Muita gente ainda confunde quando se fala de jailbreak do iPhone. Alguns têm medo, outros preconceito. Mas o fato é que ele é uma maneira de melhorarmos ainda mais um celular que já é fantástico, livrando ele das limitações impostas de fábrica.
Por que fazer o jailbreak? Ele é contra a lei? Ele pode estragar meu telefone? Eu perco a garantia?
É justamente sobre isso que discutiremos neste artigo.
Primeiro de tudo vamos à definição:
O que é jailbreak?
A palavra “jailbreak“, em uma tradução livre, poderia ser definido como “sair da prisão”. É o processo que libera o iPhone (e iPod touch) dos limites impostos pela Apple, permitindo que você instale programas não-oficiais e habilite funções bloqueadas no aparelho.
Ele é feito graças à programas desenvolvidos por comunidades de hackers, que têm como ideologia a liberdade que cada um tem de fazer o que quiser com uma propriedade sua.
iPhone Dev-Team
O Dev-Team é o grupo mais conhecido no momento de escrita desta matéria, por ter sido o único a apresentar um método gratuito de jailbreak (e desbloqueio) para o firmware 2.
Eles não aceitam doações e são contra a pirataria, procurando sempre desenvolver hackings que não transgridam a lei, tomando o cuidado de não alterar nenhum código que seja de propriedade intelectual da Apple.
É por isso que eles desenvolvem a ferramenta para os firmwares customizados, mas não distribuem os arquivos prontos, pois isso seria ilegal. Você mudar um firmware para uso próprio pode, mas não tem o direito de distribuí-lo a ninguém.
É como você comprar uma música e alterá-la. Você pode, pois é sua, mas se distribuí-la, irá ferir os direitos autorais do autor. O raciocínio é o mesmo.
iPhone Classic
No começo, quando o iPhone era vendido somente nos Estados Unidos, o jailbreak era a única maneira de moradores de outros países usarem o celular, que vinha bloqueado com a AT&T. Milhares de pessoas no mundo fizeram isso, inclusive ministros europeus.
Ainda hoje, quem tem um iPhone Classic (a primeira versão do iPhone, com a traseira prateada e preta) precisa obrigatoriamente fazer o jailbreak para poder usá-lo, pois ele continua preso com o chip da operadora original.
Ele passou a ser vendido em alguns países da Europa, mas o único país que desbloqueava oficialmente os antigos modelos era a França (após 6 meses da compra), devido à sua legislação.
Cydia e Installer
No começo, o iPhone vinha com somente 16 aplicativos básicos (e o iPod touch com 12). E só.
Nada de aplicativos de terceiros, a única coisa que você podia fazer era acessar páginas internet no formato iPhone, que a Apple chamou de “Webapps”.
Ela tentou incentivar os “aplicativos web” entre os desenvolvedores, mas isso foi um banho de água fria na maioria que pensava que poderia usar o máximo do sistema Unix instalado no aparelho.
Foi esse o grande incentivo inicial ao jailbreak, liberar aquele dispositivo cheio de capacidades, mas que vinha ultralimitado de fábrica. E com ele nasceu o Installer, que instalava direto no celular aplicativos feito por terceiros. Era o início da revolução.
Geohot
Impossível falar do jailbreak sem citar o nome de George Hotz, o hacker de 17 anos que foi o primeiro no mundo a desbloquear o iPhone, pouco mais de um mês após seu lançamento. Mas na época o processo era físico: você tinha que abrir seu aparelho e tentar soldar um ponto minúsculo. Se errasse…
O GeoHot também ajudou a encontrar várias outras falhas, que permitiram os desbloqueios futuros (inclusive o yellowsn0w).
Há certos brasileiros que usaram as técnicas desenvolvidas por Geohot para desbloquear aparelhos aqui no Brasil, ganharam muito dinheiro com isso e hoje fazem palestras dizendo que foram os criadores do desbloqueio do iPhone. Cabe a você acreditar ou não em vigaristas.
Para que fazer o jailbreak?
Liberar seu aparelho é mais uma opção do que uma necessidade. Nos dias de hoje você pode muito bem viver sem o jailbreak e se conseguir, ótimo, pois estará evitando muita dor de cabeça com atualizações de firmwares e reinstalação de aplicativos cada vez que restaura. Mas deve saber também que não poderá fazer muita coisa além dos limites impostos pela Apple.
O jailbreak pode habilitar várias funções no aparelho, como MMS, gravação de filmes, multitasking (mais de um aplicativo rodando ao mesmo tempo), copiar/colar, usar o celular como modem internet, instalação de temas e fundos de telas, entre outros. Até o uso ilimitado do bluetooth é uma promessa iminente. Várias coisas que outros celulares permitem e o iPhone não.
É crime querer usar toda a capacidade de um aparelho que comprou?
O jailbreak anula a garantia?
Sim, anula, mas é totalmente reversível, porque ele não altera nada definitivamente no seu aparelho.
Basta fazer a restauração normal pelo iTunes e você terá seu sistema original de fábrica. Só não pode levar para a assistência com o jailbreak, porque a Apple não permite.
Por que a Apple não permite o jailbreak?
Por uma questão lógica. A Apple proíbe qualquer alteração no sistema do iPhone porque instalar coisas que a empresa desconhece pode fazer um belo estrago no aparelho.
Ela não pode achar que todos os hackers agem de boa fé e por isso não se responsabiliza pelas alterações feitas. É como quando você compra um computador: o manual diz que, se você abrí-lo, perde a garantia, porque a fabricante não sabe o que foi feito nele sem a permissão oficial. A mesma coisa com o iPhone, se você abrí-lo ou mexer no sistema operacional, ela não se responsabiliza mais. Nada mais lógico.
Preocupado com isso, o Dev-Team desenvolveu um processo confiável que não altera nada definitivamente no iPhone. Se o aparelho estragar, não será culpa do jailbreak e é por isso que basta restaurar o sistema para que a garantia valha outra vez.
Já ouvi dizerem que isso é querer enganar a assistência técnica oficial, mas a realidade é bem outra: se ele não estragou por causa do jailbreak, não é justo a garantia perder a validade.
É como você desinstalar um aplicativo antes de levar para a assistência.
Claro que estamos falando de jailbreak confiável. Se você um dia liberar seu aparelho em um site estranho com um método diferente do Dev-Team, ele pode usar métodos que estraguem seu aparelho e aí a garantia, com razão, fica inválida. Mas basta estar ligado aqui no Blog que informaremos sempre o método mais seguro.
Jailbreak não é sinônimo de pirataria
Muitos associam o desbloqueio ao uso de aplicativos crackeados, mas nem sempre isso é verdade.
Um dos motivos da Apple querer impedir o jailbreak é justamente o fato dele possibilitar usos pouco ortodoxos do aparelho, como a possibilidade de instalar aplicativos piratas. Isso sim é ilegal, pois é um roubo de propriedade intelectual.
A comunidade de hackers responsável pelo desbloqueio do iPhone é contra este tipo de prática, por ser uma falta de respeito ao trabalho de pequenos e médios desenvolvedores, além de ser contra a lei.
Achar que todo o jailbreak é ilegal só por causa da pirataria é um erro.
O desbloqueio do aparelho
Este parece ser um ponto polêmico entre nossos leitores.
O desbloqueio é outra função que o jailbreak permite, possibilitando o uso do chip de uma operadora diferente daquela que vendeu o aparelho.
Este é um recurso desnecessário no Brasil, visto que as operadoras nacionais desbloqueiam oficialmente o iPhone (comprado com elas), bastando um simples pedido do cliente. Mas em muitos países o aparelho vem bloqueado, dependendo do acordo que a Apple fez em cada país.
Nesses casos, o cliente fica com o celular preso, não podendo usá-lo em viagens, por exemplo. Muitos brasileiros que moram no exterior sofrem com isso.
Também tem o caso dos proprietários do primeiro modelo de iPhone, que necessitam do desbloqueio para poder usar o aparelho no Brasil. A própria Apple já não se preocupa mais com isso, pois não está mais atualizando a baseband dos Classics.
E você? Tem mais razões que justifiquem o jailbreak?
Conte pra gente nos comentários deste artigo. :)
[foto de Willie Chiang]