Estaria a Apple se preparando para adotar de vez o modelo de assinatura em seus apps?
A Apple anunciou essa semana que o Final Cut Pro e o Logic Pro agora estão disponíveis para o iPad Pro e alguns outros modelos com chips M1 e A12. Com esta atualização, os usuários de iPad poderão desfrutar dos aplicativos de edição de vídeo e de áudio de nível profissional que antes estavam disponíveis apenas para usuários do Mac.
A atualização é um movimento importante por parte da Apple, pois coloca o iPad Pro em pé de igualdade com o Mac quando se trata de trabalhos de áudio e vídeo profissionais.
No entanto, a atualização também representa um movimento para a Apple em direção a um modelo de assinatura para seus aplicativos.
Assinatura como modelo de negócios
Pela primeira vez, a Apple está introduzindo um modelo de assinatura em um aplicativo seu.
As versões Mac dos dois apps voltados para o mercado profissional de multimídia não são baratos. Para poder instalar o Final Cut no seu computador, é preciso desembolsar R$1.499,00. Já o Logic Pro para computador sai por meros R$999,90.
Já as versões iPad do Final Cut e do Logic só estarão disponíveis por assinatura, ao preço de US$ 4,99 (R$ 27,90) por mês ou US$ 49 (R$ 299,90) por ano, após um mês de teste gratuito. Isso significa que os usuários não poderão mais comprar esses aplicativos em uma única compra.
E aí muitos se perguntam: será que isso virará um padrão para a Apple?
O foco da empresa em aumentar sua receita em serviços vem crescendo a cada trimestre fiscal. No entanto, a mudança para um modelo de assinatura também pode preocupar alguns usuários.
Nem todo mundo gosta de ter que pagar todos os meses para poder usar o serviço, ficando sem acesso quando decidir não pagar mais. Além disso, não há uma opção de comprar o aplicativo em uma única compra em vez de ter que pagar mensalmente.
Mas no papel, será que este modelo é tão ruim assim?
Custo durante os anos
Fiz aqui um cálculo rápido de padaria, para entender quanto tempo levaria para que um assinante da versão para iPad pagar o mesmo valor fixo que custa a versão para Mac.
A conclusão foi que, pagando R$27,90 por mês, levaria cerca de 4 anos e meio para que a soma chegue aos R$1.499. Caso opte pela assinatura anual, este período aumenta para 5 anos.
Quatro anos é bastante tempo para usar um aplicativo. E para profissionais de alto nível que trabalham intensamente com isso, o custo do app se paga facilmente antes disso.
Neste sentido, podemos inclusive imaginar outras vantagens deste modelo de assinaturas, pelo menos para os programas profissionais da Apple.
O pagamento temporário pode permitir que profissionais trabalhem com o app somente em momentos que realmente estejam realizando determinado trabalho. Quando não precisarem, economizam aquele mês.
E mesmo para quem usa o app sempre, em cinco anos muita coisa no mercado pode mudar e esse modelo mais “livre” permite o profissional mudar de ferramenta neste meio tempo, caso algum concorrente apresente uma ferramenta com recursos melhores.
No fim, o novo modelo não é assim tão ruim para certos perfis de usuário.
No geral, essa atualização é um passo importante para a Apple e pode levar a mais atualizações de aplicativos no futuro.
Mas pela importância que ela está dando aos seus serviços nos últimos anos, é bem provável que o modelo de assinaturas venha a se tornar um padrão em breve.