Se você é leitor das antigas acompanhou aqui a novela que foi a implementação de uma fábrica de produtos Apple no Brasil, em 2011. Com o incentivo do governo e diversas promessas, a Foxconn passou a montar, pela primeira vez fora da China, iPads e iPhones em território brasileiro.
Porém, trapalhadas do governo, greves, e preços nas alturas fizeram com que a maçã optasse por encerrar a montagem do tablet na fábrica de Jundiaí. Por enquanto, o iPhone ainda continua nos planos.
Segundo o jornal Gazeta do Povo, a linha de montagem do iPad na fábrica de Jundiaí (SP) foi desativada no início de abril, e cerca de 70 funcionários já foram demitidos. Os demais 60 que faziam parte da linha de produção foram remanejados, estão de licença ou foram encarregados de desmontarem as máquinas. O futuro deles é incerto na empresa, o que causa um clima de tensão em todos, até mesmo em quem continua na linha de produção na montagem do iPhone. Uma das fontes do jornal comenta: “O desânimo de quem trabalha lá é evidente. O iPad, embora pequeno, tinha um papel fundamental [na operação nacional]. Com o encerramento da produção, muitas coisas ficaram incertas. Vai ter um impacto grande“.
Na fábrica de Jundiaí estava sendo montado o iPad Air 2, que foi retirado de linha recentemente pela Apple. O novo iPad (de 5ª geração) não será produzido aqui.
O iPad na verdade foi o grande incentivador para que a produção começasse a ser feita no país. O governo na época criou a Lei do Bem, que dava incentivo fiscal para produtos produzidos no país. Isso fez com que a Foxconn e Apple se interessassem em produzir seus produtos aqui, para tentar tornar mais viável o preço para os brasileiros. De fato, apesar de ainda com preço elevado, o iPhone 5c chegou a ser vendido aqui por um valor mais barato que nos Estados Unidos, coisa inédita na quase totalidade dos países. Houve uma época também que o iPad mini era vendido por R$1.300, também fruto dos benefícios fiscais.
Porém, as trapalhadas de um governo em crise, encerrando o acordo antes do tempo, trouxe incertezas e desconfiança de grande parte dos investidores estrangeiros. Além disso, a disparada do dólar entre 2014/2015 colocou o preço do iPad nas alturas, o que fez as vendas despencarem vertiginosamente. Junta-se a isso algumas greves de funcionários (que não aceitaram o modo “Foxconn” de trabalho) e o não cumprimento de promessas de investimentos, e no final o resultado é que a produção no Brasil se tornou um mau negócio.
Aliás, no início já questionávamos a razão de se implementar uma fábrica no país, visto que o Custo Brasil (que é o oposto do “Custo China“) dificilmente faria as contas baterem.
Por enquanto, o plano é continuar montando iPhones em território nacional até junho. Atualmente há 2.300 funcionários trabalhando nisso, mas o clima é de incerteza no futuro. Bem ou mal, o preço atual do iPhone (apesar de ainda alto) não acompanhou a taxa normal de conversão, como já elucidamos aqui, sendo um dos menos caros (se considerarmos o preço convertido em dólar) desde o iPhone 4, em 2010. Isso talvez tenha sido possível graças à linha de montagem de Jundiaí.
via Gazeta do Povo