Apple ‘decepciona’ ao apresentar os maiores lucros que uma empresa já teve na história
Estranho, mas verdade. Nesta quarta, a Apple apresentou mais uma série de recordes quebrados em seus resultados fiscais, mas mesmo assim suas ações caíram quase 11% no chamado “after hours” da bolsa.
A receita da Apple cresceu 38% em relação ao mesmo período do ano passado, com lucros de 13 bilhões em três meses, que é o quarto maior de todos os tempos. Para se ter uma ideia, só este lucro daria para comprar empresas como Twitter, Foursquare e Blog do iPhone, juntas, e ainda sobrar dinheiro.
A venda de iPad bateu novo recorde, com 22,9 milhões de aparelhos vendidos em três meses. Com o iPhone, também novo recorde: 47,8 milhões (contra os 37 milhões no mesmo período do ano passado). Veja os gráficos (fonte SplatF):
Eu posso não ser um expert em bolsa de valores, mas no meu pouco entendimento de analista de sofá, eu não consigo entender como uma empresa que dá lucro (e bons lucros) pode ser considerada como uma empresa “quebrada“. Sim, pois é assim que muitos analistas estão considerando a Apple atualmente, fazendo com que se crie um pânico generalizado e fujam da bolsa.
A revista Veja (eu sei, não é uma boa referência), por exemplo, colocou a coisa toda de uma forma quase absurda:
Os números decepcionantes surgem após a Apple superar as estimativas de crescimento da receita nos dois trimestres anteriores. […] A Apple anunciou que sua receita no quarto trimestre cresceu para 54,5 bilhões de dólares, abaixo da estimativa média de analistas de 54,73 bilhões de dólares.
Ou seja, os “analistas” esperavam 54,73b, mas como ficou só em 54,5b, então é motivo para os acionistas correrem da bolsa. Mesmo que o lucro anual tenha sido o maior que uma empresa já apresentou na história. E mesmo que o lucro destes últimos três meses tenha sido maior que o do Google no ano todo.
Isto tudo me faz relembrar um outro tempo da Apple, em que a imprensa em peso pregava pela falência da empresa. É bem verdade que ela estava na época mal das pernas, mas mesmo assim apresentava bons produtos, bem melhores que os da concorrência com Windows. Esta “onda” parece estar voltando, com diversos “analistas” querendo denegrir a imagem da empresa.
Na minha opinião, Tim Cook tem sua parcela de responsabilidade nisto. Não porque ele esteja fazendo algo de errado, mas porque ele não é Steve Jobs.
Quando Jobs morreu, todos temiam que a empresa não seria mais a inovadora que sempre foi, com produtos mágicos e revolucionários. Deram um tempo para ver como Cook se sairia, mas agora estão se dando conta que Cook não é Jobs. A magia, o mistério, a rigidez contra rumores, tudo isso se perdeu um pouco e é isso que está apavorando muitos acionistas que procuravam um jeito fácil e garantido de ganhar dinheiro.
Esta falta de “magia” significa que a Apple está quebrando e tudo é ruim? Não, claro que não. Ela nunca esteve tão bem financeiramente e seu produtos continuam com uma ótima qualidade. Só que a exigência do consumidor ficou alta demais, querendo mágica a cada 12 meses.
Nem com Jobs tínhamos esta magia neste curto período de tempo. Mas a existência dele pelo menos nos permitia sonhar que, a qualquer momento, poderíamos ser surpreendidos. Hoje, não temos mais esta impressão.