Procreate é outra empresa que se coloca contra o uso exagerado da Inteligência Artificial
Estamos passando no momento por uma transição tecnológica, causada pela verdadeira revolução da Inteligência Artificial.
Na história, este tipo de transição é marcado por muita excitação e até exageros, justamente por ser algo novo para muitos. Foi assim com a internet, por exemplo, que fez com que se criasse uma bolha na bolsa de valores que estourou em 2000 (também conhecida como a bolha das empresas ponto com).
Por estarmos nesta fase de transição, é normal lermos por aí profetas decretando que quem não está oferecendo hoje IA está fadado ao fracasso.
O Google, por exemplo, está surfando na crista da onda após ter apresentado seus dispositivos Pixels “modernos”, cheio de efeitinhos de IA, que mascaram falhas graves de segurança em seus dispositivos.
Porém, caminhando contra a tendência, começam a surgir empresas que se posicionam contrários à adoção sem limites da IA, enfatizando que isso tende a acabar com a criatividade humana como a conhecemos hoje.
Na semana passada, vimos a empresa que criou o app Halide se manifestar e lançar um app que não faz tratamento digital nas fotos do usuário. Agora, outro popular aplicativo do iOS se une a esse ideal.
A postura contra a IA gerativa
Essa adoção desenfreada de IA tem gerado debates acalorados sobre o impacto que essa tecnologia pode ter na criatividade humana e na originalidade das obras. E a Procreate, famosa por seu aplicativo de criação artística para iPad, se posicionou de forma contrária a essa tendência.
A empresa lançou uma página em seu site destacando sua postura firme contra o uso de IA generativa em seus produtos.
Intitulada “Creativity is made, not generated” (Criatividade é feita, não gerada), a página sublinha três compromissos centrais que orientam o desenvolvimento de seus produtos:
- Respeito pela habilidade artística: a criatividade humana é um talento que deve ser valorizado e respeitado, e que a arte deve ser criada pela habilidade e esforço dos artistas, e não gerada por máquinas.
- Propriedade das obras: a arte criada pelos usuários pertence exclusivamente a eles. Isso significa que o aplicativo foi desenvolvido de forma a não acessar, coletar ou armazenar as criações dos artistas, mantendo a privacidade e a segurança das obras.
- Privacidade dos usuários: nenhuma atividade realizada no aplicativo será monitorada ou rastreada. Esse é um ponto crucial em um momento em que a coleta de dados se tornou uma prática comum entre as grandes empresas de tecnologia.
A filosofia por trás da decisão
A decisão da Procreate de não adotar IA gerativa não é apenas uma questão técnica, mas uma filosofia central da empresa.
Segundo o CEO da Procreate, James Cuda, a empresa acredita que a IA gerativa está “arrancando a humanidade das coisas” e que, embora a tecnologia de aprendizado de máquina tenha méritos, o caminho que a IA gerativa está trilhando não é compatível com os valores da empresa.
Cuda e sua equipe veem a criatividade como o maior tesouro da humanidade, algo que deve ser protegido e incentivado.
Para eles, o uso excessivo de IA na criação artística pode levar a uma perda de autenticidade, resultando em um futuro empobrecido, onde a criatividade humana é substituída por produções automatizadas e desprovidas de alma.
Isso não deixa de ser uma crítica discreta a concorrentes como a Adobe, que está adotando IA em grande escala, oferecendo recursos que prometem automatizar e agilizar o processo criativo.
No entanto, essa automação também traz consigo preocupações sobre a originalidade e a autenticidade das obras criadas.