Golpe no WhatsApp tem participação de funcionários de operadoras
Não é novidade o fato de haver funcionários dentro de operadoras brasileiras que contribuem para crimes de todos os tipos. Talvez a falta de cuidado em contratar permita que alguns desses empregados tenham um ganho extra ajudando criminosos. Na época em que o iPhone vinha bloqueado com a operadora, por exemplo, era comum ver anúncios de desbloqueio por IMEI, tudo gerenciado por atendentes que tinham acesso às ferramentas oficiais.
Esta semana, foi divulgado outro tipo de golpe usando o aplicativo de mensagens mais famoso no Brasil: o WhatsApp. O engodo está acontecendo em diversos estados do país e consiste em se apossar do número de telefone de alguém para ter acesso ao aplicativo e suas mensagens.
Provavelmente você já sabe como funciona a instalação do ‘zapzap‘ em um novo aparelho. Você abre pela primeira vez o app e ele pede que você informe seu número de telefone. Aí então ele envia para este número um SMS com um código para ter acesso à sua conta e liberar o aplicativo, importando todos os grupos ativos.
O golpe consiste em ter alguém dentro da operadora que consiga habilitar outro chip com o mesmo número, fazendo com que uma pessoa mal intencionada possa instalar o WhatsApp em um novo aparelho e ter acesso à conta daquele número.
Com isso, esta pessoa pode começar a se passar pelo real proprietário do número, colhendo informações necessárias para enganar contatos e pedir dinheiro. Há casos em que duas irmãs receberam mensagens que pensavam ser de seu pai, em que ele pedia para depositar dinheiro em uma determinada conta bancária. No total, elas depositaram R$1.800 na conta que, descobriu-se depois, era de um golpista.
Em Pernambuco, isto acabou acontecendo com um advogado que percebeu que seu telefone tinha perdido o sinal.
“Por volta das 17h desta quinta-feira (9) meu número parou de funcionar. Imediatamente acionei a gerente do meu escritório, que é quem cuida das linhas corporativas da empresa, e pedi que ela me repassasse um chip reserva. Para minha surpresa, quando entramos em contato com a operadora, fomos informados que esse outro chip já havia sido ativado.”
Ele então comunicou nas redes sociais o acontecido, mas já era tarde. Dois de seus amigos já tinham depositado dinheiro na conta do golpista após receberem uma mensagem supostamente do advogado, pedindo ajuda em uma transferência.
“Pelo que me disseram, a pessoa que se passava por mim afirmava que estava tentando fazer uma transferência de R$ 15 mil, mas só estava conseguindo transferir parte do dinheiro. Depois disso, pedia para a pessoa repassar o restante do dinheiro que ‘eu’ lhe reembolsaria posteriormente. Um deles transferiu R$ 6 mil e outro R$ 3 mil.”
Em Mato Grosso, o delegado José Carlos Damian, da Delegacia de Estelionato da Polícia Judiciária Civil, explica que até mesmo pessoas mais esclarecidas acreditam na fraude, por estarem vendo foto da pessoa e o histórico de conversas anteriores. “Como o criminoso tem acesso aos dados do telefone, incluindo as mensagens trocadas pelo aplicativo, ele tem a noção exata sobre o que as vítimas conversam e como se relacionam. Isso possibilita que ele seja ainda mais convincente na abordagem”, destacou o delegado.
Houve casos registrados no Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Maranhão e São Paulo, mas isto pode estar acontecendo em mais regiões.
Dicas de segurança
A primeira dica é nunca atender pedidos de depósito apenas por mensageiros eletrônicos. Se algum conhecido lhe pedir ajuda através de mensagem, ligue para ele ou converse pessoalmente, para ter certeza que o caso é real.
A segunda dica já demos aqui na semana passada. Recentemente o WhatsApp adicionou a possibilidade de incluir a Verificação em Duas Etapas, que permite você criar uma senha que será solicitada toda vez que for instalar o aplicativo em um novo aparelho. Isso garante que mesmo que alguém roube seu número, não consiga ter acesso à sua conta e, assim, não possa aplicar este golpe.
Além desses, há diversos outros golpes no WhatsApp em que você precisa tomar cuidado, como o suposto truque de “mudar a cor do app” ou o de “ganhar créditos telefônicos” compartilhando um link. Tenha sempre cuidado com o que você compartilha e, principalmente, o que você recebe de outros.
Muita gente esquece de pensar quando usa as redes sociais, o que possibilita este tipo de enganação. Não ser um desses já é um grande passo para não ser enganado.
via Jornal do Commércio, mt.gov e Fantástico