Opinião

Apple admite (silenciosamente) que fracassou ao tentar inovar no teclado do MacBook

No Blog do iPhone, sempre insistimos que inovação que não traz benefícios para o dia a dia do usuário final, não serve para coisa alguma. Por mais incrível que ela se apresente.

A Apple sempre procurou tomar cuidado em não lançar para o seu consumidor produtos que não tenham sido exaustivamente testados e aprovados com um alto grau de rigor. Afinal, o consumidor não deve nunca ser cobaia de novos produtos. Foi assim que ela nos acostumou por anos.

Mas parece que nem mesmo ela está isenta deste tipo de problema. E o exemplo disso foi o teclado borboleta dos MacBooks, que nasceu com a intenção de ser uma revolução na estrutura das teclas do computador, mas acabou virando um pesadelo para muitos usuários.

O teclado Butterfly

Em 2015, a Apple apresentou com orgulho sua mais nova invenção: um teclado cujo mecanismo das teclas era diferente do que a indústria inteira estava acostumada a usar há anos.

O chamado “mecanismo borboleta” prometia oferecer mais precisão no toque e menos erros de digitação. Era 40% mais fino e 4 vezes mais estável.

Segundo a Apple, o problema do mecanismo tesoura é que se você pressionar uma tecla longe do centro, aumentará a chance de pressionar a tecla ao lado, o que resulta em erros de digitação. Por isso ela projetou todo um novo mecanismo, com teclas mais largas e maior resposta ao toque.

Mas a linda teoria não se converteu em resultado prático da vida real. Em pouco tempo, os usuários começaram a reclamar de teclas que não respondiam ao toque, ou que se repetiam ao serem tocadas.

Depois de alguma investigação, descobriu-se que o novo teclado é altamente sensível à partículas de poeira que entrem nele. A Apple até chegou a fazer mais duas versões deste teclado nos MacBooks ao longo dos anos, mas nenhuma delas resolveu efetivamente o problema.

Depois de muita reclamação, a Apple iniciou um programa de reparação gratuito para os modelos de MacBook que apresentassem o problema. A coisa absurda é que este programa (que é de 2018) cobre até mesmo modelos lançados depois, em 2019.

Ou seja, a Apple continuou vendendo MacBooks com o problema que ela conhecia, durante meses.

Voltanto atrás

Esta semana, a Apple lançou um novo modelo de MacBook Pro de 16 polegadas. E uma das coisas mais marcantes é a adoção do mecanismo de teclado antigo, abandonando de vez sua criação.

No vídeo de apresentação do novo modelo, a Apple chega a ressaltar a volta da tecla Escape como um benefício. Quem, há 5 anos, imaginaria que isso seria uma vantagem de destaque em um vídeo da Apple?

O iFixIt desmontou o novo notebook e pode constatar que o teclado é praticamente uma cópia do Magic Keyboard, que usa o antigo mecanismo tesoura. É tudo tão igual que é possível trocar as teclas entre os dois, funcionando perfeitamente.

Imagem iFixIt / Reprodução

Mesmo não publicando nenhum texto admitindo que errou, o fato de voltar atrás e implementar uma tecnologia antiga (em detrimento de sua criação) mostra que a Apple sabe que o teclado Butterfly foi um erro e não funcionou como se esperava. Por mais que seus engenheiros tenham se esforçado para apresentar algo novo e criativo, diferente do que as outras empresas fazem, eles falharam em transformar isso em um benefício real para o usuário.

Inovar é bom e necessário. Tentar sair da caixa e imaginar formas diferentes de fazer as coisas é algo fantástico e deve sempre ser incentivado na indústria.

Porém, o usuário não pode nunca ser a cobaia da inovação. Já falamos muito aqui disso a respeito de outras marcas, e isso vale também para a Apple.

A empresa errou em ter lançado um produto aparentemente sem os testes necessários para prever os problemas que a mudança geraria. E ela errou também ao demorar tanto em resolver a questão.

Afinal, foram longos 4 anos e meio vendendo para os seus consumidores um teclado que era uma bomba-relógio: com o passar dos meses, tinha grande probabilidade de apresentar problema.

Depois do cancelamento do AirPower, esta parece ser a segunda grande derrota no ano para a Apple.

Fonte
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