O grupo de hackers autodenominado AntiSec divulgou hoje que conseguiu invadir o computador de um agente do FBI obtendo diversas informações, inclusive um arquivo com mais de 12 milhões de informações de dispositivos iOS (iPhone, iPod e iPad) contendo UDID (número único de identificação), nome do usuário e do aparelho e, em alguns casos, endereço e telefone.
A situação não é para pânico e vamos tentar explicar neste artigo o que aconteceu.
Os dados foram encontrados dentro do laptop do agente, em um arquivo chamado “NCFTA_iOS_devices_intel.csv“. Dos 12.367.232 dispositivos encontrados nele, o grupo de hackers resolveu divulgar apenas 1 milhão, para chamar a atenção. Você pode ver se seu UDID está nesta lista usando esta ferramenta (provavelmente não está se você não for americano). Segundo ela, até mesmo o iPad do Presidente Obama pode ser encontrado.
Mas o que o FBI ou qualquer outra instituição pode fazer com estas informações? Bem, além de manter os proprietários em uma lista de controle, não muita coisa. Só o conhecimento destes números não dá condições para o FBI ou quem quer que seja rastrear alguém em tempo real. Mesmo assim, é bastante grave que este tipo de informação esteja nas mãos de uma agência de investigação.
Como o agente conseguiu esta lista? Ninguém sabe, mas é muito provável que a Apple e as operadoras não estejam envolvidas nisso. Considerando que há mais de 365 milhões de dispositivos com iOS no mundo todo, estes 12 milhões encontrados no computador do FBI não significam nem 3,5% do total.
Mesmo assim é algo sério. Como eles conseguiram estas informações?
É bem possível que tenha sido através de algum aplicativo gratuito, com propagandas, pois é este sistema que consegue obter muitas informações do tipo. É por isso que tempos atrás a Apple brigou com algumas empresas de publicidade, limitando a obtenção de dados pessoais dos aparelhos (leia “Apple veta o uso da função de geolocalização para publicidade“). Nada impede que o FBI tenha feito acordo com o desenvolvedor de algum aplicativo grátis popular para obter todas estas informações.
Felizmente, no iOS 6 os aplicativos não terão tanto acesso assim às informações do sistema. Com a parte de privacidade muito mais reforçada, o usuário será perguntado toda vez que um aplicativo quiser ter acesso à alguma informação (localização, fotos, etc) e só será autorizado se o usuário permitir.
Portanto, não há razão para pensarmos que nossos iPhones e iPads estão servindo como instrumentos de espionagem. Posso garantir que o próprio Google tem muito mais informações minhas do que a Apple… ;)