A inteligência artificial virou o novo ouro do Vale do Silício. Desde o sucesso do ChatGPT, em 2022, empresas de todos os setores passaram a investir bilhões em modelos generativos, chips e assistentes digitais.
Mas um novo relatório do economista Julien Garran, da MacroStrategy Partnership, faz um alerta que soa incômodo: a atual bolha da IA já é 17 vezes maior que a das pontocom e quatro vezes superior à bolha imobiliária global de 2008.
E a Apple, que todos apontaram como a grande perdedora desta mais nova corrida tecnológica, pode ser a menos atingida caso o pior aconteça.
Um crescimento rápido demais
A comparação é dura, mas ilustra um ponto importante. Assim como na virada dos anos 2000, o entusiasmo com a tecnologia parece ter ultrapassado a realidade.
Empresas sem produtos concretos estão sendo avaliadas em bilhões de dólares.
Gigantes como Microsoft e Google travam uma corrida por modelos cada vez mais caros, enquanto investidores tratam a IA como a próxima revolução inevitável.
A Apple, por sua vez, entrou nesse jogo com mais cautela. A estratégia da empresa é integrar a IA de forma discreta e útil, dentro de um ecossistema que já tem base sólida: o iPhone, o iPad e o Mac.
A aposta na Apple Intelligence
Com o lançamento da Apple Intelligence no iOS 18, a empresa deixou claro que pretende seguir um caminho diferente.
Em vez de vender promessas futuristas, a Apple se apoia em recursos práticos, como o resumo de notificações, a reescrita de textos e a nova Siri, que pode interagir com o ChatGPT apenas quando o usuário quiser.
Enquanto outras companhias correm atrás de modelos de IA gigantescos, a Apple aposta na privacidade local, processando dados no próprio dispositivo e transferindo apenas o necessário para a nuvem.
Essa abordagem mais pé no chão pode ser o que a protege caso o mercado de IA enfrente uma correção brusca.
Se a bolha estourar
Caso o alerta de Garran se confirme, o impacto pode ser forte para todo o setor.
Startups infladas por promessas podem desaparecer, e grandes players que dependem exclusivamente de IA podem ver seus lucros derreter.
Mas o efeito sobre a Apple tende a ser menor.
O foco da empresa não está na especulação, e sim em usar a IA como ferramenta — não como produto principal.
A companhia continua lucrando com hardware, serviços e um ecossistema consolidado, o que a torna menos vulnerável a crises de hype.

