Na semana passada, comentamos aqui sobre o falso alarde que fizeram a respeito de um “suposto” adiamento/cancelamento do iPhone Air, devido ao “fracasso nas vendas“. Essa informação, vinda de somente um único site, repercutiu em portais que costumam publicar tudo o que aparece na internet, sem aplicar filtros ou análises mais profundas de conteúdo.
Agora, o sempre bem informado Mark Gurman em sua newsletter dominical da Bloomberg veio confirmar tudo o que dissemos, a respeito do Air não ter sido criado para ser um grande sucesso de vendas.
Na verdade, seu papel é outro: servir como um ensaio tecnológico para o futuro iPhone dobrável, previsto para chegar já em 2026.
O iPhone Air não nasceu para ser um iPhone “principal”
O nome já era a primeira pista.
Enquanto os modelos tradicionais seguem numeração anual (iPhone 17, 18, 19…) o Air foi lançado sem o “17” no nome.
E isso não foi um acidente: era o jeito de a Apple sinalizar que o modelo não seguiria um ciclo anual de atualizações.
De acordo com Gurman, o iPhone Air foi projetado para representar apenas 6% a 8% das vendas de novos iPhones, um volume semelhante ao antigo iPhone 16 Plus, que ele substituiu.
Isso mostra que a Apple nunca esperou que ele fosse um fenômeno comercial, mesmo quando o promoveu durante o keynote de setembro.
Depois da apresentação, o Air praticamente sumiu do material de marketing da empresa. E isso não é falta de interesse: é parte de sua função na linha.
Uma segunda geração só em 2027, sem grandes mudanças
Ao contrário dos modelos Pro e padrão, que têm ciclos rígidos de lançamento, o Air só será atualizado quando a tecnologia justificar.
Por isso, o próximo iPhone Air está previsto para 2027, com foco em uma única grande evolução: a transição para o chip de 2 nanômetros.
Esse salto deve melhorar a eficiência térmica, o processamento e principalmente a duração de bateria, considerada o ponto mais fraco da primeira geração.
Não haverá reinventação de design, nem mudanças estruturais profundas. Ou seja, até a história de uma “segunda câmera” é furada.
As razões que fazem Gurman achar pouco provável que a Apple adicione uma segunda câmera traseira são a área já espremida, o sensor ultrawide é o menos usado, e redesenhar o topo inteiro do aparelho para isso não faz sentido em um modelo de nicho.
O verdadeiro papel do iPhone Air: preparar a Apple para o dobrável
Embora apresentado como um modelo “fino e elegante”, o iPhone Air é, nas palavras de Gurman, “uma espécie de exercício tecnológico”.
A Apple está usando o Air para testar:
- novos materiais,
- técnicas de miniaturização,
- baterias mais compactas,
- componentes internos reorganizados,
- e otimizações de software.
Tudo isso é parte da preparação logística e de engenharia para o primeiro iPhone dobrável, previsto para estrear em 2026 ao lado dos modelos iPhone 18 Pro.
O iPhone Air funciona como um intermediário: um produto comercial, mas que existe principalmente para ajustar a cadeia de produção, validar soluções internas e reduzir riscos antes de lançar um novo formato bem mais complexo.
Em outras palavras: você que comprou o Air é uma cobaia da Apple. A sua opinião enquanto usuário irá ditar os rumos dos futuros iPhones.
O calendário muda
Outro ponto que Gurman reforça é que a Apple está deixando para trás o ciclo anual único de lançamentos em setembro.
A partir de 2026, haverá uma divisão:
- 1º semestre: modelos padrão + iPhone 18e + possíveis revisões do Air
- 2º semestre: modelos Pro + dobrável
Ou seja, isso significa que poderemos ter lançamento do próximo iPhone 18 (padrão) já em março/abril de 2026, enquanto que os modelos top de linha ficam para setembro.
Esse novo ciclo espalha lançamentos pelo ano, reduz pressão interna e facilita a competição com a Samsung, que há anos divide seus Galaxy e dobráveis em diferentes datas.
O iPhone Air, por ser um modelo de nicho, é ideal para preencher lacunas no calendário, sem comprometer o impacto dos modelos principais.
A importância do iPhone Air
Para o público em geral, o iPhone Air pode parecer apenas um “iPhone fino demais”. Mas, na estratégia interna da Apple, ele é algo bem diferente:
O iPhone Air é um laboratório disfarçado, criado para preparar o caminho do primeiro iPhone dobrável.
Ele não terá lançamentos anuais, nem será prioridade de marketing. E seus avanços serão ditados pela tecnologia necessária, não pelo calendário.
Como diz Gurman, a Apple “está tentando ter tudo”: mais lançamentos ao longo do ano, menos pressão interna e uma transição suave para a próxima grande fase do iPhone.


Faz total sentido. E de quebra, a Apple ainda tem um retorno financeiro para esse laboratório, “compartilhando” os custos com o consumidor que adquire esse modelo.
Se a proposta era ter um aparelho premium, com chip mais poderoso que o modelo base, porém super fino, eles poderiam incluir o recurso premium que mais motiva a compra do Pro: A camera telephoto, cuja ausência é o único motivo de eu não pegar o Air, não faço questão nenhuma de uma uma ultra angular.
Muito bom o artigo. Valeuu !!
falta fazerem o mesmo com o software… ser livre de lançamentos anuais fixos.
Concordo.