Como deve funcionar o futuro serviço de assinaturas de jornais e revistas da Apple
Atualmente está repercutindo bastante pela internet a notícia de um potencial novo serviço que a Apple estaria preparando para lançar em breve, que seria uma evolução do aplicativo News (ainda não disponível no Brasil).
Neste artigo, vamos falar um pouco de como ele poderá ser, além dos entraves que a maçã está enfrentando antes de implementá-lo.
Serviço de revistas
No ano passado, a Apple adquiriu uma empresa responsável por um aplicativo que oferecia a leitura de dezenas de revistas (e alguns poucos jornais e agências de notícia), por um preço mensal único. Quem assinava o Texture podia não apenas ler livremente a revista que quisesse, como também tinha uma seleção de destaque com os artigos que mais podiam lhe interessar. Ou seja, não era nem preciso ler revista por revista, você podia ir diretamente ao artigo de interesse para filtrar sua leitura.
Esta forma diferenciada de oferecer informação agradou à Apple, que tratou de comprar a empresa e os direitos do app.
Após a compra, parecia bem lógico que a maçã estava interessada em investir nisso, e com o tempo as conversas de bastidores e trocas de informações acabaram reforçando a ideia de que o aplicativo News (que nasceu no iOS e recentemente estreou também no Mac) receberia uma forte atualização, permitindo a assinatura mensal com direito a revistas e jornais.
A ideia é linda. Imagina podermos ter acesso a um número enorme de revistas e jornais através de um único aplicativo e já vermos os destaques de notícias que nos interessam, pagando apenas US$9,99 por mês?
Brigas e problemas
O problema é que os grandes jornais estão achando muito alta a comissão que a Apple quer pegar para ela. A maçã estaria propondo ficar com 50% da fatia das assinaturas, enquanto os editores ficariam com a outra metade. Isso já é bem mais que a relação 70/30 cobrada nos aplicativos e no Apple Music, e que já gera bastante polêmica.
Seria justo os editores, que são os que geram conteúdo, ficarem só com a metade, enquanto a Apple que “não fez nada” ficar com a outra?
Bem, o que a Apple está propondo é um aumento exponencial no consumo de notícias, que beneficiaria diretamente os editores. Colocar um acesso fácil na mão de dezenas de milhões de usuários multiplicaria em muito o consumo do conteúdo, aumentando também a receita e, consequentemente, os lucros para os produtores.
Na verdade, o Texture já oferecia este mesmo percentual antes de ser adquirido pela Apple. As editoras ficavam com 50% das assinaturas e a Texture com a outra metade. Então, para muitas revistas esta fórmula está OK, principalmente considerando que o mercado editorial atualmente está em crise, por causa da internet. Um editor chegou a comentar: “É melhor pegar uma pequena parte de um grande número do que uma grande parte de um número menor”. Outro executivo comentou: “É o número absoluto de dólares que conta no final, não a porcentagem“.
O problema são os grandes jornais, como o Washington Post e o The New York Times, que possuem já um sistema de assinaturas próprio que lhes garante 100% dos pagamentos. Eles não estão gostando nada da maçã ficar com a metade do que os leitores pagam. Além disso, não aceitam o fato da Apple não fornecer os dados pessoais dos assinantes, como telefone, e-mail e formas de contato, para encher de SPAM de outros serviços depois (ou até mesmo revender para terceiros, como acontece muito no Brasil).
Atualmente o Apple News possui 85 milhões de usuários. Porém, até o momento o serviço é gratuito e disponível apenas nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália. Ao mesmo tempo, há quem aposte que a maçã poderia oferecer uma assinatura única de desse acesso a vários serviços (música, revistas, jornais e filmes). Ou seja, se tornaria em um “Netflix com esteróides” com diversos conteúdos diferentes, o que seria algo que poderia mexer com o mercado.
O sempre bem informado jornalista John Paczkowski diz que a Apple pode apresentar este serviço no dia 25 de março, em um evento especial. Até lá, teremos que esperar para ver se toda esta especulação vira realidade.