Novo relatório contradiz Tim Cook e aponta corrida por iPhones antes de aumento de preços
Cresce o número de usuários trocando de iPhone por receio de tarifas mais altas, enquanto Apple diz não ver sinais de “panic buying”
Um novo relatório divulgado pela Consumer Intelligence Research Partners (CIRP) revela que mais usuários do iPhone nos Estados Unidos trocaram seus aparelhos neste primeiro trimestre do que nos anos anteriores — e muitos deles estavam usando modelos bem antigos, como o iPhone 11 e iPhone 12.
O que chama atenção é que esse comportamento contraria o que o CEO da Apple, Tim Cook, afirmou na última conferência com investidores: segundo ele, a empresa não percebeu sinais de compras motivadas por medo de aumento de preços.
Mas os dados sugerem outra coisa.
iPhones antigos estão sendo substituídos
De acordo com a CIRP, 39% dos compradores de iPhone no primeiro trimestre de 2025 estavam trocando aparelhos com mais de três anos de uso. Esse percentual é bem maior do que os 30% registrados, em média, nos anos anteriores para o mesmo período.
Esse movimento pode estar ligado a um fator externo: a escalada nas tarifas de importação para produtos eletrônicos vindos da China.
O governo dos Estados Unidos vem aplicando uma tarifa padrão de 10% sobre itens chineses, com a possibilidade de um adicional de 145% sobre alguns produtos eletrônicos — algo que pode impactar diretamente o preço do iPhone.
Ainda que a pesquisa da CIRP não tenha perguntado diretamente aos consumidores se essa foi a motivação, o momento sugere uma correlação provável: muitos usuários estariam trocando de aparelho agora por medo de pagar mais caro nos próximos meses.
Crescimento nas vendas, mesmo com mercado desaquecido
Apesar do mercado de smartphones estar menos aquecido, a Apple conseguiu aumentar sua participação nas vendas realizadas pelas operadoras norte-americanas: subiu de 70% no primeiro trimestre de 2024 para 72% no mesmo período deste ano.
Parte disso foi impulsionado pelo iPhone 16e — uma versão mais acessível, com bom desempenho e beneficiada por promoções agressivas das operadoras.
As vendas cresceram especialmente em março e abril, justamente quando começaram a circular os rumores sobre as novas tarifas.
Ou seja, mesmo que o consumidor não tenha verbalizado esse medo, os números indicam que ele está agindo para evitar possíveis aumentos.
Usuário demora mais para trocar de iPhone
A própria Apple contribuiu para que os usuários ficassem mais tempo com seus aparelhos. Os iPhones vêm se tornando mais duráveis e recebem atualizações do iOS por vários anos.
Isso faz com que muitas pessoas só troquem de aparelho quando o modelo antigo realmente não dá mais conta do recado.
Segundo a Verizon, uma das maiores operadoras dos EUA, os clientes agora trocam de iPhone a cada 42 meses, em média — mais de três anos. Ou seja, convencer o consumidor a fazer um upgrade virou um desafio ainda maior.
Nesse cenário, o temor de tarifas pode ter funcionado como o “empurrão” necessário para muitos tomarem a decisão de atualizar o aparelho.
O risco de antecipar vendas futuras
Na conferência de resultados do último trimestre fiscal, Tim Cook minimizou o impacto das tarifas e disse que a Apple poderia compensar uma possível perda de US$ 900 milhões por meio de ajustes de preço e cadeia de suprimentos.
Mas o problema é outro: ao antecipar a decisão de compra de muitos usuários que estavam com aparelhos antigos, a Apple pode ter “puxado” para agora vendas que só aconteceriam nos próximos trimestres.
E, como essas pessoas costumam esperar vários anos antes de trocar novamente, isso pode causar uma desaceleração futura nas vendas.
Além de programas como o Apple GiveBack e o parcelamento via Apple Card, a empresa terá que encontrar maneiras mais consistentes de convencer os usuários de que vale a pena trocar de iPhone com mais frequência — algo que, neste momento, ainda não acontece de forma natural.
Eu mesmo acabei trocando por conta disso. Mas compensou, saí de um 13 Pro para um 16 Pro. Várias e várias melhorias. Trocar todo ano é só para quem pode… rs!