DeepSeek, a IA chinesa que está deixando as Big Techs de boca aberta

Um novo protagonista entrou na disputa pelo domínio da inteligência artificial, e ele vem da China.
O DeepSeek R1, um modelo de IA de código aberto desenvolvido pela startup chinesa DeepSeek, está impressionando especialistas ao redor do mundo e provocando uma reação nas grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos.
Além de rivalizar em desempenho com o ChatGPT, o DeepSeek R1 é gratuito, exige menos capacidade computacional e desafia os gigantes do setor ao demonstrar que eficiência pode ser mais relevante do que grandes investimentos.
O app hoje (27) é o mais baixado na App Store brasileira na categoria Produtividade, passando inclusive o ChatGPT.

O que é o DeepSeek R1?
O DeepSeek R1 é uma IA de código aberto que promete competir de igual para igual com os sistemas mais avançados do mercado.
Desenvolvido com um orçamento de apenas US$ 6 milhões – muito abaixo dos bilhões de dólares investidos por empresas como OpenAI e Meta – o modelo foi treinado usando 2.000 chips Nvidia H800, versões adaptadas às restrições comerciais impostas pelos EUA à China.
Apesar dessas limitações, o DeepSeek R1 mostrou-se incrivelmente eficiente, chegando a superar o ChatGPT em alguns testes de desempenho.
Sua criação foi liderada pela startup DeepSeek, que nasceu em 2023 como um projeto independente da gestora de investimentos quantitativos High-Flyer, responsável por administrar cerca de US$ 8 bilhões em ativos.
Por que o Código Aberto é tão importante?
Se a primeira coisa que você pensou foi no fato do app ser chinês e poder ser controlado pelo governo do país, talvez precise saber que há mais transparência do que qualquer outra solução de grandes empresas.
O DeepSeek R1 adota uma abordagem open source (código aberto), o que o diferencia das soluções proprietárias de gigantes como OpenAI e Google.
Isso significa que qualquer pessoa ou empresa pode acessar o código, estudá-lo, adaptá-lo e utilizá-lo livremente.
Dá para imaginar diversas vantagens:
- Democratização da tecnologia: Permite que startups, acadêmicos e pequenas empresas acessem tecnologia de ponta sem altos custos.
- Inovação coletiva: A comunidade global de programadores pode colaborar para aprimorar o modelo, corrigir falhas e criar novas funcionalidades.
- Transparência: Usuários podem entender como o sistema funciona, aumentando a confiança e a ética no uso da IA.
- Concorrência saudável: Pressiona as Big Techs a oferecerem soluções mais acessíveis e menos centralizadas.
Ao adotar essa estratégia, o DeepSeek não apenas torna a tecnologia mais acessível, mas também desafia a concentração de poder nas mãos de poucas empresas, como OpenAI, Meta e Google.
IA de baixo custo é possível
Figuras influentes da tecnologia, como Marc Andreessen (Andreessen Horowitz) e Satya Nadella (Microsoft), elogiaram o DeepSeek R1 por sua eficiência e potencial disruptivo.
Andreessen destacou que o modelo é uma “dádiva para o mundo” por ser open source, enquanto Nadella o classificou como “super impressionante”.
Por outro lado, Sam Altman, CEO da OpenAI, minimizou o impacto do modelo chinês, afirmando que é “relativamente fácil copiar algo que já funciona”, em uma tentativa de valorizar as inovações pioneiras de sua própria empresa.
Apesar da rivalidade, o sucesso do DeepSeek levanta um alerta para o mercado americano. Enquanto as Big Techs dependem de supercomputadores gigantescos e investimentos bilionários, o modelo chinês provou que é possível alcançar resultados semelhantes com um custo significativamente menor.
E não é a toa que a notícia já fez o valor das ações de empresas como Nvidia despencarem mais de 13%.
A censura chinesa
Embora o DeepSeek R1 possa ser transparente e seu código analisado por qualquer pessoa, na China ele enfrenta algumas limitações de censura.
Por exemplo, o modelo evita responder a questões politicamente sensíveis, como o massacre da Praça da Paz Celestial. Nessas situações, ele desvia o assunto para temas neutros, como matemática e programação.

Contudo, essa limitação não se aplica a desenvolvedores internacionais.
Como o código é aberto, programadores fora da China podem usar o DeepSeek para criar aplicativos sem restrições políticas, aumentando seu apelo global.
Como o DeepSeek pode mudar o mundo?
O DeepSeek R1 é mais do que uma conquista tecnológica; ele é um marco estratégico.
Em um cenário onde a inovação em IA parecia depender de orçamentos astronômicos e acesso a supercomputadores de última geração, o modelo chinês mostra que eficiência e colaboração podem ser igualmente poderosas.
Além disso, sua abordagem de código aberto democratiza o acesso à tecnologia e reduz a dependência das Big Techs, algo crucial para países e empresas que buscam maior autonomia tecnológica.
O surgimento do DeepSeek R1 levanta uma questão importante: será que os modelos de IA open source serão o futuro da tecnologia? Se o sucesso inicial do DeepSeek for um indicativo, essa abordagem pode inaugurar uma nova era de acessibilidade, inovação coletiva e descentralização.
Será?