
Projeto Púrpura
Os projetos secretos da Apple costumavam ter codinomes de cores, para que fosse mais difícil vazar informações. Púrpura foi a escolhida para o futuro celular, que ninguém sabia como seria.
De fato, a Apple era uma gigante nos computadores, mas nunca tinha feito nada na área de telefonia, que era totalmente dominada por titãs. Investir naquilo era, sobretudo, uma aposta arriscada.
Jobs reuniu os cabeças das equipes do iPod e do Mac OS X para pensar como seria um celular da Apple.
Começaram a relacionar o que eles odiavam nos celulares da época, analisando como eles eram complicados e difíceis de interagir, com funcionalidades que muitos nem conseguiam adivinhar.
Para Jobs, a maior motivação era eles criarem um celular que eles mesmos gostassem de usar.
A abordagem inicial foi imaginar o iPod com um telefone. Eles tentaram usar o trackwheel (o disco interativo dos antigos iPods), mas discar números com ele era penoso (tinha que selecionar um por um).
Ao mesmo tempo, naquela época tinha um outro projeto secreto sendo desenvolvido, chamado “tablet 035“.
Era o estudo de um tablet com tela sensível a diversos toques simultâneos dos dedos (multi-touch) que no futuro viraria o iPad. Jobs pensou que aquilo poderia funcionar também em uma tela menor de celular e pediu para uma segunda equipe pensar nisso.
Como havia ainda muita discussão sobre qual caminho seguir, durante 6 meses as duas equipes trabalharam paralelamente.
O projeto baseado no iPod tinha o codinome de P1, enquanto o baseado no tablet 035 era chamado de P2. A letra P obviamente fazia referência à cor Púrpura.
Tony Fadell, considerado um dos pais do iPod, tinha ficado responsável pelo P1. Ele achava loucura se arriscar em uma tecnologia desconhecida como o multitoque, pois seria preciso desenvolver toda a engenharia da coisa do zero.
Ele insistiu no trackwheel, mas depois de um tempo admitiu que foi incapaz de criar uma maneira simples de fazer ligações com ele.
O P1 também tinha muitos limites, como uma tela pequena, não navegava na internet, nem rodava aplicativos. Era somente um iPod com telefone.
Confira como era o chamado “Acorn OS“, uma versão prévia do sistema do P1 que levava em consideração a mesma navegabilidade do iPod:
Já o P2 se baseava em um produto que nunca tinha ido ao mercado e ninguém sabia se em escala industrial funcionaria direito. Seria preciso criar toda a engenharia e software para este novo aparelho.
Depois de discussões acaloradas e muito estudo, Jobs resolveu apostar no desafio mais empolgante: criar do zero um celular completamente multi-touch. O P2 seria desenvolvido.
Veja na próxima tela o que a equipe de engenheiros chamava de “Clube da Luta” para manter os segredos do novo produto.