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Apple cede à pressão e adia implementação do recurso de privacidade do iOS 14 para 2021

Outro dia explicamos aqui um novo recurso do iOS 14 que impede o rastreamento do usuário entre aplicativos. Destacamos também o quanto as agências de marketing online estavam apavoradas com a potencial perda de dinheiro que vão ter.

Mas, apesar de ser algo ótimo para o usuário, a Apple parece ter cedido à pressão e adiou a obrigatoriedade de implementação da nova política, pelo menos até o início de 2021.

A notícia é ruim para nós usuários. Há quem tente dourar a pílula ao ficar do lado das grandes corporações de marketing, dizendo que “geram empregos para milhares de pessoas ao redor do mundo“, mas a grande verdade é que este dinheiro é gerado com os dados dos usuários, sem nem ao menos o conhecimento deles.

Este mercado foi criado praticamente nos bastidores, se aproveitando do crescimento da internet para usar, para proveito próprio, os dados de todos os usuários. É algo que nem deveria ter iniciado, não importa o quanto de dinheiro isso hoje movimente.

O novo recurso do iOS 14 simplesmente avisa o usuário do que está sendo feito, dando a ele a opção de permitir ou não.

Isso é bem diferente dos avisos que aparecem na parte inferior de alguns sites, em que um texto minúsculo simplesmente avisa que “o site usa cookies“, sem realmente explicar o que isso significa ou dar a opção de recusar. É um pró-forma que na prática não serve para nada.

Implementação adiada em alguns meses

Nesta quinta (3), a Apple comunicou aos desenvolvedores que a obrigatoriedade de adotar a nova função foi adiada para o início de 2021, sem data ainda definida.

Para dar aos desenvolvedores o tempo para que sejam feitas as mudanças necessárias, os apps serão obrigados a receber permissão para rastrear usuários a partir do início do ano que vem. Mais informações, incluindo uma atualização para as Diretrizes da App Store, serão divulgadas nos próximos meses.

Com certeza o mercado terá que se adaptar a isso, arranjando outros meios de ganhar dinheiro na internet. O tempo que a Apple está dando é para isso.

Ou seja, o recurso ainda será implementado no iOS 14, mas os desenvolvedores ainda não serão obrigados a adotá-lo em 2020.


O John Gruber fez uma comparação engraçada de como funciona a publicidade hoje em dia, inspirado no comercial que a Apple divulgou esta manhã, em que imagina como as situações online poderiam acontecer no mundo real.

Imagine se você fosse fazer compras em uma drogaria, examinasse alguns frascos de protetor solar, mas saísse da loja sem comprar nada.

E na rua, imediatamente, um estranho se aproxima de você com uma oferta de protetor solar. Quão bizarro isso seria? Sem mencionar que se o rastreamento no mundo real fosse como o rastreamento online, você teria a mesma oferta assustadora de protetor solar, mesmo se já tivesse comprado alguns.

Ofertas baseadas em rastreamento são assustadoras e, às vezes, irritantemente estúpidas.

É uma pena a Apple ter cedido às pressões das gigantes agencias de marketing. Mas pelo menos o plano continua, apenas foi adiado. Que venha o dia em que possamos escolher se queremos ser rastreados para a publicidade ou não.

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