2010ARQUIVOHistória

Steve Jobs publica carta aberta explicando a relação entre Apple e Adobe

Ao decidir não adotar a tecnologia Flash na plataforma iPhone OS, a Apple comprou briga com a Adobe, antiga parceira no Mac.

Para tentar responder ao mimimi geral, Steve Jobs publicou hoje uma carta aberta explicando as razões que levaram a maçã a adotar esta política.

No texto, Jobs começa explicando do longo relacionamento que as duas empresas tiveram, e destaca que a Apple foi a primeira grande cliente da Adobe ao adotar a compatibilidade com a linguagem Postscript em suas impressoras. Inclusive, durante muitos anos, a maçã foi proprietária de 20% da criadora do Acrobat.

A carta é dividida em vários pontos:


Ser livre

Jobs explica que o Flash é 100% proprietário.

Mesmo que seja amplamente utilizado, ele depende diretamente de decisões da Adobe em matéria de preço, disponibilidade e atualizações o que, por definição, significa uma plataforma fechada.

Em contrapartida, a Apple preferiu seguir o caminho de tecnologias abertas, como o HTML5, CSS e JavaScript, que permitem a criação de animações e interatividade sem a necessidade de se instalar plug-ins externos (como o do Flash). Além disso, eles são totalmente abertos e controlada por um comitê de normas, no qual a Apple é um membro.

Também é citado outro projeto aberto criado pela Apple, o WebKit, que atualmente move o Safari e é adotado por várias empresas. É usado no Android, no Nokia, no WebOS (do Pre) e a RIM acaba de anunciar que também o adotará. Isso quer dizer que praticamente todos os navegadores móveis que existem (com exceção da Microsoft) usam o mesmo padrão.

Fazendo a sua tecnologia WebKit aberta, a Apple estabeleceu um padrão para os navegadores da web móvel.


A Web completa

A Adobe tem dito repetidamente que os dispositivos móveis da Apple não conseguem acessar a ‘web completa’ porque 75% dos vídeos na web estão em Flash. O que eles não dizem é que quase todos estes vídeos também estão disponíveis em um formato mais moderno, o H.264, e visíveis em iPhones, iPods e iPads.

Jobs também diz que o fato do iPhone não rodar jogos em Flash não é um problema, pois há mais de 50 mil jogos disponíveis na App Store, sendo a plataforma móvel com mais títulos no mundo.

Não há confiabilidade, segurança e desempenho

Jobs cita que a Symantec destacou recentemente o Flash como tendo um dos piores registros de segurança em 2009.

Além disso, a instabilidade do Flash para Mac causou uma horrível impressão na Apple, que ficou com medo que o mau desempenho dele influenciasse na opinião sobre os gadgets.

Sabemos que o Flash é a razão número um de ‘crashes’ em Macs. Temos trabalhado com a Adobe para resolver estes problemas, mas eles persistiram durante vários anos. Nós não queremos reduzir a confiabilidade e a segurança de nossos iPhones, iPods e iPads adicionando Flash.

A Adobe vem adiando constantemente o lançamento de uma versão do Flash para plataformas móveis.


A duração da bateria

Por usar uma decodificação ultrapassada (por software), os vídeos em Flash usam muito mais o processador que aqueles em H.264 (que faz decodificação nativa por hardware).

Consequentemente, a bateria se acaba muito mais rapidamente.

A diferença é gritante: em um iPhone, por exemplo, vídeos em H.264 tocam por até 10 horas, enquanto aqueles decodificados por software duram menos de cinco horas antes que a bateria seja totalmente descarregada.

Vídeos em H.264 tocam em navegadores modernos como o Safari e o Google Chrome sem precisar de nenhum plug-in externo.

O toque

O Flash foi desenvolvido para computadores que usam um mouse e não para telas sensíveis ao toque. Rollovers e menus pop-up simplesmente não funcionam, pois não há um cursor que passe em cima da imagem.

Por isso, os aplicativos/animações teriam que ser todos reescritos para poderem se adaptar à telas baseadas em toques.

Se os desenvolvedores precisam reescrever seus sites em Flash, por que não utilizar tecnologias modernas, como HTML5, CSS e JavaScript?


A razão mais importante

Deixar que programadores de Flash usem uma plataforma intermediária para desenvolver aplicativos para iPhoneOS seria criar um sub-padrão, que segundo Jobs impediria o crescimento da plataforma.

Os desenvolvedores que criam seus aplicativos dependendo de bibliotecas e ferramenta de terceiros só podem tirar o melhor proveito da plataforma se e quando o terceiro optar por adotar novos recursos.

Não podemos estar à mercê de um terceiro decidir SE e QUANDO irão disponibilizar novos melhoramentos do sistema para nossos colaboradores.

Jobs lembra também que muitas destas ferramentas multiplataformas só adotam as novas funcionalidades do sistema quando estas estão disponíveis para outras plataformas.

A Apple não pode ficar dependendo disso para que seus desenvolvedores evoluam e por isso apoia que eles desenvolvam diretamente na linguagem nativa, sem instrumentos externos.

Flash é uma ferramenta de desenvolvimento multiplataforma. Não é o objetivo da Adobe ajudar os desenvolvedores a escrever melhores aplicativos para iPhone, iPod e iPad. É seu objetivo ajudar os desenvolvedores a escrever aplicações multi-plataforma. E a Adobe tem sido dolorosamente lenta para adotar melhorias para as plataformas da Apple.

Como conclusão, Jobs diz que o fato de atualmente o Flash ser a maior fonte de renda da Adobe faz com que ela tente empurrá-lo para as plataformas móveis.

Mas esta tecnologia (feita para computadores com mouse) é antiga e facilmente substituída por outras mais modernas.

A Adobe (segundo Steve) deveria se preocupar mais em adaptar suas ferramentas para as novas tecnologias do que ficar presa ao passado, insistindo em algo que está fadado a morrer.

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