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Quais as vantagens e desvantagens de não termos mais o suporte a apps de 32 bits no iPhone

A Apple está deixando bem claro que, a partir do iOS 11, aplicativos compilados na velha arquitetura de 32 bits deixarão de funcionar. Mas por que ela está fazendo isso? Será que é para forçar a todos a comprar novos iPhones?

Abaixo, discutiremos alguns pontos que mostram as razões de uma empresa querer evoluir na tecnologia.

O problema da retrocompatibilidade

Manter a retrocompatibilidade de sistemas e dispositivos é algo que todos os usuários querem, mas sempre deu dor de cabeça para as fabricantes. É claro que quem possui um dispositivo mais antigo quer que ele seja atualizado e funcionando o máximo de tempo possível. Afinal, ninguém gosta de ser forçado a comprar um dispositivo novo só porque o que tem já deu tudo o que tinha que dar.

E isso acontece há anos: o sistema MS Windows foi um que manteve a retrocompatibilidade o máximo que conseguiu, o que fez com que a Microsoft ficasse presa durante muito tempo ao passado, sem poder adotar tecnologias bem mais modernas. A solução que ela encontrou com o Windows 10 foi criar uma espécie de emulador que rode programas antigos, nos mesmos moldes que a Apple fez com o Rosetta, quando mudou da arquitetura PowerPC para Intel em seus computadores. Foi uma solução temporária, assim como será no Windows.

Porém, no mundo mobile as coisas são bem mais complicadas. Não é tão fácil criar um emulador dentro do iOS que rode aplicativos antigos, pois é preciso se preocupar com consumo de bateria, utilização da memória RAM, pouco espaço de armazenamento, entre diversas outras coisas. Este tipo de solução só prejudicaria a performance geral do sistema, não apresentando reais benefícios para ninguém. Por isso, para dar um passo para o futuro e adotar o melhor que as novas tecnologias têm a nos oferecer, precisamos em algum ponto nos livrar do passado.

Aviso prévio

Já que não pode criar um emulador no iOS que sirva temporariamente para acostumar os usuários a abandonar velhas tecnologias, a maçã adotou a política de preparar psicologicamente todo mundo, com antecedência.

A Apple está sendo bastante clara: em breve, aplicativos em 32 bits não funcionarão mais no sistema do iPhone e do iPad. No iOS 10.3, quando você abre um aplicativo compilado na velha arquitetura, um aviso é explícito, dizendo que ele não terá mais suporte em versões futuras do iOS.

E isso pode acontecer mais rápido do que se poderia supor. O próximo iOS 10.3.2 não está disponibilizando durante a fase beta as versões para os iPhones 5, 5c e iPad 4, que são os únicos dispositivos da arquitetura antiga que receberam o iOS 10. Não sabemos ainda se isso será definitivo ou se até a versão final estas versões serão disponibilizadas, mas a conclusão óbvia é que na próxima grande atualização, o iOS 11, eles definitivamente não serão mais aceitos. [ATUALIZAÇÃO: horas após a publicação deste artigo, a Apple liberou versões do beta do iOS 10.3.2 para os iPhones 5, 5c e iPad 4].

Mas o que isso significa? Meu iPhone 5 deixará de funcionar do dia para a noite?
Calma, não é tão catastrófico assim. Após a atualização, os dispositivos que não puderem atualizar o sistema continuarão a funcionar normalmente com os aplicativos já instalados. O que mudará é que novas atualizações dos aplicativos passarão a não mais serem retrocompatíveis com 32 bits, como são hoje, e por isso, aparelhos antigos não poderão mais atualizar os apps. Os desenvolvedores provavelmente tentarão dar suporte o máximo que conseguirem, mas chegará um ponto que este suporte poderá não ser mais possível.

Por exemplo, vamos citar o WhatsApp. Ele continuará funcionando normalmente no iOS 10 para quem não atualizar para o 11. Mas se no futuro os desenvolvedores precisarem mexer na estrutura do serviço que necessite obrigatoriamente uma atualização do aplicativo para que continue funcionando, quem tiver o aplicativo antigo deixará de ter acesso ao servidor. Claro que isso pode levar um bom tempo e este ano tivemos um exemplo claro disso: somente agora, em 2017, que o serviço deixou de suportar versões do sistema anteriores ao iOS 7. Ou seja, até então, quem tinha um iPhone 3GS ainda estava usando o WhatsApp, claro, sem várias atualizações como criptografia, novos Emoji, etc.

No início de junho teremos a WWDC, em que conheceremos mais do futuro iOS 11. Lá, poderemos avaliar quais as mudanças que os desenvolvedores terão que adotar e no que isso influenciará velhas versões dos apps.

As vantagens da nova tecnologia

Mas por que razão a Apple irá abandonar a retrocompatibilidade com 32 bits, se até agora ela fez isso sem problemas?

Os atuais processadores de 64 bits da Apple (A7, A8, A9 e A10 Fusion) aceitam ambas as arquiteturas. É por isso que ainda conseguimos rodar aplicativos antigos, mesmo com o atual aviso do sistema. Porém, permitir que ambas as arquiteturas funcionem paralelamente tem seu preço, que já citamos antes neste texto: espaço no processador, maior consumo de energia e mais tarefas a serem realizadas.

A conclusão lógica (e que algumas fontes confirmam) é que o próximo processador A11 será exclusivamente em 64 bits, o que significa que os novos iPhones não suportarão definitivamente nenhum aplicativo de 32 bits. Por isso o aviso atual insistindo enfaticamente para os desenvolvedores atualizarem seus aplicativos.

Não é uma questão apenas de sistema, e sim de hardware futuro.

Mas o que podemos ganhar com isso?
Liberando-se do passado, o sistema permitirá progressos diretos para os usuários. Primeiro, o sistema tende a ser mais dinâmico e fluido, sem precisar perder tempo com códigos extras para arquiteturas antigas. Depois, os aplicativos tendem a ser de menor tamanho, ocupando assim menos espaço de armazenamento, pois não precisarão ser retrocompatíveis.

Além disso, a Apple poderá adotar finalmente processadores de 10 nanometros, que são de menor tamanho e consomem menos energia, o que reflete diretamente na duração da bateria. O atual A10 Fusion é de 16 nm.

Ou seja, para poder implementar reais melhorias em seus produtos, a Apple precisa se livrar das amarras do passado. Esta é a evolução da tecnologia e funciona assim há anos. Querer que um iPhone 5 (que vai completar 5 anos agora em 2017) continue a ser atualizado, é tentar impedir que todos os outros usuários possam aproveitar do que os avanços tecnológicos têm a oferecer.


Saberemos de mais detalhes sobre estas mudanças no início de junho, durante a cobertura da WWDC que o Blog do iPhone irá fazer, trazendo para vocês todas as novidades. Fiquem ligados!

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