Êêêê, Zuckerberg… A Meta, dona do Facebook e do Instagram, está novamente no centro de uma polêmica envolvendo a privacidade de usuários do iPhone.
Um ex-gerente de produto acusa a empresa de ter encontrado maneiras de burlar o App Tracking Transparency (ATT) — sistema da Apple que limita o rastreamento de usuários sem consentimento — e, para piorar, de tê-lo demitido após relatar as práticas internamente.
O caso agora está sendo analisado por um tribunal trabalhista no Reino Unido.
O que é o App Tracking Transparency
Lançado em 2021 no iOS, o App Tracking Transparency obriga aplicativos a pedirem autorização explícita antes de rastrear as atividades do usuário em outros apps e sites.
Essa mudança, que a Apple promoveu em defesa da privacidade, foi um duro golpe no modelo de negócios da Meta/Facebook, altamente dependente da coleta de dados para publicidade segmentada.
O próprio Mark chegou a admitir que a nova regra poderia causar uma perda de até US$ 10 bilhões anuais em receita publicitária.
As acusações contra a Meta
Segundo Purkayastha, a Meta encontrou maneiras de continuar rastreando usuários do iPhone mesmo após eles recusarem o rastreamento no App Tracking Transparency.
Para isso, teria utilizado um método chamado deterministic matching, capaz de combinar diferentes dados para identificar e seguir as pessoas entre plataformas, prática mantida por uma equipe restrita e pouco transparente dentro da empresa.
Além da questão da privacidade, o ex-gerente também aponta que a companhia teria manipulado números para inflar os resultados de seus anúncios, apresentando aos clientes métricas mais favoráveis do que a realidade.
Em vez de calcular o valor líquido das vendas, por exemplo, a Meta consideraria valores brutos, incluindo impostos e frete, o que resultaria em relatórios significativamente mais positivos.
Ou seja, a empresa mente para os anunciantes que pagam e pensam que seu anúncio dará um resultado maior do que a realidade, e ao mesmo tempo engana um sistema de proteção de privacidade, explorando ao máximo os dados dos usuários.
Demissão e retaliação
Purkayastha afirma que, após levantar várias vezes essas preocupações com colegas e superiores, foi demitido em fevereiro de 2025, sob a justificativa de baixo desempenho.
Ele alega que a dispensa foi, na verdade, uma retaliação por ter denunciado práticas internas irregulares.
A Meta, por sua vez, nega qualquer irregularidade.
Em sua defesa, afirma que a demissão foi relacionada apenas a questões de desempenho e que não houve retaliação. A empresa ainda classifica as preocupações levantadas como “questões comerciais rotineiras”.
Tribunal deve analisar provas
O processo trabalhista segue em andamento no Reino Unido.
O tribunal considerou que há indícios de mérito no caso, embora tenha rejeitado a solicitação inicial de proteção provisória feita pelo ex-funcionário.
O julgamento completo deve ocorrer nos próximos meses, com expectativa de revelar mais detalhes sobre as práticas da Meta e o impacto real na privacidade de usuários do iPhone.
Se confirmadas as alegações, esse episódio pode se tornar um dos maiores embates recentes entre a Apple e a Meta, evidenciando os desafios da proteção de dados em um cenário dominado pelas Big Techs.
Para os usuários do iPhone, fica a questão: até que ponto as ferramentas da Apple conseguem realmente garantir a privacidade diante das gigantes que procuram, todos os dias, dominar os nossos dados a todo custo?




Seria possível entrar com um processo particular no Brasil, para a Meta parar de rastrear o usuário?