Moraes volta atrás sobre bloqueio de VPNs após ordem de suspensão do X no Brasil
Moraes ajusta decisão sobre bloqueio de VPNs após suspensão do X, visando minimizar impactos a terceiros
Nesta sexta (30), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizou mais um capítulo da intensa batalha entre o Judiciário brasileiro e a rede social X, controlada pelo bilionário Elon Musk.
Após determinar a suspensão completa da rede social no Brasil, o ministro revisou parte de sua decisão original que ordenava o bloqueio de downloads de aplicativos de redes privadas virtuais, conhecidas como VPNs.
A mudança de posicionamento reflete as complexidades envolvidas na tentativa de regular o uso da internet e proteger a ordem pública, sem causar prejuízos desnecessários a terceiros.
A suspensão do X e as medidas iniciais
A decisão de suspender o X no Brasil foi tomada após a empresa desobedecer diversas ordens judiciais que exigiam, entre outras coisas, a remoção de perfis que propagavam desinformação e ataques contra instituições democráticas.
Além disso, a empresa se recusou a nomear um representante legal no Brasil, como é exigido por lei para todas as grandes plataformas que operam no país.
Na determinação original, além da suspensão da rede social, Moraes ordenou que as lojas virtuais, como a App Store da Apple e o Google Play, dificultassem o acesso e o download de aplicativos de VPNs. A intenção era impedir que os usuários utilizassem essas ferramentas para burlar o bloqueio e continuar acessando o X.
Porém, como tínhamos enfatizado aqui, era desproporcional tentar proibir o acesso à VPNs de cidadãos comuns que utilizam a ferramenta para diversas coisas lícitas.
O recuo sobre o bloqueio de VPNs
No entanto, Moraes recuou sobre a parte de sua decisão que envolvia o bloqueio dos aplicativos de VPN.
O ministro justificou que essa medida poderia causar “eventuais transtornos desnecessários e reversíveis” a empresas que não têm ligação direta com o conflito entre a Justiça brasileira e o X.
Assim, a execução desse ponto da decisão foi suspensa temporariamente, até que haja novas manifestações das partes envolvidas e o cumprimento integral das decisões judiciais pendentes.
As implicações do recuo e o papel das VPNs
As VPNs são ferramentas amplamente utilizadas para proteger a privacidade dos usuários e permitir o acesso a conteúdos restritos geograficamente.
No contexto brasileiro, o bloqueio dessas ferramentas levantou preocupações sobre a extensão do poder regulatório e os efeitos colaterais que uma medida tão abrangente poderia ter.
Empresas de tecnologia, ativistas da privacidade e usuários expressaram preocupações de que o bloqueio de VPNs poderia prejudicar a liberdade digital e impactar negativamente negócios que dependem dessas ferramentas para proteger dados e operar de forma segura.
No entanto, a multa de R$ 50 mil por dia para qualquer pessoa ou empresa que tente utilizar essas ferramentas para acessar o X durante o período de suspensão permanece em vigor.
X deverá sair do ar nas próximas horas
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) foi incumbida de garantir a suspensão do X no Brasil, tendo 24 horas para reportar ao STF as medidas tomadas.
Até o momento de publicação deste artigo, a rede social ainda estava no ar em território brasileiro.
A decisão equivocada
A decisão de obrigar Apple e Google a retirar todos os aplicativos de VPN de suas lojas foi algo considerado desproporcional, com alguns avaliando ser um verdadeiro tiro no pé.
O bloqueio de VPNs é típico de países autoritários, como a Rússia, que recentemente proibiu este tipo de ferramenta no país.
Adotar a mesma atitude no Brasil só daria munição aos inimigos do próprio Ministro Alexandre de Moraes, que geralmente o acusam de ditador. Além disso, prejudicaria milhares de usuários legítimos que usam a VPN até mesmo como ferramenta de trabalho.
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