No Brasil a Apple terá que permitir outras lojas de aplicativos no iPhone, segundo a Justiça

A Apple foi derrotada na Justiça brasileira e terá que permitir pagamentos de terceiros e o sideloading (instalação de apps fora da App Store) no iOS dentro de 90 dias.
A decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) restabeleceu a injunção imposta pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão responsável pela regulação da concorrência no Brasil.
A determinação é resultado de uma investigação motivada por uma denúncia do Mercado Livre, que acusou a Apple de práticas anticompetitivas ao impedir métodos alternativos de pagamento e restringir a instalação de aplicativos apenas à sua loja oficial.
O caso segue o mesmo caminho de regulações adotadas na Europa, que forçaram a empresa a abrir o iOS a concorrentes.
➽ Cade exige que a Apple libere no Brasil opções de pagamento em aplicativos ➽ Justiça Federal anula medida do Cade contra a Apple
iOS será mais aberto no Brasil
Com a decisão judicial, a Apple tem até 90 dias para cumprir as exigências e permitir que pagamentos de terceiros e o sideloading funcionem no Brasil. Caso contrário, a empresa pode enfrentar multas ou novas penalidades impostas pelos reguladores.
Resta saber se a Apple implementará as mudanças de forma ampla ou tentará limitar suas funcionalidades, como tem feito na Europa, onde cobrou taxas adicionais para desenvolvedores que optam por lojas alternativas.
O processo contra a Apple
O Cade iniciou sua investigação contra a Apple em 2022, após uma denúncia do Mercado Livre.
A empresa alegava que a Apple impunha restrições excessivas aos desenvolvedores ao impedir a oferta de métodos de pagamento externos e bloquear a instalação de aplicativos fora da App Store.
Em novembro de 2023, a Superintendência-Geral do Cade determinou medidas para acabar com essas práticas, exigindo mudanças imediatas no ecossistema da Apple.
Inicialmente, a empresa de Cupertino conseguiu suspender a decisão na Justiça Federal do Distrito Federal.
No entanto, agora o TRF-1, por meio do juiz Pablo Zuniga, restabeleceu as exigências do Cade, concedendo um prazo ampliado de 90 dias para a Apple se adequar.
Os argumentos da Justiça
Na decisão, o juiz afirmou que a estrutura fechada do iOS e as restrições impostas à venda de aplicativos por terceiros justificam a ação preventiva do Cade.
Segundo ele, manter esse modelo sem intervenção poderia dificultar a entrada de concorrentes e prejudicar a concorrência no setor.
Embora tenha concedido um prazo maior para a Apple implementar as mudanças, o juiz destacou que a empresa já cumpriu exigências similares em outros países sem demonstrar impacto significativo em seu modelo de negócios.
Além disso, justificou a urgência da medida afirmando que o mercado de tecnologia evolui rapidamente e que práticas anticompetitivas podem se tornar irreversíveis se não forem corrigidas a tempo.
A resposta da Apple
Em comunicado ao jornal Valor Econômico, a Apple criticou a decisão e afirmou que as medidas impostas pelo Cade podem comprometer a privacidade e a segurança dos usuários.
A empresa declarou que pretende recorrer da sentença, mantendo seu posicionamento de que a abertura do iOS a pagamentos externos e ao sideloading poderia trazer riscos aos consumidores.
A Apple também defendeu que opera em um mercado competitivo e que inovação e segurança são pilares de sua plataforma.
Essa não é a primeira vez que a Apple enfrenta desafios regulatórios quanto à sua política de distribuição de aplicativos.
Na União Europeia, a empresa foi forçada a permitir lojas alternativas no iOS e oferecer mais opções de pagamento para desenvolvedores, como parte da Lei dos Mercados Digitais (DMA).
Agora, o Brasil se junta ao grupo de países que pressionam a empresa a adotar uma postura mais aberta. E pode ser apenas o começo para que mais e mais países ao redor do mundo adotem a mesma postura.
Considerando os atuais caminhos que a Apple tem trilhado, penso que podar suas asas é a única opção.
Sem criatividade o seu maior trunfo é proteger seu parquinho, nos tornando reféns do seu modo de trabalhar e impedindo a todo custo que uma concorrência saudável apareça.
Aliás, este tem sido o comportamento padrão da maioria das BigTechs. Além de, é claro, vomitar "IA" a ponto de não suportarmos mais ouvir este termo.
Ao mesmo tempo é sempre temerário desejar que o governo regule a forma de uma empresa oferecer seus serviços, isso sempre (ênfase no sempre) cria precedentes perigosos…
Torcendo pelo nascimento do próximo Jobs, Tesla, Da Vinci, Marconi…