Banco digital Neon se associa ao Banco Votorantim para poder continuar funcionando
Os bancos digitais se mostraram muito populares no último ano, pelo fato de facilitar a vida dos correntistas ao cobrar menos taxas (muitas vezes, nenhuma). A filosofia é simples: não há agencias físicas e, portanto, os custos da instituição são bem menores, com o cliente fazendo tudo pelo celular.
Porém, desde a última semana, os correntistas do Neon estão bastante tensos com uma situação delicada que aconteceu com suas contas. A instituição financeira a qual o banco digital estava associado foi liquidada pelo Banco Central, impedindo assim que todas as atividades adjacentes pudessem funcionar.
Para remediar isso, a diretoria do Neon noticiou nesta segunda-feira que começará a trabalhar com outra instituição, o Banco Votorantim, para viabilizar as atividades de conta digital.
O que aconteceu com a Neon?
Pela legislação vigente, toda conta digital precisa estar associada a uma instituição financeira reconhecida. A Neon Pagamentos (responsável pela conta digital) se juntou em 2016 ao banco Pottencial, que a partir daquele momento passou a se chamar Neon S/A. Apesar do mesmo nome, as duas instituições permaneceram independentes, cada uma com sua atividade.
O problema é que no último dia 4 de maio, o Banco Central determinou uma liquidação extrajudicial do Banco Neon S/A, devido a patrimônio líquido negativo e graves violações a normas da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Com isso, a conta digital da Neon Pagamentos ficou também fora de serviço.
O fundador da startup, Pedro Conrade, explica à Folha:
A marca Neon pertence à Neon Pagamentos. Emprestamos ao Banco Neon [ex-Pottencial] durante o período do acordo operacional entre as empresas, para não gerar confusão entre os clientes. É super chato. Estamos fazendo um ótimo trabalho e o banco que usamos faz uma besteira dessas.
Novo parceiro
Agora a fintech anunciou que o novo parceiro será o Banco Votorantim, que está há bem mais tempo no mercado e possui situação bem mais sólida que o antigo Neon S/A.
Como ficam os clientes?
Apesar da novidade, os clientes terão que esperar ainda um tempo para poderem acessar novamente suas contas de forma normal. Transferências, pagamentos, depósitos via boleto e recarga de celular estão indisponíveis no momento. O banco disponibilizou uma página de status, em que informa a situação de cada serviço.
O recurso Objetivos (que na verdade era um investimento em CDB) também estava associado ao Banco Neon S/A e, por isso, quem tinha dinheiro aplicado está sem poder acessá-lo. Os clientes terão que esperar que o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) libere o ressarcimento.
Saldos e saques pelo caixa eletrônico estão funcionando, então para quem tinha dinheiro parado na conta, é possível retirar usando o cartão. Compras no débito também podem ser feitas normalmente.
Contas digitais estão em risco?
É claro que tudo isso gerou certa incerteza em muitos usuários. Será que contas digitais são arriscadas e perigosas? Corro risco em deixar meu dinheiro em um banco de aplicativo?
Calma.
As contas digitais foram uma das melhores coisas que aconteceram nos últimos anos, em um país que sempre foi dominado por apenas 5 grandes bancos. Este episódio que aconteceu não deve abalar a confiança dos usuários, porque não coloca em risco o modelo dos bancos digitais.
Um banco digital tem o conceito de não ter agências físicas e de resolver tudo pela internet. Com isso, não há gastos com aluguéis em centenas de cidades do país, nem custo com milhares de funcionários. Essa economia pode ser repassada ao cliente, em forma de redução de taxas. É um novo modelo que beneficia a todos, até porque hoje em dia ninguém mais gosta de ter que ir até a agência, melhor fazer tudo pelo celular mesmo. Rápido e prático.
Bancos digitais possuem a mesma garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que como o próprio nome sugere, garante que o cliente será ressarcido em caso de eventual falência do banco digital.