As lojas alternativas de aplicativos para iPhone prometem ter um futuro agitado. O movimento começou na Europa, onde a Apple foi obrigada pelo Digital Markets Act (DMA) a abrir o iOS para outras lojas além da App Store.
No centro dessa revolução está a AltStore, criada por Riley Testut, que acaba de receber um investimento de US$ 6 milhões.
A quantia vai ajudar a loja a crescer, expandir sua equipe e consolidar sua posição como a principal alternativa à App Store.
Mais dinheiro, mais liberdade
O investimento foi liderado pela Pace Capital, que agora é dona de 15% da AltStore. O objetivo é simples: dar fôlego para o projeto crescer e alcançar novos mercados.
A AltStore começou de forma discreta, focada em abrigar o emulador Delta, que permite jogar títulos clássicos do Game Boy e do Nintendo 64 no iPhone.
Mas com o DMA em vigor, o escopo ficou muito maior: agora a loja aceita vários tipos de aplicativos, inclusive o UTM, que permite rodar máquinas virtuais completas no iOS — algo impensável na loja oficial da Apple.
A ideia da AltStore é simples e poderosa: dar mais liberdade a desenvolvedores e usuários.
Quem cria aplicativos pode publicar o que quiser, sem depender da aprovação da Apple, e ainda paga taxas muito menores.
Na prática, isso abriu espaço para apps experimentais e ferramentas que nunca teriam vez na App Store — justamente por fugirem das limitações impostas pela empresa.
Para Riley Testut, o propósito é construir um ecossistema mais aberto e colaborativo, onde os desenvolvedores tenham voz e possam conversar diretamente com seus usuários.
AltStore no Fediverso
Um dos planos mais ousados da AltStore é transformar a forma como interagimos com aplicativos.
A loja está se integrando oficialmente ao Fediverso, a rede social descentralizada que conecta plataformas como Mastodon, Threads e Bluesky.
Na prática, isso significa que cada aplicativo disponível na AltStore vai ter sua própria conta social, como se fosse um perfil de rede.
Assim, qualquer pessoa poderá seguir um app, curtir atualizações, comentar novidades e até responder a publicações — tudo de forma aberta e pública, fora dos limites da Apple.
O mais interessante é que essas interações não ficarão apenas no Mastodon ou Threads: elas também vão aparecer dentro da própria AltStore, que passará a exibir curtidas, comentários e compartilhamentos como parte da experiência do usuário.

E se você entrar na AltStore com a mesma conta que usa no Mastodon, poderá interagir diretamente ali, sem precisar sair do app.
Nos bastidores, a equipe da AltStore firmou parceria com a Mastodon gGmbH, empresa responsável pelo desenvolvimento oficial do Mastodon, para criar um servidor próprio, disponível em beta no endereço explore.alt.store.
A loja também está integrando o Bluesky por meio do sistema Bridgy Fed, que conecta as duas redes.
A ideia de Riley Testut é fazer com que os aplicativos deixem de ser apenas ícones em uma tela e passem a ter uma presença social, onde desenvolvedores e usuários possam conversar, dar feedback e acompanhar novidades de forma direta — sem intermediação da Apple ou de algoritmos fechados.
Com US$ 6 milhões fresquinhos em caixa, a AltStore deixa claro que está pronta para brigar de igual para igual com a App Store e, quem sabe, mudar a maneira como instalamos aplicativos no iPhone.

