A Apple está se preparando para dar o próximo passo na conectividade via satélite, uma tecnologia que começou como um recurso de emergência e agora promete mudar a forma como o iPhone se comunica.
Desde que o SOS de Emergência via Satélite foi lançado com o iPhone 14, em 2022, a empresa vem ampliando discretamente o alcance dessa ideia, transformando o que antes era apenas um socorro em uma nova fronteira de conexão.
Mas muita coisa ainda falta ser ampliada, como por exemplo, essa funcionalidade chegar a outros países, como o Brasil.
De um sonho ambicioso a algo realmente útil
Lá atrás, há quase dez anos, a Apple tinha um plano ousado: fazer o iPhone se conectar diretamente com satélites, sem depender de operadoras.
A ideia era revolucionária, mas também extremamente complexa. Envolvia custos bilionários, questões regulatórias em vários países e desafios técnicos difíceis de resolver.
Com o tempo, a Apple simplificou o plano, mas manteve a visão.
Assim nasceu o SOS de Emergência via Satélite, um primeiro passo que mostrou ao público o que essa tecnologia poderia oferecer na prática: salvar vidas em lugares onde o sinal de celular simplesmente não chega.
Depois do lançamento, a Apple passou a expandir o serviço aos poucos:
- Em 2023, o recurso ganhou assistência rodoviária via AAA, ajudando motoristas sem sinal de rede.
- Em 2024, foi possível enviar e receber mensagens comuns via satélite, e não só em emergências.
- O Apple Watch Ultra 3 também entrou nessa onda, levando a conexão por satélite para o pulso.
Essas evoluções são lideradas pelo Satellite Connectivity Group, uma equipe dedicada dentro da Apple, que trabalha com a rede de satélites da Globalstar.
A empresa também estuda levar o recurso aos iPads, com ajuda de seus novos modems internos.
A parceria com as operadoras
Apesar de o projeto ter nascido com a ideia de “eliminar” as operadoras, hoje o foco da Apple é outro.
A empresa não quer substituir as redes móveis, mas sim complementá-las, garantindo que o iPhone continue útil mesmo quando o sinal some.
A estratégia faz todo sentido, porque:
- A tecnologia 5G NTN, que combina redes celulares e satélites, depende de colaboração entre fabricantes e operadoras.
- Manter o controle da experiência garante o padrão de privacidade e qualidade que sempre caracterizou a Apple.
- Em vários países, a adoção da conectividade via satélite ainda é lenta, e a Apple pode preencher esse vazio.
O que vem por aí
A Apple já trabalha em uma nova leva de recursos para essa tecnologia:
- API para desenvolvedores, permitindo que aplicativos usem conexão via satélite de forma nativa.
- Apple Maps offline, com navegação completa mesmo sem internet.
- Mensagens com fotos, ampliando o que hoje é apenas texto.
- Conexão “natural”, que permitirá continuar conectado mesmo com o iPhone no bolso ou dentro do carro.
- Integração com 5G NTN, que vai unir a cobertura de torres e satélites em um só sistema.
Essas novidades exigem melhorias na infraestrutura da Globalstar, algo que a própria Apple vem ajudando a financiar.
Há rumores de que a empresa possa ser comprada pela SpaceX, o que aceleraria essa evolução, embora isso também obrigue a Apple a rever parte da sua estratégia.
Um modelo que favorece o usuário
Um detalhe importante: a Apple não cobra pelos recursos de satélite. Nem pelo SOS, nem pelas mensagens. O objetivo é claro, agregar valor ao iPhone e incentivar que usuários migrem para modelos mais novos.
No futuro, recursos mais avançados poderão ter custo extra, talvez integrados a planos oferecidos por operadoras ou até pela própria SpaceX.
Mas a essência da estratégia continuará a mesma: oferecer segurança, praticidade e independência sem complicar a vida do usuário.
Ainda vai levar algum tempo até que possamos fazer chamadas ou navegar na internet direto via satélite, mas a direção está clara.

