Poucas coisas deixam um dono de iPhone tão preocupado quanto a saúde da bateria. É quase um ritual: a cada porcentagem que cai, surge a dúvida, “será que estou carregando certo”? E poucas práticas geram tanta polêmica quanto a carga rápida, especialmente agora que carregar de 0 a 50% em 30 minutos virou algo comum.
Só que um experimento independente, feito ao longo de seis meses e com dezenas de aparelhos, acaba de trazer respostas muito mais claras (e surpreendentes) sobre o que realmente prejudica a bateria do iPhone.
A conclusão? A carga rápida desgasta quase igual à carga lenta. E muito do que repetimos como “bom para a bateria” simplesmente não faz diferença.
O que todo mundo diz sobre baterias (e o que realmente importa)
Antes de entrar no experimento, vale reforçar um ponto essencial: toda bateria de iPhone vai degradar com o tempo. Isso é química, não é falha.
Mas existem três crenças muito populares:
- “carga rápida estraga a bateria”;
- “o ideal é manter sempre entre 20% e 80%”;
- “deixar o iPhone carregando a 100% danifica a bateria”.
Pois bem, o estudo testou todas essas ideias.
O experimento: 6 iPhones 12, software próprio e 500 ciclos de carga
O time do HTX Studio preparou:
- seis iPhone 12 idênticos
- três para carga rápida
- três para carga lenta
- um software próprio (“Discharge Loop”) para drenar e recarregar automaticamente
- relés controlados pelo app para automatizar o processo
Cada ciclo drenava a bateria até 5%, e depois carregava até 100%.
Esse processo foi repetido até completar 500 ciclos, equivalente a um ano e meio de uso real.
Quando todos os aparelhos atingiram os 500 ciclos, eles foram abertos novamente para medir a capacidade real, e aí veio a surpresa.
A grande revelação: carga rápida desgasta só 0,5% a mais
Os números foram estes:
- Carga lenta: –11,8% de capacidade
- Carga rápida: –12,3%
- Diferença: apenas 0,5 ponto percentual

Ou seja:
Na prática, é impossível perceber diferença entre usar carga rápida ou lenta no dia a dia.
A ideia de que carga rápida “cozinha a bateria” simplesmente não se confirma nos testes longos.
E os Androids? Em alguns casos, a carga rápida desgastou até menos
Eles repetiram o teste em Androids:
- Carga lenta: –8,8%
- Carga rápida: –8,5%
Sim: no Android testado, a carga rápida desgastou menos.
Isso reforça o mesmo ponto: baterias modernas são muito mais robustas do que os mitos sugerem.
O teste dos 30%–80%: funciona, mas não vale a pena para a maioria
O grupo “50%” testava a técnica famosa:
- descarregar de 80% para 30%
- carregar de volta até 80%
- repetindo isso 500 vezes
Resultados:
- iPhones: 4% menos desgaste que o grupo de carga rápida completa
- Androids: 2,5% menos desgaste
Sim, funciona, mas à custa de:
- autonomia limitada
- mais recargas ao longo do dia
- menos praticidade
É uma melhoria pequena demais para valer o esforço no uso real.
O mito de deixar o iPhone carregando a 100%
O time testou três iPhones deixados por uma semana, desligados e conectados ao carregador, em estados diferentes:
- um parado em 1%
- um parado em 50%
- um parado em 100%
Resultado após uma semana:
nenhuma perda mensurável de capacidade.
Isso confirma o que a Apple já indica: bateria só sofre com longos períodos armazenada cheia, não com você carregando normalmente até 100%.
Como a saúde da bateria afeta o uso real do iPhone
Para entender o impacto no dia a dia, eles testaram iPhones com diferentes níveis de saúde real:
- 94%
- 89%
- 85%
- 81%
- (e um iPhone X com 77%)
Depois colocaram todos para rodar o mesmo teste de uso contínuo.
Resultados antes da troca da bateria:
- quanto menor a saúde, menor a autonomia (o que é óbvio)
- abaixo de 85% a perda já se torna perceptível
- o iPhone X com 77% desligou antes das 4 horas
Após trocar as baterias:
- os iPhones 12 ganharam entre 5% e 16% de autonomia
- o iPhone X ganhou 24%
- nos Androids, o aumento médio foi de 90 minutos
Ou seja:
A vida útil perceptível melhora muito após trocar a bateria.
Conclusão: pare de sofrer com a carga rápida
Depois de seis meses e milhares de horas de teste, o resultado é claro:
- carga rápida não é vilã
- diferença real é mínima
- calor é muito mais prejudicial que velocidade de carga
- usar 30–80% ajuda, mas pouco
- deixar em 100% por curtos períodos não causa dano
- o maior ganho de autonomia acontece quando você troca a bateria, não quando muda seus hábitos de carga
No fim, o conselho mais honesto é o mesmo do vídeo:
Use seu iPhone da forma que for mais conveniente.
Não vale desperdiçar sua energia mental para economizar 0,5% de bateria em dois anos.

E entre carregar conectado e pelo MagSafe faz diferença? Afinal por indução ele costuma esquentar mais.
Acho que vai muito de sorte também e de lote de bateria. Comprei um iPhone 15 para mim e um para minha esposa em dezembro de 2023, ambos novos, somente cores diferentes. O meu deixei configurada a opção de carregar até 90% e o da esposa ficou até 100%. O meu teve muito mais ciclos de recarga (636 ciclos, pois uso muito mais no dia a dia) do que o dela (527 que usa menos e, consequentemente, carrega menos).
Hoje, depois de quase 2 anos, a saúde da bateria do meu está em 94% e o dela em 81%!
Ou seja, mesmo o meu com a configuração de carga até 90% e tendo muito mais ciclos que o dela, acho que essa diferença tão grande na saúde não foi só com o cuidado da configuração só até 90%, mas foi mais sorte minha, de uma bateria com lote melhor que o dela… a diferença da saúde é muito grande!!
Essa foi a conclusão que cheguei!!!