendo cobrada por estar atrasada na corrida da inteligência artificial, principalmente após o lançamento do ChatGPT, Gemini e outras soluções avançadas.

Mas agora, prestes a participar da ICLR 2025 — uma das conferências mais importantes do mundo em aprendizado de máquina — a empresa começa a mostrar que está se preparando para dar um salto no Apple Intelligence.

Dois projetos se destacam entre as pesquisas que serão apresentadas: Depth Pro e DART. Eles não são apenas estudos técnicos — representam o tipo de tecnologia que pode mudar a forma como usamos a câmera, a Siri e até como interagimos com imagens no iOS.

Vamos explicar o que cada um faz — e por que isso importa para você.

Depth Pro: profundidade real com apenas uma imagem

Você já usou o modo Retrato da câmera do iPhone e percebeu que ele às vezes erra feio no contorno do cabelo? Isso acontece porque o sistema tenta estimar a profundidade com base em sensores ou aprendizado prévio — e nem sempre acerta.

A proposta do Depth Pro é entregar mapas de profundidade muito mais detalhados a partir de uma única imagem.

E o mais impressionante: sem depender de metadados da câmera (como tipo de lente ou sensor).

Isso significa:

Resultados mais precisos em tempo real;
Reconhecimento de detalhes finíssimos, como fios de cabelo ou transparências em tecido;
Funciona com qualquer imagem, independentemente de como ou onde foi tirada.

Na prática, isso pode melhorar drasticamente o modo Retrato, os efeitos do FaceTime, experiências em Realidade Aumentada e até a edição de fotos no iPhone e no Vision Pro.

DART: geração de imagens mais rápida e inteligente

Você já viu aquelas imagens criadas por IA com base em texto, como as feitas com DALL·E ou Midjourney? São incríveis, mas exigem alto poder computacional e ainda pecam em eficiência e controle do resultado.

A Apple está propondo um novo modelo chamado DART (Denoising Autoregressive Transformer) que combina o melhor dos dois mundos: os métodos de difusão (usados em IA como o Stable Diffusion) com os modelos autoregressivos (os que estão por trás dos grandes LLMs, como o ChatGPT).

O resultado é um sistema:

Mais eficiente para treinar e gerar imagens;
Com potencial para rodar em dispositivos móveis;
Que pode criar imagens personalizadas a partir de comandos de voz ou texto com maior controle e precisão.

Imagine dizer para a Siri: “crie um cartão de aniversário com balões vermelhos e bolo de chocolate” — e ela gerar uma imagem original na hora.

Por que isso importa para o usuário Apple?

Essas pesquisas não são apenas teoria. Elas fazem parte do caminho da Apple para evoluir a Apple Intelligence.

Com o Depth Pro, as câmeras ganham uma percepção mais refinada do ambiente — útil para fotos, vídeos, AR e experiências no Vision Pro.

Com o DART, abre-se a porta para a geração de conteúdo visual direto no dispositivo — com segurança, privacidade e sem depender da nuvem.

Tudo isso reforça a estratégia da Apple: IA eficiente, integrada ao sistema e com foco na privacidade.

Por que a Apple está participando de uma conferência?

Ao participar da ICLR e apresentar essas tecnologias, a Apple mostra que está disposta a deixar de ser espectadora. Ao contrário do que muitos pensam, ela não quer apenas copiar o que já existe — quer fazer diferente, do seu jeito.

Historicamente, a Apple sempre foi mais reservada em relação às suas pesquisas. Ao publicar e apresentar seus avanços em uma das conferências mais respeitadas da área, ela se alinha a uma postura mais aberta, como a de Google e OpenAI, ganhando prestígio e credibilidade no campo da IA.

Além disso, pesquisadores de ponta valorizam empresas que compartilham conhecimento e participam ativamente da comunidade científica. Mostrar suas inovações em conferências de alto nível ajuda a Apple a atrair engenheiros e cientistas de IA de elite.

E agora?

A conferência ICLR acontece entre os dias 24 e 28 de abril, em Singapura. A Apple vai apresentar essas e outras pesquisas, além de montar um estande onde desenvolvedores poderão testar os sistemas em tempo real.

Enquanto isso, a gente segue de olho por aqui.