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Perplexity mostra como a Siri poderia — e deveria — funcionar

Startup surpreende ao criar um assistente de voz com IA que supera a Siri dentro do próprio iOS, mesmo com todas as limitações impostas pela Apple.

Enquanto a Apple reestrutura silenciosamente a equipe responsável pela Siri, tentando tirar sua assistente de voz do marasmo, uma startup chamada Perplexity decidiu colocar o dedo na ferida — e o resultado foi, para muitos, uma verdadeira humilhação pública para Cupertino.

Em uma demonstração essa semana, a empresa mostrou que é possível criar um assistente de voz alimentado por inteligência artificial que funciona melhor que a Siri, mesmo operando dentro das restrições severas do iOS.

E o pior para a Apple: o Perplexity Assistant consegue interagir com vários apps nativos da empresa, de forma natural, rápida e eficaz.


A pergunta que virou provocação

Tudo começou com uma provocação pública feita por Aravind Srivinas, CEO da Perplexity, no Xuítter:

“Deveríamos criar uma versão de Siri que realmente funcione nas tarefas simples? O que vocês gostariam de ver em um assistente de voz integrado ao iOS?”

Parecia apenas uma cutucada bem-humorada. Mas em menos de uma semana, a startup respondeu com ação: uma demonstração funcional de como seria um assistente de verdade dentro do ecossistema da Apple.


O que o assistente da Perplexity consegue fazer

Mesmo sem acesso à integração nativa que só a Siri tem, o assistente demonstrado pela Perplexity consegue:

  • Criar lembretes com instruções contextuais;
  • Tocar músicas no Apple Music;
  • Pesquisar e navegar por locais no Apple Maps;
  • Criar e redigir e-mails completos no app Mail;
  • Interagir com o app Podcasts;
  • Fazer reservas e responder perguntas complexas com contexto.

E tudo isso com respostas naturais, sem engasgos ou confusões, como estamos acostumados a ver na Siri atual.


E a Siri, onde fica nessa história?

A Apple até hoje mantém um nível de controle extremo sobre a Siri, impedindo que qualquer outro assistente seja ativado por voz com a tela bloqueada, e restringindo APIs que permitiriam interações mais profundas com o sistema.

A demonstração da Perplexity, portanto, tem um valor simbólico enorme: mesmo jogando fora de casa, com as mãos amarradas, o assistente da startup ainda assim oferece uma experiência superior.

E isso acende um alerta vermelho para a Apple: se alguém de fora consegue fazer melhor, o que está faltando dentro de Cupertino?


O desafio do “Siri 2.0”

Na WWDC 2024, a Apple apresentou uma visão futurista da Siri, com integração mais profunda, IA generativa e comandos contextuais. Só que… nada disso se concretizou até agora.

O que vemos nos dispositivos atuais continua sendo a mesma Siri limitada, com falhas de compreensão, pouca utilidade prática e dependente da conexão com a internet.

A Apple estaria, segundo rumores, preparando um grande salto com o chamado Siri 2.0, que deve usar os novos modelos de linguagem desenvolvidos internamente com base no Apple Intelligence.

Mas ainda é tudo especulação — e o tempo está passando.


Pressão externa pode ser o empurrão que faltava?

Se a Apple precisava de um incentivo extra para acelerar sua evolução em IA, agora ela tem.

A demonstração da Perplexity serve como um espelho desconfortável para mostrar onde a Siri está falhando, e o que os usuários esperam de um assistente moderno.

A boa notícia é que a Apple ainda tem todas as peças para montar esse quebra-cabeça: controle total do hardware, integração com o sistema, expertise em privacidade e agora até equipes dedicadas exclusivamente ao Apple Intelligence.

Resta saber se ela vai — finalmente — entregar tudo isso de forma coerente e útil.


O recado está dado

A Perplexity pode não ter criado o substituto oficial da Siri, mas deixou um recado claro: é possível fazer melhor — mesmo com todas as limitações da Apple.

A demonstração não foi apenas técnica. Foi simbólica. E colocou a Siri na berlinda como nunca antes.

Agora, tudo depende da Apple. Será que a Siri 2.0 vai mesmo chegar? E mais importante: será que ela vai ser bom o bastante para recuperar a confiança dos usuários?

4 Comentários

  1. Da seleção de letras, com cópia e cola, passando pela App Store, até as notificações, tudo foi “inventado” por terceiros ainda na época do jailbreak (com a fantástica loja do cydia).
    O que a Apple faz? Faz o mesmo, mas com maestria. Microsoft desde a década de 90 até o começo de 2000 insistiu em várias ideias de tablet, resultado: todos fracassos. Apple, atrasada em 17 anos lança o iPad… não precisa falar nada.
    Estar na frente, não quer dizer lançar primeiro. Em tecnologia, permanece quem faz melhor (no caso da Apple, com a melhor experiência).
    Melhor seria esta matéria descrevendo tudo que o Perplexity pode fazer, mas perde mais metade da matéria e leitura fazendo reflexões que nada auxilia o leitor.
    Segue o jogo.

    1. Se o artigo fosse sobre o Perplexity, faria total sentido descrever tudo o que ele pode fazer. Mas o texto é sobre uma funcionalidade específica em comparação com uma função similar do iOS. Eu entendo que você queria outro texto, mas em um país democrático, ninguém tem o poder de determinar o que pessoas tem que dizer ou sites tem que escrever. E tá tudo bem, a vida é assim.

      Quanto aos seus exemplos, são todos verdadeiros, mas eu acho que você omitiu um ponto importantíssimo e fundamental na sua equação: Steve Jobs. Sem ele, nada do que a Apple fez no passado serve como referência para o futuro.

    2. Vou tentar dar um exemplo, talvez você com toda a sua limitação consiga entender.

      Em 2017 a Nintendo lançou o Switch, com hardware limitado e ultrapassado já para a época. Alguns estúdios se negaram a criar jogos para ele pois suas limitações de hardware exigiriam entregar os jogos com design/estilo a la jogos de 2010. Alguns estúdios entregaram mesmo assim (temos o caso do Mortal Kombat 11 e o do FC 25).

      Em 2025 a Nintendo lança o Switch 2, bem melhor que o primeiro mas ainda bem ultrapassado (agora em relação a 2025, claro), se aproximando mais do PS4 PRO.

      Além disso o sistema operacional dele é cheio de travas, limitações e gatilhos e internamente parece mais um tablet, com tudo embarcado em chips soldados na placa.

      MAS tem louco para tudo né?
      Criaram um chip que ao ser instalado direto na placa burla o boot do SO do Switch e permite instalar em um cartão de memória o Linux, que vem com tudo que você possa imaginar (até emulador de PS).
      Já outro trocou os chips de RAM (que vem em dual channel), de 4 GB para 8 GB, melhorando em muito a performance dos jogos.

      Seguindo seu raciocínio limitado, você irá afirmar que meu texto deveria ser escrito melhor pois trata dos chips de desbloqueio do Switch mas qualquer cidadão com mais de 2 neurônios perceberiam que meu foco é a ineficiência da Nintendo em entregar algo de qualidade que qualquer Zé com um pouco de conhecimento de eletrônica e programação em baixo nível resolve.

      O X desse artigo não é exaltar a Perplexity mas sim expor a limitação da Apple e os esforços dela para nos chamar de jumentos.

      E acho que eu, como engenheiro de computação, desenvolvedor de sistemas e usuário de iPad há 13 anos, iPhone há 12 e MacBook há 11 tenho algum lugar de fala, né?

  2. Concordo com o autor, a Apple está passando uma vergonha absurda. Um smartphone é um conjunto de funcionalidades ao dono e o peso da IA aumentou muito no último ano. O argumento da Apple é sempre o sigilo e discrição dos dados do usuário, mas vai ser difícil comprar meu próximo celular não sem uma IA útil integrada… só falta a Apple… até quando? 2027???

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