Opinião

Vanity Fair: copiar os outros está no DNA da Samsung

Samsung

Está semana a revista americana Vanity Fair publicou um profundo e interessante artigo sobre a “guerra” entre Apple e Samsung, trazendo a tona algumas histórias que mostram como a coreana usa o roubo de ideias para derrotar a sua concorrência. E conta com a demora da justiça para dominar o mercado.

Segundo a revista, a Samsung adotou há anos a artimanha desonesta de roubar ideias de seus concorrentes, copiar produtos, invadir o mercado com preços mais competitivos e, depois de ser posta na justiça, entrar em um acordo financeiro para não ser prejudicada. E o notável é que o artigo dá exemplos concretos disso.

“Quando outra companhia lança alguma tecnologia inovadora, ela briga com versões mais baratas do mesmo produto.”

Em meados da década passada, a Samsung quis entrar agressivamente no mercado de TVs planas e simplesmente copiou descaradamente os produtos da então líder Sharp. Diversas tecnologias criadas (e patenteadas) pela japonesa, que levaram anos para serem desenvolvidas, foram reproduzidas em meses pela Samsung, que colocou no mercado TVs LCD iguais as do concorrente, por um preço mais barato.

Em 2007 a Sharp entrou na justiça contra a coreana, alegando que esta tinha se apropriado indevidamente de sua criação intelectual. Os advogados da Samsung empurraram a decisão pelo máximo de tempo que conseguiram. No final de 2009, a Samsung já detinha 23,6% do mercado, enquanto a ex-líder Sharp tinha apenas 5,4%. Mesmo com os custos do processo, foi um ótimo negócio para a coreana.

O padrão se repetiu várias vezes, como no caso com a Pioneer, que também tinha uma divisão de TVs. Em 2006 a Samsung usou várias ideias da Pioneer em seus novos produtos, o que fez a japonesa ir para a justiça por uso indevido de patentes. A causa só terminou em 2008, mas era tarde demais: o negócio da Pioneer já tinha sido destruído e, em 2010, ela teve que fechar sua divisão de televisores.

Escrúpulos pra quê?

Outro acontecido parecido foi com uma pequena empresa da Pensilvânia chamada InterDigital, que tinha criado uma tecnologia tão legal que grandes empresas como Apple e LG pagavam a licença e os royalties para poderem aproveitar dela. A Samsung também usou a tecnologia, mas sem pagar nenhum tostão para quem criou. Ela se negou por anos a pagar por isso. O caso foi para a justiça e pouco antes da Samsung perder a causa, firmou um acordo extra-judicial com a empresa. Obviamente por menos do que LG e Apple pagaram honestamente no mesmo período.

É fácil vender produtos mais baratos quando se rouba tecnologia dos outros.

Engana-se quem acha que a guerra seja somente entre Apple e Samsung. De fato, o crescimento da empresa coreana no mundo dos smartphones não está exatamente prejudicando a Apple, que vende a cada trimestre mais e mais iPhones. Quem for mais esperto, perceberá que os grandes prejudicados pela desonestidade da Samsung são os outros fabricantes de aparelhos (HTC, LG, Motorola, Nokia) que viram sua participação de mercado cair cada vez mais a cada ano.

Copycat
Nenhum outro concorrente tenta copiar tanto a Apple quanto a Samsung

Será que se a divisão de TVs da Pioneer ainda estivesse ativa, não teríamos outras novidades criadas pelo departamento de pesquisa deles? Será que a Sharp, se continuasse líder de mercado, não teria inventado outras formas diferentes de vermos TV? Roubar ideia dos outros, sem criar, é prejudicial não só para as empresas criativas, mas para todos nós, consumidores. Fazer empresas inovadoras “morrerem” porque outras desonestas roubaram suas ideias e as propuseram por um preço menor é realmente prejudicial ao progresso da tecnologia, pois o dinheiro que iria para o patrocínio de novas ideias acaba indo para o bolso de quem não cria nada e ainda usa tecnologia alheia sem pagar.

Para quem domina o inglês, vale a pena dar uma lida no artigo original, que conta outras histórias horripilantes que aconteceram com a Samsung e que não tem nada a ver com a Apple.

Botão Voltar ao topo