Reino Unido quer banir WhatsApp e iMessage se não for permitido ler mensagens dos usuários
O ataque ao jornal Charlie Hebdo não prejudicou apenas a comunidade islâmica que não é extremista, que começará a ser mais discriminada após o atentado. Suas consequências podem trazer prejuízos também para a privacidade de todos nós, usuários de serviços online. Ontem, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, reforçou em seu discurso a luta contra aplicativos de mensagens que sejam encriptados, deixando clara a intenção de bani-los do país se continuarem não permitindo que as autoridades e serviços secretos possam ler as mensagens dos cidadãos. E nessa, podemos incluir o WhatsApp e o iMessage.
O caso é bastante delicado. Segundo os governos, é preciso que seja possível sempre um backdoor (uma porta dos fundos onde se possa entrar) em todo tipo de aplicativo de mensagens pessoais, para que policiais e serviços secretos possam ter um registro das mensagens quando necessário.
Devemos permitir que um meio de comunicação simplesmente seja impossível de ler? Não, não devemos.
É claro que eles afirmam que seria só em caso de criminosos, traficantes e terroristas, mas como já vimos em histórias recentes, este poder excessivo é perigoso quando não há controle (who watches the Watchmen?).
A dor de cabeça para eles foi quando as empresas de tecnologia resolveram se impor após Edward Snowden ter aberto o jogo e revelado o que acontecia nos bastidores. A Apple foi uma que insistiu em encriptar o iMessage e impedir que ele seja interceptado por outra pessoa a não ser as partes originais da comunicação, o que foi motivo de protestos da polícia norte-americana. O WhatsApp também é encriptado e, teoricamente, as mensagens não podem ser interceptadas por autoridades e nem hackers.
É uma discussão que ainda dará muito pano para a manga. Enquanto alguns afirmam (como Tim Cook) que os usuários têm direito à sua privacidade, outros dizem que a encriptação incentiva os criminosos. Seja como for, isto dá ainda mais argumentos ao governo americano de, em um futuro próximo, tentar proibir encriptação de mensagens e dispositivos móveis.
Ou seja, os governos lutam pela liberdade de expressão, desde que ela seja monitorada.
via The Independent