
No início deste mês, o PayPal começou a liberar na Alemanha uma função muito esperada por usuários do iPhone: pagamentos por aproximação usando o chip NFC, sem depender do Apple Pay.
A novidade só foi possível porque a União Europeia obrigou a Apple a abrir o acesso ao NFC para aplicativos de terceiros, graças à nova lei conhecida como Digital Markets Act (DMA).
Agora, usuários de iPhone na Alemanha podem pagar em maquininhas apenas encostando o aparelho, usando o aplicativo do PayPal — algo que para o resto do mundo é exclusivo do Apple Pay.
Eles também podem definir o PayPal como app de pagamento padrão, acessando-o com o botão lateral do iPhone.

A Alemanha como exemplo para o Brasil
Essa mudança que aconteceu na Europa pode muito bem se repetir no Brasil.
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) está investigando a Apple por possível conduta anticompetitiva ao restringir o uso do chip NFC do iPhone exclusivamente ao Apple Pay.

Na prática, isso impede que bancos e fintechs brasileiras ofereçam suas próprias soluções de pagamento por aproximação no iPhone — ao contrário do que já acontece no Android há anos.
O que está acontecendo na Alemanha pode ser visto como um modelo do que poderemos ter no Brasil, caso o Cade decida seguir o mesmo caminho da Europa.
Veja como está funcionando por lá:
- O PayPal usa o mesmo gesto do Apple Pay para iniciar o pagamento (botão lateral);
- É possível escolher o PayPal como app padrão de pagamento no iPhone;
- O NFC é acessado diretamente pelo app, sem depender da carteira da Apple;
- O recurso funciona em qualquer loja que aceite Mastercard.
Ou seja, o iPhone deixa de ter um único caminho para pagamentos por aproximação, e o usuário ganha liberdade de escolha.
O impacto disso para o consumidor brasileiro
Se a Apple for obrigada a abrir o NFC no Brasil, os usuários do iPhone finalmente poderão usar soluções como:
- Carteiras digitais como PicPay, Mercado Pago, PagBank e outras;
- Aplicativos de bancos tradicionais e digitais com funções de pagamento por aproximação;
- Cashback e promoções fora do ecossistema Apple;
- Pagamentos sem depender somente de cartões compatíveis com Apple Pay;
- Com instituições podendo usar livremente o NFC, seria possível implementar o Pix por aproximação, sem as taxas da Apple.
Isso estimularia a inovação, a concorrência e provavelmente levaria a mais vantagens para o consumidor — como já começa a acontecer na Europa, onde o PayPal promete parcelamento em até 24 vezes e promoções exclusivas.

iPhone mais aberto, mais útil
Por muitos anos, a Apple justificou o bloqueio do NFC como medida de segurança.
Mas com a nova legislação europeia provando que a tecnologia pode ser usada com segurança por outros aplicativos, o argumento perdeu força.
Agora, resta saber: o Brasil seguirá o mesmo caminho?