A Apple pode priorizar serviços em vez de vendas de iPhones
Durante anos, a Apple tem sido amplamente reconhecida por sua capacidade de inovar no design e no hardware de seus produtos. De fato, não é raro ver concorrentes repetindo detalhes de design muito parecidos com os do iPhone (sim, Xiaomi, estou piscando para você 😉).
No entanto, essa trajetória de inovação parece ter desacelerado nos últimos anos.
O iPhone 15, por exemplo, trouxe o titânio como grande mudança, mas o design no fundo é o mesmo desde o iPhone 12.
Essa desaceleração levanta uma questão importante: a Apple pode estar se movendo em direção a uma nova estratégia, priorizando serviços em vez de vendas de hardware?
Segundo a mais recente newsletter de Mark Gurman, essa transformação está acontecendo, devido a alguns fatores de mercado.
Os usuários demoram mais para trocar de iPhone
Nos últimos anos, a Apple tem enfrentado um cenário desafiador em relação à frequência com que os consumidores trocam seus iPhones.
Embora a empresa continue a lançar novos modelos anualmente, a taxa de atualização dos dispositivos parece estar diminuindo.
Vários fatores contribuem para essa tendência, desde mudanças na economia global (como inflação nos grandes mercados e insegurança do consumidor em gastar demais) até estratégias de design e inovação da própria Apple.
Além do iPhone 15, o Apple Watch Ultra de terceira geração também manterá um visual semelhante ao original, e o MacBook Pro não vê uma mudança significativa desde 2021.
Essa falta de mudanças radicais pode estar diminuindo o apelo das novas versões para os consumidores que já possuem modelos relativamente recentes.
Se o design e as funcionalidades não mudam drasticamente, a motivação para gastar em um novo dispositivo diminui.
Aumento da durabilidade e longevidade dos dispositivos
Outro fator que contribui para a menor frequência de troca de iPhones é o aumento da durabilidade e da longevidade dos dispositivos.
A Apple tem investido em tecnologias de fabricação avançadas e suporte de software de longo prazo. Dispositivos lançados há mais de cinco anos ainda são compatíveis com os sistemas operacionais mais recentes, como o iOS 18, o que prolonga sua vida útil.
Essa ênfase na durabilidade é uma resposta às críticas de obsolescência programada e tem o benefício de reforçar a confiança do consumidor na marca.
No entanto, isso também significa que os consumidores sentem menos necessidade de atualizar para novos modelos com a mesma frequência que antes.
Impacto nas finanças
A desaceleração das inovações de hardware e a maior durabilidade dos dispositivos têm tido um impacto perceptível nas finanças da Apple.
As vendas caíram em cinco dos últimos seis trimestres, indicando a necessidade de encontrar novas fontes de receita.
Nesse contexto, os serviços e assinaturas emergem como uma alternativa promissora.
Talvez por isso, a Apple está investindo significativamente em software e inteligência artificial.
Com o lançamento do iPhone 16, novos recursos de Apple Intelligence serão introduzidos, exigindo modelos recentes para pleno aproveitamento.
➽ Talvez vai precisar de um iPhone 15 Pro para aproveitar todos os recursos de IA do iOS 18
Isso pode incentivar atualizações, mas a verdadeira oportunidade reside na monetização desses serviços.
Serviços e Assinaturas: O futuro da receita
Com a desaceleração das vendas de hardware, a Apple pode depender mais de serviços e assinaturas para impulsionar seu crescimento.
Gurman afirma, segundo suas fontes internas na empresa, que a maçã estuda a introdução de funcionalidades de inteligência artificial como parte de pacotes de serviços pagos, semelhante ao iCloud, que poderia gerar uma nova fonte de receita.
Um exemplo disso pode ser um “Apple Intelligence+“, com mais funções que na versão gratuita.
A empresa já sinalizou essa direção ao destacar a importância de suas taxas de serviços e assinaturas em suas estratégias futuras.
Teremos que pagar mais do que hoje?
Embora a Apple tenha sido sinônimo de inovação em hardware, a mudança para uma estratégia centrada em serviços pode ser uma resposta necessária às mudanças do mercado.
Com um foco renovado em software, inteligência artificial e serviços de assinatura, a Apple pode não apenas compensar a desaceleração das vendas de hardware, mas também criar novas e duradouras fontes de receita.
Claro que isso pode significar que aqueles que demoram mais para trocar de iPhone terão que desembolsar um pouco mais para ter acesso a alguns serviços em seu dispositivo.
Mas teremos que esperar isso ser implementado para entendermos o quanto isso será bom ou ruim para o consumidor.