O modelo de negócios que a Apple adotou no mundo inteiro para a venda do iPhone nunca foi muito parecido com aquele que a Oi pratica. Enquanto que o aparelho sempre foi vendido atrelado a uma operadora, a brasileira seguiu o caminho inverso, o de focar nos serviços e não nos terminais. Mas então, como conciliar os dois modelos para que ela possa vender o iPhone no país?
Na verdade, o acordo que a Apple fez com a Oi é um pouco diferente do que fez anteriormente com Claro, Vivo e TIM. Pelo menos no tocante às lojas online, quem venderá o aparelho não será diretamente a Oi e sim a sua parceira Brighstar.
Exatamente como já faz hoje com outros modelos de celulares, a operadora não venderá nenhum aparelho. O que ela irá disponibilizar serão planos que darão créditos mensais na compra do iPhone pelo site mercadomovel.com.br.
A Mercado Móvel, subsidiária da Brighstar Corp no país e parceira da Oi, é uma distribuidora de celulares e produtos wireless que vende smarthphones desbloqueados e sem vínculo com operadoras através de seu site. Será ela quem realmente venderá o iPhone, com clientes redirecionados da loja virtual Oi. Nossas fontes ainda não puderam informar se a Brighstar terá direito de vender o terminal diretamente ao cliente, sem o intermédio da operadora.
Quanto aos preços dos aparelhos nas lojas, é bom que não se crie muitas esperanças. Eles não serão nada competitivos e muitos gerentes de pontos de venda já estão com baixas expectativas, planejando fazer pedidos pequenos e em consignação para o natal (o que não for vendido, é devolvido para a distribuidora).
Em compensação, os descontos virão embutidos nos planos da operadora. Ela irá disponibilizar preços de serviços diferenciados para quem comprar um iPhone através dela, algo como 15% de desconto em pacotes de dados 3G, por exemplo, além de crédito mensal na fatura, para que depois de alguns meses o preço do aparelho seja compensado.
Para se ter uma referência, ela hoje já faz algo parecido com sua “promoção smartphone“, que reembolsa depois de 10 meses o valor de R$1.750,00 no plano mais caro, o Oi 1250. Quanto maior o plano, maior a compensação. Esta é só uma estimativa, pois ainda não se sabe como será o plano especial para o iPhone.
Seja como for, as vendas não irão começar antes do mês que vem. A partir deste sábado, o site da operadora estará aceitando o cadastro de interessados nos aparelhos, mas a exemplo do que fizeram as outras operadoras, ele não terá informações de preços nem de datas, não caracterizando uma pré-venda.
Na verdade, a Oi não vai trazer grandes novidades para o cenário do iPhone no Brasil. A única diferença é que os aparelhos já serão vendidos desbloqueados, diferente das outras operadoras que realizam o desbloqueio somente quando solicitado pelo cliente (a TIM cobra pelo serviço). De resto, será o mesmo modelo de descontos através de planos, que na Oi será mensal, o que não deixa de ser uma fidelidade mascarada. O cliente pode sair da operadora quando quiser, mas se sair antes não obterá os descontos que tem direito.
Considerando que, segundo uma pesquisa recente, 82% dos celulares no Brasil são usados com pré-pago, dificilmente a entrada de mais uma nova operadora irá mudar o quadro de vendas do telefone da Apple em nosso país.