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Tim Cook admite que pode rever política de preços do iPhone em alguns países

Mas executivo não diz quais países

Existem três coisas muito raras que a gente não vê acontecendo todo o dia:

  • Político honesto
  • Ser atendido em um consultório médico na hora marcada
  • A Apple admitir que seus produtos são caros demais

Pois este último aconteceu esta semana, por incrível que pareça. Tim Cook, em entrevista para a agência de notícias Reuters, declarou que a queda nas vendas dos iPhones fez a empresa repensar sua política de preços para alguns países.


Mesmo sendo algo pouquíssimo provável, nós aqui já vínhamos imaginando que algo do tipo poderia acontecer (leia: “A Apple vendeu menos iPhones que o esperado. E isso pode ser uma boa notícia“). Cook agora confirmou o que havíamos imaginado.

Nesta terça, aconteceu a apresentação dos Resultados Fiscais da Apple no primeiro trimestre do ano fiscal (Q1, que para a maçã acontece entre setembro e dezembro). E como já adiantado no início de janeiro, as vendas de iPhone tiveram uma significante queda.

A Apple sempre nos acostumou a bater recordes atrás de recordes. Desde o lançamento do iPhone, em 2007, ela sempre superou a cada Q1 o faturamento do ano anterior. Agora, em 2019, é a primeira vez que este resultado cai em relação ao período precedente, o que mostra que os iPhones ainda são o carro chefe da maçã, influenciando diretamente no faturamento total.

Repare que não é um resultado “ruim”. Qualquer outro concorrente adoraria ter faturado 84 bilhões de dólares no último trimestre. O resultado inclusive é melhor que o Q1 de 2017, perdendo apenas para o impressionante faturamento do Q1 2018. Se há um ano o resultado tivesse sido mais discreto, apenas superando um pouco o de 2017, hoje a Apple estaria apresentando mais um crescimento. Portanto, não, a Apple não “está falindo”, como alguns haters adoram repetir. Um dia provavelmente eles acertarão, mas parece que isso ainda está longe de acontecer.

Mas, de fato, este resultado puxado “para baixo” foi decorrente de um número bem menor de iPhones vendidos. Repare: o iPhone não deixou de ser vendido, ele apenas vendeu menos do que no ano anterior. Menos pessoas decidiram trocar seus iPhones atuais por um novo, ou não se sentiram incentivadas a deixar seu Android por um celular com iOS.

Mas assim como Jony Ive tem uma fixação por dispositivos cada vez mais finos, Tim Cook tem a sua também: faturar cada vez mais e bater recordes de resultados. Por isso, o fato deste trimestre ter sido menor que o do ano passado faz acender um grande alerta vermelho na cabeça dele.

Na carta aberta que escreveu no início de janeiro, ele aponta algumas causas da queda de vendas do iPhone. Uma delas é a desaceleração da economia da China, que fez outras empresas (como Samsung e LG) também anunciarem que deverão ter quedas em seus lucros. Ele também admitiu que, em alguns países com moedas mais fracas, o peso dos preços foi enorme.

É o caso do nosso Brasil. Com a disparada do dólar no ano passado, os preços que já eram altíssimos ficaram estratosféricos. Foi um ano difícil até mesmo para quem está acostumado a comprar em outro país, pois a conversão para Real castigou a todos. Ficou absolutamente difícil comprar um produto Apple no Brasil.



E não só aqui. Países como a Índia e até mesmo a China sofreram bastante com a alta do dólar, e como a maçã não deu atenção para este fator, os preços ficaram irreais para os consumidores locais.

Na entrevista que deu à Reuters, Tim Cook admitiu que este foi um importante fator que eles não tinham dado atenção.

“Quando você analisa as moedas estrangeiras e particularmente esses mercados que enfraqueceram no último ano, o valor do iPhone obviamente subiu muito nestes lugares.”

Na mesma entrevista, ele anuncia um ato inédito para a empresa, e que impressiona:

“Assim que entramos em janeiro e analisamos as condições macroeconômicas de alguns mercados, decidimos voltar atrás com nossos preços locais para algo próximo do que eram há um ano, na expectativa de melhorar as vendas nestas regiões.” Tim Cook

Isto mesmo: a Apple irá baixar o preço dos iPhones em alguns países.

Mas calma, não crie expectativas em excesso.
O Tim não disse em quais países isso irá acontecer. E mesmo que o Brasil seja incluído neste plano, não espere que, agora, o iPhone fique baratinho. Voltar os valores ao início de 2018 significa que um modelo XR, por exemplo, poderia ser vendido a partir de R$4.000. Um preço ainda bem elevado, porém bem abaixo dos R$ 5.199 atuais.

A notícia é boa? Claro que é. Como dito no início, é muito raro ver a Apple baixar os preços de seus produtos, principalmente no Brasil. O dólar está demorando mais do que o esperado para cair após a definição das eleições, mas se a Apple decidir incluir nosso país nesta nova política de preços, seremos todos beneficiados.

Fonte
Reuters
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