Análise

iPhone 16e traz modem Apple C1 e sinaliza futuro sem chips da Qualcomm

A Apple deu um passo estratégico importante com o lançamento do iPhone 16e.

Mais do que um novo modelo na linha de smartphones da empresa, ele marca a estreia do C1, o primeiro modem celular desenvolvido internamente pela Apple.

Com isso, a companhia começa a se afastar da Qualcomm, fornecedora tradicional desse tipo de chip, e avança em sua busca por maior controle sobre o hardware de seus dispositivos.

O que é o modem C1?

O C1 é um modem 5G criado pela Apple para integrar melhor seus dispositivos.

A empresa já segue essa estratégia com os processadores da linha A, como o A18, que equipa o próprio iPhone 16e, e com os chips Apple Silicon utilizados nos Macs e iPads.

Com um modem proprietário, a Apple pode otimizar a eficiência energética, melhorar a compatibilidade com seu ecossistema e, claro, reduzir a dependência de fornecedores externos.


Um projeto de anos

A decisão de criar um modem próprio não é recente.

Em 2019, a Apple adquiriu a divisão de modems da Intel por US$ 1 bilhão, herdando 2.200 engenheiros e milhares de patentes.

O objetivo era claro: escapar do monopólio da Qualcomm, que cobrava royalties exorbitantes (US$ 7,2 bilhões apenas em 2022) e ditava os rumos tecnológicos.

Processos judiciais fracassados entre 2017 e 2019 mostraram que, para a Apple, a única saída era investir em autonomia.

O C1 é o resultado desse esforço.

Batizado de forma minimalista – possivelmente Cellular 1 –, ele representa a materialização de um projeto que já dura seis anos.

Para Tim Cook e sua equipe, dominar o modem 5G não é apenas uma questão de custos, mas de soberania tecnológica.


O fim da parceria com a Qualcomm

Embora o iPhone 16e seja o primeiro a usar o modem C1, a Apple ainda mantém um contrato com a Qualcomm para fornecer chips celulares aos outros modelos da linha iPhone 16 e, possivelmente, do iPhone 17.

Apesar do otimismo, o C1 ainda é um primeiro passo. Especialistas sugerem que ele não supera os modems da Qualcomm em desempenho, especialmente em suporte a bandas de frequência globais.

Por isso, a Apple mantém o contrato com a Qualcomm até 2026, garantindo estabilidade durante a transição.

Além disso, a complexidade de desenvolver modems é colossal.

A Qualcomm tem décadas de experiência, enquanto a Apple ainda está engatinhando nesta área.

Rumores indicam que a empresa já trabalha em três gerações de modems, com melhorias graduais até 2027.


O iPhone 16e seria um laboratório?

O modem C1 permite ao iPhone 16e um ganho significativo em autonomia de bateria, um dos destaques da Apple no anúncio do dispositivo.

O modelo pode alcançar até 21 horas de reprodução de vídeo, um avanço notável em relação às 16 horas do iPhone 15.

Apesar disso, ainda há algumas limitações. O C1 não suporta a tecnologia mmWave, que permite velocidades mais altas em redes 5G, o que significa que ele ainda não está no mesmo nível dos modems da Qualcomm.


Quando chegará nos outros modelos?

Se tudo seguir conforme o planejado, os modems próprios da Apple devem ser expandidos para toda a linha de iPhones nos próximos anos.

Rumores indicam que o iPhone 18, esperado para 2026, já poderá vir sem os chips da Qualcomm.

Além dos iPhones, a Apple também pode levar seu modem para iPads e até MacBooks, algo que nunca aconteceu antes.

Com isso, os notebooks da empresa poderiam finalmente contar com conectividade celular integrada, algo comum em modelos concorrentes no mercado.

A chegada do C1 pode ser um divisor de águas para a Apple, assim como foi a transição dos chips da Intel para os Apple Silicon nos Macs.

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