A Apple está enfrentando uma onda preocupante de desligamentos em uma área crítica para seu futuro: a inteligência artificial. Somente em julho, quatro pesquisadores de alto nível da equipe de IA da empresa deixaram seus cargos para ingressar na Meta, de Mark Zuckerberg, que tem feito investimentos agressivos para fortalecer sua divisão de “superinteligência”.
Entre os nomes que deixaram Cupertino está Bowen Zhang, integrante do grupo Apple Foundation Models (AFM), responsável pelo desenvolvimento de modelos generativos usados no Apple Intelligence — sistema de IA que integra a Siri, Genmoji e outras funções no iOS 18.
Zhang se junta à Meta Superintelligence Labs, novo braço da empresa voltado para pesquisa avançada em IA.
Essa saída ocorre semanas após a revelação de que Ruoming Pang, líder da equipe de modelos da Apple com cerca de 100 engenheiros, também recebeu uma oferta considerada fora da curva: mais de US$ 200 milhões em pacote de remuneração oferecido pela Meta.
Além de Zhang e Pang, outros dois membros da equipe AFM, Tom Gunter e Mark Lee, também migraram para a empresa de Zuckerberg nas últimas semanas.
O movimento está gerando preocupações internas sobre a capacidade da Apple de reter talentos estratégicos em um momento em que a corrida por IA se intensifica no mercado global.
Meta está em modo “caça aos cérebros”
A ofensiva da Meta em busca de profissionais de IA tem sido vista como uma das mais agressivas do setor.
Segundo fontes próximas, a empresa está oferecendo salários muito acima da média do mercado, além de bônus de assinatura e pacotes de ações generosos — algo que, até o momento, a Apple tem hesitado em igualar.
Mais do que remuneração, a Meta também promete liberdade criativa e ambição tecnológica, com foco em desenvolver uma nova geração de modelos capazes de rivalizar com OpenAI, Google DeepMind e Anthropic.
Enquanto isso, relatos de bastidores indicam que os profissionais da Apple estariam frustrados com as restrições internas da empresa, principalmente no que diz respeito ao uso e desenvolvimento de IA.
A forte ênfase da Apple em privacidade, embora vista como um diferencial pelos consumidores, também impõe barreiras para o avanço de algumas tecnologias mais “abertas” ou conectadas em nuvem.
Baixa moral e incertezas dentro da Apple
A perda de profissionais-chave ocorre num momento de incertezas estratégicas dentro da Apple.
Há rumores de que a empresa ainda não decidiu se seguirá apostando apenas em modelos próprios de linguagem ou se dependerá cada vez mais de parcerias com empresas como OpenAI ou Anthropic.
Essa indefinição estaria contribuindo para um clima de baixa moral dentro da equipe de IA.
Para agravar a situação, os recursos prometidos da Siri com Apple Intelligence ainda não têm data para chegar ao público geral — a previsão mais otimista aponta para meados de 2026.
Embora a Apple tenha começado a aumentar salários em algumas áreas técnicas, os pacotes ainda estão longe do que rivais como Meta, Microsoft e Amazon estão oferecendo para atrair e reter talentos de ponta no setor.
O que está em risco
A debandada na equipe AFM atinge diretamente o núcleo de desenvolvimento do Apple Intelligence, que é considerado o pilar central da estratégia da empresa para os próximos anos.
Modelos de linguagem, personalização de conteúdo e novas formas de interação com a Siri são parte fundamental da visão da Apple para a próxima década.
Se a Apple não conseguir reverter essa perda de talentos — seja ajustando sua política interna, atualizando seus pacotes de remuneração ou definindo uma estratégia mais clara para IA —, há o risco de ficar para trás na corrida pela inteligência artificial de próxima geração.
Considerações finais
O êxodo de especialistas em IA para a Meta não é apenas um problema de recursos humanos — é um sinal de alerta sobre os desafios que a Apple enfrentará para manter sua posição de liderança tecnológica em um cenário cada vez mais dominado pela inteligência artificial.

