Memória RAM é o principal fator que impede que a Apple Intelligence rode na maioria dos iPhones
Ao anunciar a nova Apple Intelligence, a empresa comandada por Tim Cook deixou claro que seus novos recursos de inteligência artificial estarão disponíveis apenas nos modelos iPhone 15 Pro e Pro Max. Claro que os próximos lançamentos também entrarão nesta lista.
A decisão gerou debates sobre os motivos que levaram a empresa a restringir a funcionalidade a esses dispositivos específicos.
De acordo Mark Gurman, da Bloomberg, um ponto importante para que a IA da Apple rode de maneira aceitável é a quantidade de memória RAM dos aparelhos, e o 15 Pro é o único que atende a esse requisito básico.
Mudando a estratégia histórica
Tradicionalmente, a Apple lança novos recursos de software que são compatíveis com uma ampla gama de dispositivos existentes.
No entanto, com o lançamento do iPhone 14 em 2022, a Apple alterou sua estratégia de processadores, equipando os modelos Pro com o chip mais recente e mantendo o chip anterior nos modelos padrão.
Essa abordagem continuou com o iPhone 15 Pro, que recebeu o chip A17 Pro, enquanto os modelos padrão ficaram com o A16 e menos memória RAM, 6 GB contra 8 GB nos modelos Pro.
E os rumores agora indicam que os próximos modelos do iPhone 16 virão com um processador A18 para os modelos padrão e outro A18 Pro para os modelos Pro.
A RAM necessária para IA
Fontes internas da Apple revelaram que 8 GB de memória RAM são o mínimo necessário para executar a Apple Intelligence, o que explica a exclusão dos modelos com menor capacidade de memória.
E isso fica mais evidente se considerarmos que o Neural Engine dos iPhones 13, 14 e 15 são muito semelhantes ao chip M1 dos iPads e Macs, que irão suportar a Apple Intelligence. Então, o tamanho do Neural Engine não é a questão aqui para que os modelos anteriores não sejam compatíveis.
Com a linha iPhone 16, a ser lançada ainda em 2024, a Apple pretende aumentar a memória dos modelos padrão para garantir compatibilidade com a Apple Intelligence, destacando essa capacidade como um ponto de venda crucial.
Todos os modelos da nova linha terão suporte aos recursos de inteligência artificial, um diferencial significativo, visto que não há muitas outras inovações planejadas para os iPhones não-Pro este ano.
Em uma entrevista recente, o chefe de IA da Apple comentou que, teoricamente, seria possível rodar os modelos de IA em dispositivos mais antigos, mas o desempenho seria tão lento que os tornaria impraticáveis.
Assim, a principal barreira para a execução da Apple Intelligence em iPhones anteriores é a quantidade de memória RAM, um componente essencial para o desempenho eficiente dos novos recursos de inteligência artificial da empresa.
Mas e o iPhone 15?
Tudo parece lindo e maravilhoso, com os argumentos que se encaixam convenientemente com uma certa lógica, enfraquecendo as reclamações de quem está indignado de ter comprado recentemente um iPhone novo e perceber que ficará de fora da maior novidade da Apple em anos.
Porém, em mim ficou uma pergunta na cabeça, que nada do que foi dito conseguiu responder.
Considerando que a Apple está trabalhando internamente na ideia de sua IA própria desde 2022, que nesses dois anos já está preparando seus dispositivos e processadores voltados para IA, fica o questionamento:
Sabendo de todas essas limitações, por que a Apple já não colocou 8GB de memória no iPhone 15 normal?
Por que deixar de fora uma faixa dos usuários mais fiéis, que compraram o último modelo mais barato confiando que ele iria receber novas funcionalidade ainda por anos, como sempre aconteceu?
Para mim, esta pergunta é o que desmorona o argumento de que a Apple não fez isso para vender mais iPhones.
Afinal, o slogan debochado que a equipe de marketing escolheu para definir os novos recursos é justamente “A IA para o resto de nós“. E o irônico é que justo o resto de nós é quem ficará sem a sua IA…