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ONU se posiciona a favor da Apple no caso contra o FBI

Na última semana, mais alguns capítulos desta novela foram desenrolados, alimentando ainda mais a tensão entre Apple e o FBI no caso do iPhone 5c usado por Syed Farook, um dos dois atiradores que mataram 14 pessoas em um atentado em San Bernardino, Califórnia, em dezembro passado.

ONU apoia a Apple

O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos se manifestou oficialmente no caso FBI x Apple, publicando um comunicado apoiando a não decriptação de smartphones.

“Com o objetivo de resolver um problema de segurança decriptando os dados de um caso bem preciso, as autoridades arriscam abrir uma verdadeira caixa de Pandora, com implicações que podem ser extremamente prejudiciais aos direitos humanos de milhões de pessoas, tanto físicas quanto jurídicas. Forçar o desbloqueio de iPhones é um presente para regimes autoritários”.

Com este apoio por parte da ONU, fica claro que o problema não é mais somente dos Estados Unidos, se transformando em uma questão mundial, como sempre defendemos aqui.

Empresas e instituições que apoiam a Apple

A Apple também publicou uma página em seu site em que elenca várias empresas e instituições que a apoiam na briga contra as imposições do FBI. Entre elas, podemos ver o Google, Microsoft, Dropbox, Yahoo, Mozilla, AT&T, Evernote, WhatsApp, Facebook e tantos outros.

Marido de uma sobrevivente

Essa semana, a Apple também publicou em seu site a carta do marido de uma sobrevivente, em que coloca várias questões sobre o controle que o condado tinha sobre o iPhone, que era empresarial e não pessoal.

“Este é um telefone da empresa. Até a minha esposa tinha um iPhone fornecido pelo Condado, e ela nunca o usou para comunicações pessoais. San Bernardino é um dos maiores condados do país. Eles podem monitorar o telefone por GPS se precisarem saber onde o funcionário está durante o horário de trabalho, e isso os próprios funcionários sabem muito bem. O condado tem também pleno controle sobre as contas do iCloud e sobre as comunicações realizadas através destes telefones. Eu me pergunto qual a razão de alguém querer guardar neste iPhone de controle empresarial qualquer contato pessoal ou comunicações com cúmplices de crimes, quando sabe que aquele iPhone é controlado pelo Condado. Todos os terroristas que atuaram no atentado de San Bernardino destruíram seus telefones pessoais durante o ataque, e fizeram isso por um motivo específico. Para mim, acho praticamente impossível que este iPhone 5c do terrorista tenha alguma informação útil. Estou bem decepcionado com a forma na qual estão sendo gerenciadas as investigações.”

Relembrando, um dos terroristas era funcionário do Condado de San Bernardino e o iPhone 5c encontrado era fornecido para trabalho. A equipe de TI tinha controle total sobre o aparelho, tanto que foi capaz de mudar a senha do iCloud 24h depois o atentado, a pedido do FBI.

Suposto vírus perigoso

Ontem, um promotor de San Bernardino, disse a um juiz federal que a Apple deve auxiliar as autoridades a desbloquear o iPhone 5c, que teria armazenado, segundo ele, um perigoso “patógeno cibernético adormecido“. Este vírus poderia colocar em risco todo o departamento de saúde do condado, onde o terrorista era empregado.

A coisa é tão absurda que alguns especialistas em segurança estão até fazendo piada, dizendo que se buscarem bem, encontrarão até unicórnios dentro do iPhone. Estão tentando de tudo para induzir a corte a obrigar a Apple a dar o que o FBI quer. O julgamento acontece no dia 22 de março.

Sabatina no Congresso

Advogados da Apple e o chefe do FBI participaram esta semana de uma seção no congresso americano, onde foram questionados sobre vários pontos do caso do iPhone de San Bernardino. No final, a maioria dos parlamentares se mostraram contra a tentativa do FBI em procurar meios judiciários para tentar passar sobre o que se discute no Congresso a respeito de privacidade e obrigações das empresas.

Nossa opinião

A convite da Bia Kunze (a Garota Sem Fio), conversamos no início da semana sobre toda esta polêmica e da importância desta discussão para o futuro de nossa privacidade. O vídeo tem um pouco mais de meia-hora e resume nossa posição sobre todo este caso. Se quiser conferir, o vídeo está aqui em baixo:

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