No dia 8 de abril, a Apple anunciou a sua entrada no mercado de publicidade online. Apresentada como iAd Network e com data prevista de lançamento para o dia 1º de julho deste ano, a plataforma promete, segundo palavras de Steve Jobs, “combinar a emoção da TV com a interactividade da Web e oferecer aos usuários uma forma nova para explorar anúncios sem sair das suas aplicações favoritas”.
Publicidade dentro de aplicativos no iPhone e iPod Touch não são novidades (e os usuários de aplicativos gratuitos nestas plataformas sabem muito bem disso). O modelo de propaganda In-App (incorporada no app), com parte da renda revertida para os programadores, já foi largamente utilizada por empresas como a Admob e a Adwhirl no iPhone. E o modelo deu certo: a Adwhirl foi comprada pela Admob e em novembro de 2009, que por sua vez foi comprada pela… Google. A gigante do webadvertising pagou pela operação nada mais, nada menos que 750 milhões de dólares.
Para a Apple, isso não caiu bem. Ter a Google controlando a propaganda no seu celular não agradou e por isso a guerra foi declarada: tendo o controle total sobre o hardware e o software, a Maçã revisou as regras de propaganda no iOS e proibiu o envio de aplicativos com publicidade de redes independentes, como a Admob. Com uma manobra simples, a empresa de Jobs entra em um mercado pronto para ser explorado e ao mesmo tempo, deixa uma mensagem clara para a Google: cada um na sua.
Explicando melhor: o negócio da Google é vender anúncios. E para ter onde vender anúncios, ela desenvolveu (ou comprou) o Youtube, Google Earth, Chrome, Reader, Gtalk, News, Gmail, Orkut, TV, Android, etc….
O negócio da Apple é vender produtos, softwares e conteúdo. E para ter onde vender isso ela desenvolveu (ou comprou) Apple TV, Macbooks, iMacs, iPods, iPads, iPhones, iOS, Mac OS e iTunes Store.
Fica a pergunta: usuários ganharam publicidade inovadora ou comerciais obrigatórios?
Desenvolvedores ganharam mais uma maneira de rentabilizar seus aplicativos ou perderam o direito a alternativas?
A Apple demonstra, mais uma vez, que interpreta muito bem o papel de menino mimado: Ela chama todo mundo pra brincar no play, mas quando acha oportuno, muda as regras do jogo.
Ela é a dona da bola.