História

O dia que a Renault lançou o carro da Apple

Você aí que sonha em, um dia, adquirir um carro com a marca da Apple, saiba que a empresa já lançou um na década de 90, em parceria com a francesa Renault.

A iniciativa foi na época que a empresa de Cupertino estava mais perdida que cachorro em dia de mudança, fazendo parcerias aleatórias na tentativa desesperada de não ir para a falência.

Conheça aqui a história do Renault Clio Apple, resgatada recentemente pelo site português pplware, com uma pesquisa mais aprofundada feita pelo Blog do iPhone.

Apple em apuros

Na metade da década de 90 a Apple estava passando por momentos bem difíceis.

Foi mais ou menos na época que eu comecei a trabalhar com o Macintosh e o que mais se ouvia eram notícias que a empresa seria comprada por alguma gigante, ou que entraria em falência em breve.

Na época, Steve Jobs era apenas uma lembrança na história da empresa e a linha de produtos era variada demais: tinha impressoras, máquinas fotográficas, laptops variados, palmtops (na verdade O PRIMEIRO palmtop, o Newton) e dezenas de modelos de Macs.

Para piorar, ainda tiveram a ideia de licenciar o macOS para que outras empresas criassem “clones” do Mac com outras marcas. Uma verdadeira bagunça.

E nesse ambiente de caos, alguém na Espanha achou que seria uma boa ideia lançar um carro com a marca da maçã. E escolheram o mais popular na época: um Clio.

Renault Clio Apple

No dia 11 de outubro de 1996, a Apple Espanha anunciou uma inédita parceria com a fabricante automobilística Renault, para lançar uma versão do Clio S que trazia o nome e a marca da maçã.

O primeiro “Apple Car”, que nunca saiu da Espanha.

No comunicado, o anúncio de “uma série especial para jovens empreendedores“. O próprio comercial da época focava em geeks já conectados em salas de bate-papo.

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Mas o que este modelo tinha de tão especial e diferente?

Nada.

Era exatamente o mesmíssimo Clio S que já era vendido. Porém, este tinha uma comunicação voltada diretamente aos jovens que estavam descobrindo o fantástico mudo dos computadores. Mundo este que na época era dominado pelo sucesso arrebatador do Windows 95.

Mas tinha um plus: quem comprava o Clio Apple ganhava de presente um laptop da maçã, o PowerBook 190 e mais um celular GSM para se conectar na internet. Na época, isso era um diferencial e tanto.

O PowerBook 190, rodando o “moderníssimo” System 7.5.

A Apple Espanha investiu pesado nessa parceria. Anúncios na TV e em dezenas de revistas, algumas delas inclusive trazendo um CD híbrido (que rodava tanto no Mac quanto no Windows — sim, naquele tempo tinha esse entrave) com as peças publicitárias da campanha.

No anúncio, as imagens do laptop e do moderno celular que vinham junto com o carro. (Imagem: Mac4ever)

Na parte de fora do carro também tinha a marca Apple. Bem pequena, quase um adesivo colocado após o carro estar pronto, mas mesmo assim presente.

No meu carro de hoje o adesivo da maçã é bem maior. (Imagem: pplware.pt)

O Clio Apple contava com bancos esportivos em pele e tecido, um rádio cassete Philips no modelo S, um rádio CD no modelo RSi, que também trazia um airbag do condutor. O motor apresentava 1.4L e 75cv no modelo S, e 1.8L e 110cv no modelo RSi.

Os tais “500 megas” da propaganda se referia à capacidade interna do HD do PowerBook. Não cabia nem mesmo o conteúdo de um CD inteiro.

Que fim levou o Clio Apple

Bom, se você nunca tinha ouvido antes falar desse carro da Apple, deve ter concluído que ele não tenha durado muito tempo. De fato, nunca chegou a ser vendido fora da Espanha.

O carro não vendeu muito, pois a Apple não era uma marca tão bem vista naquela época. Já tinha seus admiradores ferrenhos, mas não eram tantos assim a ponto de ser um bom filão comercial.

No final daquele ano, 1996, Steve Jobs voltou ao comando da Apple com a missão quase impossível de colocar a empresa em ordem e deixar de dar prejuízo. E um dos seus primeiros atos foi reduzir drasticamente a linha de produtos.

Nem o Newton, que tinha um potencial enorme, escapou dos cortes, e obviamente o Clio Apple não permaneceu nos planos da empresa. Aliás, Jobs era totalmente contrário a associar a marca da Apple a outras empresas, então este tipo de ideia não tinha espaço na nova gestão.

Hoje em dia algumas raras unidades podem ainda ser encontradas nas ruas espanholas ou em lista de usados para colecionadores.


Em 2005, uma parceria similar a essa foi feita com a Motorola, para lançar um celular que rodava iTunes. Não deu certo e a Apple resolveu fazer seu próprio celular, revolucionando o mercado.

Será que o mesmo poderá se repetir em breve na indústria automobilística?

Só o tempo dirá.

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