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Uso indevido de propriedade intelectual infelizmente chega à App Store brasileira

Hoje em dia, para garantir um espaço no mundo da tecnologia, há duas maneiras: ou você se esforça para criar algo que possa fazer sucesso ou então você rouba a ideia de outro que já está fazendo sucesso. Não precisamos nem ir muito longe citando o caso dos “copycats” no mundo mobile, pois temos exemplos bem mais próximos na App Store. A “cópia de aplicativos” já é bem conhecida, com alguns desenvolvedores mais inescrupulosos simplesmente clonando títulos de sucesso (como já mostramos aqui).

Com blogs também acontece a mesma coisa. Se você tem um site criativo, original e que atrai muitos leitores, pode ter certeza que alguém irá copiar seus textos e roubar suas imagens sem lhe dar crédito, com a desculpa de que “tá na net então tá liberado”. A mediocridade reina no mundo em que vivemos.

A frustração de quem gasta horas construindo uma coisa, para depois ver que um malandro levou apenas alguns minutos roubando o seu trabalho e ganhando méritos com isso, é muito grande e só quem já passou por isso pode compreender como é.

Mais triste ainda é saber que no mundo dos desenvolvedores brasileiros esse tipo de prática pouco honesta também existe, com gente usando sem autorização o trabalho intelectual de outros, para tentar um espaço no mercado ainda capenga de aplicativos nacionais. E evidências sugerem que o aplicativo Jogo da Forca seja um exemplo disso.

O desenvolvedor Renato Pessanha foi um dos primeiros a fazer aplicativos especialmente para brasileiros e conta com diversos títulos de sucesso. Um de seus primeiros jogos, o Forca Brasil, é de janeiro de 2009 e desde então recebeu atualizações significativas, principalmente na sua interface gráfica. Ele é resultado de anos de trabalho, com uma quantidade de palavras que foi crescendo a cada atualização.

De outro lado, o grupo de desenvolvedores iDevMobile Tec começou no final do ano passado sua história na App Store, depois de um grande sucesso no mundo jailbreak. Sua obra mais popular é provavelmente o aplicativo brasileiro mais famoso do mundo: o iBlacklist, capaz de bloquear números telefônicos no iPhone. Como a Apple não permite esta função no seu sistema, eles aproveitaram a deixa para vender milhares de cópias na Cydia Store.

Semana passada eles lançaram seu mais novo título da App Store, o Jogo da Forca. Com gráficos excelentes e interface agradável, o jogo tinha tudo para seguir um ótimo caminho na loja, se ele não contivesse material intelectual pertencente ao seu concorrente mais famoso. Justamente o jogo que Pessanha levou anos para aprimorar.

Ao analisarmos o banco de dados (o arquivo interno que possui a lista das palavras usadas pelo jogo) dos dois aplicativos, percebemos que eles possuem exatamente o mesmo tamanho, só diferenciando o nome e a data de modificação: um em janeiro e outro em agosto. Qualquer um pode facilmente conferir isso ao baixar os dois aplicativos disponíveis na loja.

Mas se fosse só problema de tamanho de arquivo, poderia ser apenas uma infeliz coincidência. Porém, ao abrir os dois, percebe-se que são exatamente iguais, com as mesmas palavras, na mesma ordem. Não tem como ser resultado do acaso.

Impossível que isso seja coincidência, caracterizando o uso não-autorizado da base de dados do Forca Brasil. É como alguém querer montar um blog sobre iPhone e copiar/colar todos os artigos que são publicados aqui no BDI.

O Blog do iPhone entrou em contato com os responsáveis da iDevMobile, que negaram o uso da base de dados do Forca Brasil, mas ao mesmo tempo já enviaram para a App Store uma atualização com outra base diferente.

Acredito que ao comparar os 2 jogos notará que existem centenas de palavras iguais realmente e categorias semelhantes, mais iguais nao somente ao jogo em questão e sim igual a todos os outros jogos de forca pois sao palavras da lingua Portuguesa.

Infelizmente a coincidência das mesmas palavras, na mesma ordem, em um arquivo do mesmo tamanho, não foi explicada. Uma avaliação com a equipe de desenvolvedores será feita na segunda-feira, para determinar se houve ou não uso indevido da base. Há a possibilidade que algum desenvolvedor (a empresa também trabalha com free-lancers) tenha usado a base sem o conhecimento dos administradores. No entanto, eles se mostraram interessados em resolver o impasse da melhor forma possível.

Outro ponto não muito ético é forçar avaliações na App Store. Já falamos deste problema aqui e infelizmente é hábito com alguns desenvolvedores menos escrupulosos, que usam desta artimanha para ganhar visibilidade na loja da Apple. E o pior: ao mesmo tempo sabotam avaliações de concorrentes, em uma ação anti-competitiva e questionável.

Para descobrir se uma avaliação na App Store é verdadeira ou forçada, basta clicar no nome do usuário e ver o resto de suas avaliações. Geralmente as avaliações são feitas somente para a mesma empresa, tornando fácil a identificação.

Inclusive, quando o próprio desenvolvedor avalia bem os seus aplicativos e negativamente os da concorrência, é porque algo está errado. Muito errado.

Lamentável e revoltante.

O jogo em si é bem feito e tinha tudo para fazer sucesso por si só. Porém, a opção pelo “caminho mais fácil”, se aproveitando de outro que já está pronto, é algo que suja muito a imagem de um desenvolvedor. Além disso, forçar boas avaliações para fazer o aplicativo subir no ranking da Apple e ludibriar os usuários é completamente anti-ético para um jogo, repito, que teria condições de ser bem avaliado por si só, apenas com boa divulgação. Esperamos que a empresa em questão consiga esclarecer logo este problema, que pode ter sido causado por indivíduos e não pelos administradores.

Esse tipo de comportamento não é exclusivo do Brasil, mas mesmo assim nos deixa tristes quando vemos acontecer com nossos compatriotas. Se exigimos moralidade de nossos políticos, devemos também exigir de nós mesmos, pois senão não há como a situação evoluir em nosso país.

Que este (mau) exemplo seja o único e que sirva de alerta para os desenvolvedores que estão entrando agora na App Store: se quer fazer sucesso, saiba que há um caminho árduo para trilhar. Nunca opte pelo mais fácil, pois apesar de ser a solução mais rápida, é também a que dura menos.

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